Prestes a completar 43 anos, Felipe Massa vive sua melhor fase nas pistas desde que deixou a Fórmula 1, no fim de 2017. O piloto brasileiro vem emplacando seguidos pódios, por diferentes campeonatos, principalmente na Stock Car. E já fala em buscar o título da principal categoria do automobilismo brasileiro.
Massa subiu ao pódio nas últimas seis etapas que disputou, sendo cinco pela Stock Car — as últimas três etapas de 2023 e as duas primeiras deste ano — e uma nas 24 Horas de Daytona, prova de endurance (resistência), realizada nos Estados Unidos. Embalado, entrou na briga pela liderança da Stock, que tem sequência no domingo, no Autódromo de Interlagos.
O grande momento no asfalto se deve à dedicação do piloto ao trabalho físico. “Sempre me cuidei muito, tanto com alimentação quanto com exercícios. Depois que deixei a F-1, continuei treinando. Hoje em dia faço treino físico três vezes por semana na minha casa. Faço musculação e cardio. Jogo tênis duas vezes por semana, sem falar em outras atividades, como jogar bola com o meu filho”, enumera Massa, em entrevista ao Estadão.
O piloto explica que seu trabalho físico hoje é diferente do que tinha na época da F-1. “Antes o treino físico, de cardio, era muito intenso antes de começar o campeonato. E, depois, o trabalho na musculação era mais voltado para a resistência porque não podíamos ganhar peso, algo que é muito importante na F-1. Eu treinava muito mais cardio do que musculação.”
Agora, na Stock Car, o preparo é mais voltado para o ganho de massa muscular. “Com quase 43 anos, começamos a perder músculos. Então, não dá para parar. Sempre tive esse prazer de treinar, de me sentir bem. Hoje eu sou mais forte, tenho três quilos a mais de massa muscular em comparação à minha época na F-1.”
Numa comparação entre os carros de F-1 e da Stock, Massa cita uma diferença importante e inesperada. “A maior dificuldade agora é a temperatura dentro do carro. É muito mais quente que um F-1, quase uma sauna. Deve dar uns 55 graus. Perdemos uns 3kg durante uma corrida de Stock só de líquido.”
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Ajustes mecânicos
Os bons resultados recentes na Stock contrastam com as dificuldades enfrentadas por Massa ao entrar no campeonato, em 2021. Em suas primeiras temporadas, ele sofreu com questões mecânicas e de concepção dos seus primeiros carros. “Um deles estava tão ruim que foi para o lixo”, lembra.
A adaptação aos carros de turismo se consolidou na reta final da temporada passada. E o bom momento segue neste ano. “Com certeza é a minha melhor fase desde que saí da Fórmula 1. De lá para cá, passei por tantas situações, em diferentes campeonatos, como a Fórmula E. Foi tudo um aprendizado. Valeu a pena ter corrido lá, mas era um carro completamente diferente do que estava acostumado e do que gosto”, disse Massa ao Estadão.
Depois de encerrar uma longa trajetória de 15 temporadas na F-1, o brasileiro disputou dois campeonatos com os carros elétricos da F-E. Ele sofreu com a falta de pressão aerodinâmica dos monopostos movidos à bateria e não obteve bons resultados. Decidiu, então, abrir caminho para novas opções, culminando com a Stock Car.
De volta ao Brasil
A decisão de focar sua atenção na Stock Car tem relação direta com o retorno da família ao Brasil. Massa voltou a morar, ainda de forma provisória em São Paulo, durante a pandemia. E acabou decidindo ficar de vez, após anos morando em Mônaco, local mais perto das principais etapas da F-1.
“Estamos super felizes aqui. Meu filho praticamente cresceu em Mônaco, tem 14 anos agora. Fiquei meio preocupado com a adaptação dele. Mas ele é apaixonado pelo Brasil, não sente falta nenhuma da Europa.”
Na capital paulista, Massa equilibra sua vida de piloto com as tarefas de empresário. Ele é dono, com sócios, de dois restaurantes, um deles inaugurado neste mês. “Estou muito feliz com essa fase de empresário no mundo da culinária. Eu não cuido da gestão direta, mas estou sempre acompanhando, por dentro do acontece no dia a dia, dando a minha opinião”, afirma.
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