A organização do GP do Brasil de Fórmula 1 identificou nesta quinta-feira um esquema de venda de ingressos falsos. Segundo os promotores da corrida, que será no próximo domingo, um grupo de 30 torcedores estrangeiros chegou a São Paulo para trocar um suposto voucher por entradas para o autódromo de Interlagos e descobriu que foram enganados por um site que utiliza o mesmo endereço na internet que a página oficial, com a diferença apenas do final ".com" para o domínio correto, o ".com.br".
O advogado da organização da prova, Sílvio Schutzer, contou que os argentinos, chilenos e espanhóis só foram informados que caíram em um golpe quando tentaram pegar o ingresso no ponto oficial de troca, em um hotel na zona sul da capital paulista, na quinta pela manhã. Mesmo antes de descobrirem a farsa, os torcedores tinham se dirigido a outro hotel, que foi indicado pelo site pirata.
"Acabei de conversar com o Procon e comunicamos também o Ministério Público. A vítima não é a organização, mas sim o público que adquire. Isso nos gera prejuízo. A gente não perde dinheiro, apenas deixa de receber", disse o advogado. Schutzer contou que a existência de um site com endereço parecido ao oficial é um problema de pelo menos dez anos de existência.
Segundo o advogado, em anos anteriores a página com final ".com" vendia ingressos por valores cerca de 50% maiores do que os oficiais. "O site era uma cópia idêntica, com mesma formatação e desenho parecido", explicou. Uma empresa hospedada no Brasil e chamada "ALK GP Brasil Ltda." era a dona do domínio e foi acionada na Justiça para que alterasse o site e parasse de vender os ingressos. O endereço na internet não é mais possível de ser acessado no Brasil desde 2014, quando os responsáveis por manter o conteúdo o retiraram do ar e, assim, evitaram uma multa.
"A partir do ano retrasado eles insistiram na venda para quem é de fora do Brasil e pararam de entregar os ingressos. Em 2014 tivemos entre 300 e 400 reclamações no nosso 'Fale Conosco" sobre pessoas que compraram, mas não receberam", afirmou o advogado, que disse não saber em qual país está hospedado o domínio atual. As reclamações de torcedores feitas em 2014 renderam três ações na Justiça, todas resolvidas com acordo.
No ano passado também houve o mesmo problema. O advogado afirmou que pelo menos 30 estrangeiros acabaram por comprar na bilheteria do autódromo de última hora o ingresso oficial, depois de terem notado que haviam sido enganados. A organização do GP do Brasil explicou que a venda é apenas pelo site ou nas bilheterias de Interlagos.
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