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Jogador é alvo de ataques homofóbicos em etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia

Anderson Melo foi ofendido por pessoas que assistam partida; CBV afirma que levará caso ao Ministério Público

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Atualização:

O atleta de vôlei de praia Anderson Melo relatou ter sofrido ataques homofóbicos durante uma partida da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife. A situação aconteceu na última quinta-feira, 14, mas o jogador expôs o caso nas redes sociais somente no sábado, 16.

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Natural do Rio de Janeiro, Anderson faz dupla com o goiano Lyan. Ambos disputaram a partida contra o amazonense Luizão Corrêa e o pernambucano Fabiano Melo, válida pelas oitavas de final do circuito. Os adversários venceram por dois sets a zero.

Em publicação feita em seu perfil no Instagram, o atleta justificou o motivo de ter falado sobre os ataques somente dois dias depois de terem ocorrido. “Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual”, escreveu.

Anderson Melo sofreu ataques homofóbicos durante partida de vôlei em Recife Foto: Reprodução/Instagram @andersonmelo92

Na postagem, além do desabafo, o atleta expôs uma sequência de vídeos que mostram as ofensas que ele recebeu durante a partida. Nas imagens, é possível escutar termos e frases homofóbicas como “é mulher ou não é?”, “saca na bicha”, “usa calcinha ou não usa?”, entre outros. A autoria dos ataques, no entanto, ainda não foi identificada.

Após a partida, Anderson prestou boletim de ocorrência e clamou por apoio das autoridades para que a situação não fique impune. “Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém”, disse. Até a manhã deste domingo, dia 17, a publicação tinha mais de 60 mil curtidas e mais de 7 mil comentários, a maior parte deles de apoio.

CBV denunciará caso ao Ministério Público

Em nota, a Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamentou os ataques homofóbicos sofridos por Anderson durante a partida. A entidade afirmou que apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. Segundo a Confederação, o caso será encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MP-PE).

Ainda em nota, a CBV disse que está prestando auxílio ao atleta. “A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos”, declarou.

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Leia a íntegra da nota

A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife.

A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos.

Desde sexta-feira, a mensagem abaixo é veiculada antes de cada partida da quadra central.

“Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!”

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A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos.

Atleta recebe apoio de companheiros

Durante as etapas finais do circuito de vôlei de praia em Recife, Anderson Melo recebeu apoio de seus companheiros de esporte. Antes do início das partidas, os atletas estenderam faixas com os dizeres “Homofobia é crime” e “Anderson Melo, essa luta é de todos!”, em solidariedade ao jogador pelo episódio.

Jogadores exibem faixa de apoio a Anderson Melo antes de jogo começar Foto: Maurício Val/FV Imagens/CBV
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