O bronze é pouco? Rivalidade entre Brasil e Turquia dá mais peso à disputa do 3º lugar no vôlei

Turcas estão distantes da história vitoriosa da seleção brasileira, mas se tornaram protagonistas nos últimos anos

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Foto do author Bruno Accorsi
Foto do author Ricardo Magatti

“Não foi pra isso que eu vim”, disse a central Thaísa, ainda no calor da dolorosa eliminação para os Estados Unidos na semifinal do vôlei, sobre ter de disputar o bronze nas Olimpíadas. A sensação que ficou depois da traumática derrota no tie-break, em meio à alta expectativa gerada pela campanha sem sets perdidos até as quartas, foi de que brigar pelo terceiro lugar seria muito pouco. Ter, contudo, a Turquia como adversária nessa luta por pódio traz peso ao embate.

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Nos últimos anos, construiu-se grande rivalidade entre turcas e brasileiras, movimento que abrange a quadra, as arquibancadas e também as redes sociais. Tal sentimento, aliado à necessidade de não voltar de Paris sem medalha, serve de combustível para um grupo que precisa se reerguer.

“Vamos jogar com muita, muita, muita raiva, e muita vontade. O Brasil merece essa medalha de bronze. É colocar a cabeça no lugar e se unir porque a gente não merece de forma alguma voltar pra casa sem medalha”, afirmou a ponteira Gabi Guimarães, que jogou no time turco Vakifbank por cinco temporadas.

Brasil vai disputar o bronze do vôlei em Paris contra a Turquia. Foto: Dolores Ochoa/AP

A relação de antagonismo com a seleção turca é bem clara no mundo do vôlei. Comentarista da SporTV durante as Olimpíadas, a jogadora de vôlei Natália Zilio, medalhista de ouro em Londres-2012 e prata em Tóquio-2020, deu amostras deste cenário ao comentar sobre o confronto.

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“Posso falar? Eu acho é pouco”, disse referindo-se a derrota devastadora por 3 sets a 0 sofrida pela Turquia frente à Itália na semifinal. “Já me sobe o sangue. Dá vontade de comprar uma passagem e ir para Paris”, acrescentou, ao comentar o embate com as rivais na disputa do bronze.

Em entrevista recente ao Conversa com Bial, Rosamaria também disse enxergar esse clima mais tenso nos embates com as turcas. “A Turquia e vem muito bem. Contra a Rússia tem uma rivalidade, com os Estados Unidos, mas hoje em dia, sim, Brasil e Turquia neste último ano ficou mais ou menos essa rivalidade”.

A rivalidade entre as duas seleções foi construída ao longo do último ciclo olímpico. Embora o Brasil seja muito mais vitorioso na história do vôlei, a Turquia tem investido forte no esporte e conseguiu destaque mundial com sua seleção, em paralelo ao fortalecimento de sua liga nacional, onde jogam grandes estrelas. De 2011 até aqui, sete edições da Liga dos Campeões da Europa de vôlei feminino foram vencidas por clubes turcos.

Seleção turca cultivou rivalidade com o Brasil nos últimos anos. Foto: Natalia Kolesnikova/AFP

Quanto à seleção turca, a consagração como potência da atualidade veio com a conquista da Liga das Nações de 2023. Na campanha do título, a Turquia venceu o Brasil por 3 sets a 0, durante a última semana da primeira fase, em partida que ficou marcada por uma frase do treinador Daniele Santarelli sobre as brasileiras. “Elas não têm qualidade”, disse o italiano ao orientar as turcas em quadra durante a partida. Desculpou-se posteriormente, mas o momento não foi esquecido.

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A tensão não fica apenas no banco. Dentro de quadra, a postura da oposta turca Ebra Karakurt já incomodou muito as brasileiras. Ela é conhecida por fazer provocações e exagerar na hora da comemoração dos pontos. Gritos olhando para as adversárias através da rede são cenas corriqueiras protagonizadas por Karakurt.

A jogadora da Turquia, que atua no Lokomotiv Kaliningrado, já até fez provocações diretas ao Brasil em suas redes sociais. Depois de vencer o Dynamo Moscow, de Natália Ziliio, em partida da Superliga russa em abril, rebateu comentários da brasileira acerca de sua postura em quadra com ironia. “Boa noite, Brasil”, escreveu, ao compartilhar uma publicação que noticiava a vitória por 3 sets a 1 de seu time.

No último encontro entre brasileiras e turcas em jogos de seleção, no jogo final da primeira fase da Liga das Nações, a equipe do técnico José Roberto Guimarães bateu as rivais por 3 sets a 0. No reencontro, o treinador espera conseguir mostrar para as jogadores que vale a pena brigar pelo bronze.

“Acho frustrante sair daqui sem medalha. Triste é sair daqui sem medalha, sem nada. Aí eu vou ficar muito, muito chateado. Eu tenho força pra lutar. Importa é que nos restou a oportunidade de ainda lutar”, disse. “Essa é uma preocupação. Eu nunca gostei de time brasileiro disputando essa posição. É o que a gente tem que tentar reverter, passou, não vai voltar mais. Agora, o que é importante pra gente? É mostrar pra todo mundo que o voleibol brasileiro está entre os melhores do mundo.”

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