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Olimpíadas 2024: Zé Roberto chora com Thaísa e deixa futuro nas mãos de sua mulher: ‘Ela que manda’

Cansado, treinador tricampeão olímpico não sabe se vai continuar na seleção brasileira e prefere festejar o bronze agora para pensar no seu destino depois

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Foto do author Ricardo Magatti
Foto do author Bruno Accorsi
Atualização:

PARIS - Exausto depois de encerrada a participação em sua nona edição de uma Olimpíada e cansado de responder sobre seu futuro, José Roberto Guimarães prefere, no momento, festejar o bronze que ele e a seleção brasileira feminina de vôlei ganharam em Paris do que contar se permanecerá ou não no comando da equipe. Seu destino será definido por sua mulher, Alcione, com quem é casado há mais de 40 anos.

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“Quem manda em mim é a Alcione”, disse o técnico. Sua resposta foi séria, mas em tom de brincadeira. Certo é que ele se reunirá com com o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Radamés Lattari, e com o diretor técnico Jorge Bichara no fim deste mês para tratar do assunto. No encontro, será feito um apanhado sobre o ciclo olímpico que terminou com o bronze na capital francesa.

“O sentimento é de comemoração, de medalha de bronze. Eu sempre entreguei minhas coisas na mão de Deus. Eu amo o que faço, mas não posso responder agora. Vou dar tempo a tempo”, pontuou. Não está em seus planos se tornar coordenador. O técnico é “professor de alma”, como diz. Inquieto, é incapaz de assistir aos treinos sem corrigir os fundamentos e orientar as atletas.

Seu desejo a curto prazo é apenas comemorar a medalha de bronze, que as jogadoras vão receber no domingo, último dia das Olimpíadas de Paris. Depois, a saúde será prioridade. “Estou com dor em tudo”, brinca. Ele relata ter problemas no joelho, nas costas e diz que terá de passar por cirurgia nos tendões do ombro.

Zé Roberto não decidiu se fica ou sai do comando da seleção brasileira feminina de vôlei Foto: Natalia Kolesnikova/AFP

Dono de cinco medalhas olímpicas, Zé Roberto tem todas as três cores em sua galeria. Tricampeão, ele também ostentava uma prata e agora pôde comemorar o bronze que o Brasil conquistou ao derrotar a Turquia neste sábado, na Arena Paris Sul 1. Treinadores não recebem medalhas olímpicas, mas a conquista fica no histórico do paulista de 70 anos, um ícone do vôlei nacional.

Zé Roberto foi campeão pela primeira vez com a seleção masculina, em Barcelona-1992, Olimpíada a partir da qual o Brasil se firmou como potência do voleibol para nunca mais terminar uma edição de Jogos fora do pódio. “A gente gostaria de ter ganhado o ouro ou disputado uma final, mas chegamos muito perto. Ficaria muito triste se voltássemos para o Brasil sem medalha. Isso é história”, afirmou o técnico.

Depois do primeiro título olímpico, Zé ajudou a seleção feminina a ficar com o ouro em Pequim-2008 e Londres-2012, além da prata em Tóquio-2020. O currículo com títulos e um vice-campeonato não o impediu de valorizar muito o bronze deste sábado e o trabalho das jogadoras.

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Choro, despedida e agradecimento

O técnico diz que o bronze não teria vindo sem Thaísa, que se despediu neste sábado da seleção. Em uma entrevista emotiva, a central de 37 anos e o treinador choraram, se recompuseram e relembraram o quanto um foi e ainda é importante para o outro. A jogadora lembrou que o técnico foi o único a lhe ajudar quando sofreu grave lesão no menisco e correu o risco de se aposentar aos 29 anos.

José Roberto Guimarães participou de uma conquista de medalha olímpica pela quinta vez. Foto: Natalia Kolesnikova/AFP

“Foi o momento mais difícil da minha vida e ele estava dando a mão pra mim”, recorda Thaísa. “Provavelmente minha carreira teria acabado ali. Ele me pegou pela mão e falou: ‘estou contigo, sua carreira não vai acabar”. Ele me trouxe de volta à vida, depois me trouxe de volta à seleção e agora conseguimos uma medalha juntos. Vou relembrar disso para o resto da minha vida”.

“Sem ela, a gente não teria conquistado essa medalha. Ela foi extremamente importante em todos momentos. Ela representa muito para o vôlei mundial, não só brasileiro”, constata o treinador, que chamou a atleta para voltar à seleção neste ciclo depois de ela ter ficado de fora de Tóquio-2021. “Quando ela aceitou, eu pensei: ‘estamos no caminho, temos chance’. E quando vimos ela treinando, orientando as mais jovens, a gente só ganhou com ela. É uma das melhores centrais do mundo. Temos que reverenciar essa mulher todos os dias”.

Medalhas de Zé Roberto Guimarães

  • Ouro em Barcelona-1992 (seleção masculina);
  • Ouro em Pequim-2008 (seleção feminina);
  • Ouro em Londres-2012 (seleção feminina);
  • Prata em Tóquio-2020 (seleção feminina);
  • Bronze em Paris-2024 (seleção feminina).
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