O Brasil amargou duras derrotas em finais do Mundial de Vôlei Feminino para a Rússia, em 2006 e 2010 - além de fracasso diante de Cuba em 1994. Caiu, ainda, na semifinal em 2014 e fechou aquela participação com a medalha de bronze. Depois de bater na trave três vezes, a renovada seleção brasileira comandada por José Roberto Guimarães chega bastante empolgada à decisão após 12 anos para buscar a inédita conquista que falta no vencedor currículo verde e amarelo. A missão será acabar com o embalo da atual campeã e invicta Sérvia, às 15 horas (com transmissão de Globo e SporTV 2), em Apeldoorn, na Holanda.
Com belas apresentações, resultados gigantes e atletas se destacando individualmente para fazer o coletivo se sobressair, o Brasil já acabou com as invencibilidades de China e Itália na atual edição e tem seu último ato para a consagração.
Será uma reedição da semifinal da Liga das Nações, na qual o Brasil levou a melhor por 3 sets a 1 em Ancara, na Turquia, há três meses, de virada. Na oportunidade, a seleção foi comandada pelas novatas Kisy e Julia Bergmann, que anotaram 19 e 16 pontos respectivamente.
Na Holanda, a aposta de Zé Roberto é no grande volume ofensivo da capitã Gabi, no paredão de Carol no bloqueio e na força do conjunto, que vem prevalecendo. Tainara é uma grata surpresa no ataque e a líbero Natinha cresceu muito na defesa. Parar Boskovic será vital para o Brasil ganhar a tão sonhada medalha dourada.
“Esse grupo tem sido incrível, mostramos muito resiliência e uma entrega enorme na nossa caminhada para essa final”, enfatiza a capitã Gabi. “O conjunto fez a diferença para a equipe e temos de levar isso para a decisão. Temos que destacar o trabalho da comissão técnica fora de quadra por terem nos dado lucidez em vários momentos de dificuldade.”
O pensamento é semelhante ao de Carol, maior bloqueadora do Mundial com 57 pontos no fundamento. “Queremos levar o título para o Brasil. Não foi fácil chegar nessa final, tivemos um crescimento grande como grupo e agora é pensar na Sérvia”, acrescenta a meio de rede, após brilhar na semifinal com a Itália.
No último trabalho antes da decisão, Zé Roberto atuou como levantador, mostrando bem o que espera de Macris e Roberta na construção das jogadas ofensivas do Brasil. As responsáveis por criar os lances observaram bem as dicas do treinador.
No jogo da Liga das Nações contra as sérvias, o Brasil sofreu muito no primeiro set, com seu ataque sendo bloqueado sete vezes. Zé Roberto tenta achar recursos para não repetir aqueles erros. Gabi pode ser seu diferencial pelo bom momento vivido.
“Vivo uma temporada muito especial. Ser capitã da seleção me ajudou a me desenvolver como pessoa e posso dizer que é muito fácil ser capitã de um grupo que gosta de trabalhar e se dedica todos os dias”, afirma, revelando qual esquema o Brasil deve usar.
“O mais importante é colocar o nosso coração em quadra e não desistir em nenhum momento. Vamos precisar de lucidez na partida, que será muito difícil. A Sérvia tem sido consistente em toda a competição. A Boskovic é uma das melhores atletas do Mundial e tem feito a diferença em momentos decisivos. Temos que acreditar no nosso potencial e ir para cima delas com tudo.”
Neste Mundial, o Brasil jogou muito contra os rivais mais fortes, mostrando maturidade e cabeça fria nas horas de dificuldades para buscar as vitórias. A virada diante do Japão, após perder os dois primeiros sets foi um marco. Mas as apresentações contra a China e as duas vitórias sobre a poderosa Itália de Egonu mostram que o time está pronto para a decisão.
“A Sérvia não perdeu nenhum jogo até o momento e evoluiu muito com a volta da Boskovic. As centrais e as ponteiras têm jogado bem e vai ser um jogo equilibrado com envolvimento da parte psicológica para jogar uma final”, prevê Zé Roberto. “Vamos precisar agredir no saque e ter o mesmo foco que tivemos contra a Itália. A combinação do bloqueio com a defesa vai ser fundamental para tocar nas bolas da Boskovic.”
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