Walewska deu última entrevista um dia antes de sua morte: ‘Atleta não pensa no pós-carreira’, disse

Ao podcast ‘Ataque Defesa’, campeã olímpica de vôlei falou da vida fora das quadras e de seus projetos

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Foto do author Paulo Chacon
Atualização:

Um dia antes de sua morte, Walewska Oliveira, atleta de vôlei e campeã olímpica com a seleção brasileira em Pequim-2008, traçava planos para sua carreira fora das quadras e para o seu futuro. Em entrevista ao podcast “Ataque Defesa”, do jornalista Alê Oliveira, ela destacou os feitos e conquistas ao longo de seus 43 anos (completaria 44 dia 1º de outubro). O apresentador afirmou que foi a “entrevista mais elegante que ele já fez” e diz ter sido “escolhido para ter este momento.”

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”Ela era carinhosamente chamada de Wal por amigos e companheiros. Mulher incrivelmente fora da curva. A entrevista mais elegante que já fiz”, escreveu Alê Oliveira em suas redes sociais. “Tem muita história dessa campeã olímpica! A entrevista mais chique que já fiz!”

A conversa para o programa foi, segundo o apresentador, gravada nesta quarta-feira, dia 20. Veja abaixo o vídeo na íntegra. “A gente vai deixar o podcast no ar, porque vai virar um registro histórico da última entrevista da Walewska, porque pode ser uma forma de respeito e homenagem a ela”, afirmou Alê Oliveira, em vídeo publicado em seu Instagram. “Ela estava extremamente feliz porque tinha conhecido Abel Ferreira, estava com planos de lançar uma marca de chocolate pré-treino, comandando um podcast sobre mentalidade olímpica...”

“Hoje, depois do turbilhão de tudo e tentando rever os momentos e as conversas com ela no podcast, acho que fui escolhido para ter esse momento. Para ser a pessoa deste momento”, afirma o jornalista ao Estadão. “Não consigo colocar em palavras a razão disso, mas pode ser por conhecê-la já há muitos anos, ter feito a cobertura de quase todo o período dela na seleção brasileira e ser amigo próximo. Pode ser por isso, por ela se sentir mais à vontade. Não sei. Mas é isso que eu penso tentando reviver tudo que passou”, disse o jornalista.

Alê Oliveira lembrou ainda o momento do convite que fez para Walewska para a entrevista, fim de falar do seu livro e da sua vida após deixar as quadras. Ela ficou animada e aceitou na hora. “A chamei para o podcast na semana passada e ela demonstrou extremamente honrada. Muito feliz e completamente honrada. Na terça, ela me chamou para perguntar como seria a entrevista. Ela se mostrou muito completa, plena e feliz. É uma mulher de 1,90m que chegou e todo mundo sabe que chegou. Cumprimentou a todos, falou de tudo”, afirmou ele. “Deixou claro que não queria ter filhos porque não conseguiria se dedicar a uma pessoa da forma que achava correta. Optou em conhecer novas culturas, novos lugares e de ver o que isso poderia somar na sua vida. Estou perplexo com sua morte.”

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O que disse Walewska

Segundo Alê Oliveira, a atleta se mostrava feliz e satisfeita com sua carreira. Além disso, planejava seu futuro na profissão de influenciadora digital. “O atleta não fala de dinheiro, não fala de pós-carreira, não fala de planejamento. Não se prepara estudando, aprendendo outras coisas para que, quando cair no mundo fora da redoma, esteja bem preparada. Não vou falar que será fácil, mas vai ser um pouco mais se tiver o pensamento de que aquilo vai terminar um dia”, afirmou a atleta em entrevista ao podcast.

Walewska completaria 44 anos no dia 1º. Na entrevista, ela projetou mais 40 anos de vida. “Vou fazer 44 ano no dia 1º (de outubro), então tenho, pelo menos, mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem de pensar quando ainda está dentro da quadra.”

A carreira de Walewska

Natural de Belo Horizonte, Walewska começou sua carreira profissional no vôlei em 1995, atuando pelo Minas Tênis Clube, equipe na qual ficou até 1998, quando foi convocada pelo técnico Bernardinho pela primeira vez para a seleção brasileira. Ela tinha apenas 19 anos.

A jogadora conquistou a medalha de ouro com a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999. No ano seguinte, a central ajudou o Brasil a ficar com o bronze na Olimpíada de Sydney. Depois de um período longe da seleção, ela voltou a ser convocada pelo técnico José Roberto Guimarães e fez parte do time que ficou com o quarto lugar nos Jogos de Atenas, em 2004. Ela trabalhou com os dois grandes treinadores do vôlei brasileiro: Zé Roberto e Bernardinho. Ambos lamentaram a morte da atleta nesta sexta-feira.

Ela tinha 61 mil seguidores no Instagram, onde se identificada da seguinte maneira: atleta, campeã olímpica de vôlei, especialista em liderança e alta performance, dona da biografia “Outras Redes” e do documentário O Último Ato e️ do podcast OlympicMind. Tinha uma vida ativa. Dias antes de morrer, ela postou fotos com o técnico do Palmeiras, Abel Ferreira, quando o conheceu no Palmeiras e trocaram seus respectivos livros. Seu corpo será levado para Belo Horizonte. A polícia de São Paulo investiga a causa da morte.

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