
A esperada estreia de Gabriel Bortoleto na F-1 teve um fim intrigante: o brasileiro declarou que bateu por causa de um erro seu, mas quem as imagens do seu acidente mostram a suspensão traseira direita quebrada antes mesmo de ele ter saído da pista. A opção de assumir como seu próprio erro remete à uma postura de preservar a equipe Sauber em um momento importante de reconstrução, atitude que pode ser vista como madura e estratégica. O GP da Austrália abriu a temporada 2025 da F-1 sob forte variação meteorológica e com vitória do inglês Lando Norris (McLaren). A temporada prossegue domingo (23) com a disputa do GP da China em Shangai.

Em um ambiente tão tecnológico e competitivo quanto a F-1 a estratégia tem valor alto. São raros os pilotos que reclamam abertamente de problemas em seus carros, é mais comum investirem na discrição para preservar o ambiente da equipe e ganhar pontos no quesito eu-visto-a-camisa. É o que o colunista acredita ter sido a opção de Bortoleto e há indícios que apontam nessa direção. No início da corrida ele comentou com a equipe, via rádio, que tinha problemas com os freios do seu carro, algo que demandou alterar parâmetros de balanceamento desse equipamento. Mais: seu acidente aconteceu algumas voltas após um pit stop e quando a pista ainda estava molhada.

A dinâmica do seu acidente inicia com uma roda passando pela zebra - as bordas mais altas de concreto que delimitam a pista -, o que provocou o desequilíbrio do seu Sauber e uma consequente rodada. Quando o monoposto estava alinhado no sentido contrário ao do percurso da corrida e com as quatro rodas ainda sobre o asfalto era possível identificar que a suspensão traseira direita - a que passou sobre a zebra - estava quebrada e a roda mal tocava o asfalto com o ombro interior do pneu. Só depois disso que o carro do brasileiro saiu da pista e bateu contra o muro de proteção.
É muito mais crível acreditar que a causa maior desse acidente foi a fadiga da suspensão traseira ou de algum componente nesse canto do carro, eventualmente o próprio sistema de freio. Os discos de carbono usados na F-1 funcionam em uma estreita faixa de temperatura: quando na zona considerada fria ele podem travar, quando superaquecidos, quebram e até mesmo explodem. Como não se notou sinais de peças voando é aceitável supor que o freio pode ter travado e provocado à quebra da suspensão.

Outra componente dessa equação remete à maneira como Gabriel foi autorizado por sua equipe a retornar à pista após seu último pit stop. Por causa do piso molhado os novos pneus demoraram mais tempo que o normal para obter tração e isso implicou em voltar ao pit lane quando outro carro se aproximava, detalhe que implicou em punição. Situações como essa podem contribuir para uma troca de informações entre a equipe, instalada nos boxes, e o piloto, que deve analisar, entender, responder e tomar uma atitude enquanto segue acelerando, freando e virando seu carro para a esquerda e para a direita.
O fato de outros seis pilotos, incluindo os experientes Fernando Alonso (duas vezes campeão mundial) e Carlos Sainz também terem abandonado a corrida após rodarem na pista molhada serve para atenuar o resultado inesperado de Bortoleto em Melbourne.
O resultado completo do GP da Austrália de F-1 você encontra aqui.
Câmara vence e lidera na F-3

O pernambucano Rafael Câmara venceu a corrida principal válida pelo Campeonato FIA de F-3 na Austrália e lidera a classificação do certame, que após Melbourne terá sua próxima etapa em Sakhir (Emiratos Árabes Unidos) nos dias 12 e 13 de abril.Câmara soma 28 pontos contra 19 do dinamarquês Noah Strømsted e 18 do mexicano Noel León.