
Uma olhadela na história das equipes Red Bull e Toro Rosso-e-sucessoras indica que nem sempre as duas usaram os mesmos motores, fosse por condições estratégicas, financeiras ou técnicas. Em 2006, quando a Red Bull adquiriu a Minardi e a rebatizou de Toro Rosso, a primeira utilizou motor Ferrari e a segunda Cosworth. Em 2007 a RBR associou-se à marca Renault e passou o equipamento italiano ao time recém incorporado, combinação que durou até 2013: em 2014 e 2015as duas adotaram o motor francês. Nas três temporadas seguintes a Toro Rosso usou Ferrari (16), Renault (17) e Honda (18). No ano seguinte foi iniciada uma parceria total com a marca japonesa, acordo atualmente em vigor.

Tamanha variação deixa claro que o pragmatismo é algo levado muito a sério pela operação F-1 da Red Bull: a troca de motores e pilotos sem maior cerimônia é prova clara disso. Essa característica pode estar em vias de ser comprovada mais uma vez nas próximas no futuro próximo a depender de acordos envolvendo RBR Power Technologies (braço da Red Bull que projeta e fabrica motores de F-1), Ford e Honda.

Há tempos circulam rumores de que odesenvolvimento do projeto do motor Red Bull/Ford estaria aquém dos parâmetros de desempenho definidos em seu escopo, situação que também afeta a Audi. Muito provavelmente o contrato com a Ford, tudo indica, implica em que a equipe use esse motor em 2026, exigência que somente um motivo de força maior (leia-se rendimento não competitivo) poderia alterar.Uma solução seria equipar os carros da Racing Bulls (atual nome da Toro Rosso) com esse equipamento como forma de honrar esse compromisso e liberar a Red Bull para usar outra marca.

Caso isso se concretize será necessário encontrar um fornecedor disposto a ocupar essa vaga entre outros fabricantes que estarão na F-1 em 2026: Ferrari, Mercedes e... Honda; ao final deste ano a Renault deixa essa seara e passa a adotar o equipamento alemão em seus carros, tal qual McLaren e Wiliams. No que diz respeito à Ferrari, os italianos estão comprometidos com a equipe de fábrica, Haas e a Cadillac, enquanto a Honda, até o momento, está associada unicamente com a Aston Martin. Resta saber se Lawrence Stroll permitiria estaria de acordo com os japoneses se associarem à uma outra equipe.

Outro ponto que reforça possíveis negociações com a Honda fica evidente é o oportunismo em promover Yuki Tsunoda à Red Bull após duas atuações sofríveis de Liam Lawson. A política da equipe e a personalidade de Helmut Marko são comparáveis a um moedor de carne no que diz respeito à maneira como tratam seus pilotos, mas jamais uma mudança desse tipo aconteceu antes do meio da temporada.
No passado recente a Honda já salvou a Red Bull em uma situação que envolvia o fornecimento de motores. Os japoneses tinham decidido deixar a F-1 ao final da temporada de 2021 e terminar a parceria com a equipe austríaca-inglesa. A falta de um motor competitivo, no entanto, motivou uma reviravolta nessa decisão e a solução encontrada foi associar a Honda Racing Corporation ao programa de Fórmula 1 e com isso estender a parceria até o final de 2025.
Outra atitude que reforça a teoria deste colunista quando a Red Bull vive uma crise profunda com relação a pilotos e motores é a pintura exclusiva para o GP do Japão, que será disputado neste fim de semana em Suzuka. No autódromo que é de propriedade da Honda: os carros da equipe serão apresentados com a carenagem branca e com seus numerais de identificação dentro de um círculo vermelho, grafismo que remete à bandeira japonesa usada em tempos de paz....
WG