Conversa de pista

Opinião | F-1: o que está por trás da ida de Tsunoda para a Red Bull?

A recente promoção de Yuki Tsunoda como (mais um) novo companheiro de equipe de Max Verstappen sugere que há algo mais importante por trás dessa decisão. A extensão do acordo com a Honda pode ser o motivo.

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Por Wagner Gonzalez
O grafismo comemorativo da Red Bull para o GP do Ja[ão de 2025 (Red Bull)  

Uma olhadela na história das equipes Red Bull e Toro Rosso-e-sucessoras indica que nem sempre as duas usaram os mesmos motores, fosse por condições estratégicas, financeiras ou técnicas. Em 2006, quando a Red Bull adquiriu a Minardi e a rebatizou de Toro Rosso, a primeira utilizou motor Ferrari e a segunda Cosworth. Em 2007 a RBR associou-se à marca Renault e passou o equipamento italiano ao time recém incorporado, combinação que durou até 2013: em 2014 e 2015as duas adotaram o motor francês. Nas três temporadas seguintes a Toro Rosso usou Ferrari (16), Renault (17) e Honda (18). No ano seguinte foi iniciada uma parceria total com a marca japonesa, acordo atualmente em vigor.

O Red Bull de Max Verstappen em 2025 e o Honda de Richie Ginther em 1965 (foto Red Bull)  

Tamanha variação deixa claro que o pragmatismo é algo levado muito a sério pela operação F-1 da Red Bull: a troca de motores e pilotos sem maior cerimônia é prova clara disso. Essa característica pode estar em vias de ser comprovada mais uma vez nas próximas no futuro próximo a depender de acordos envolvendo RBR Power Technologies (braço da Red Bull que projeta e fabrica motores de F-1), Ford e Honda.

No GP do Japão  os carros da Red Bull emulam grafismo usado pela Honda na década de 1960 (foto Red Bull  

Há tempos circulam rumores de que odesenvolvimento do projeto do motor Red Bull/Ford estaria aquém dos parâmetros de desempenho definidos em seu escopo, situação que também afeta a Audi. Muito provavelmente o contrato com a Ford, tudo indica, implica em que a equipe use esse motor em 2026, exigência que somente um motivo de força maior (leia-se rendimento não competitivo) poderia alterar.Uma solução seria equipar os carros da Racing Bulls (atual nome da Toro Rosso) com esse equipamento como forma de honrar esse compromisso e liberar a Red Bull para usar outra marca.

Ukyo Tsunoda é peça chave nas negociações entre a Red Bulll e a Honda (foto Red Bull)  

Caso isso se concretize será necessário encontrar um fornecedor disposto a ocupar essa vaga entre outros fabricantes que estarão na F-1 em 2026: Ferrari, Mercedes e... Honda; ao final deste ano a Renault deixa essa seara e passa a adotar o equipamento alemão em seus carros, tal qual McLaren e Wiliams. No que diz respeito à Ferrari, os italianos estão comprometidos com a equipe de fábrica, Haas e a Cadillac, enquanto a Honda, até o momento, está associada unicamente com a Aston Martin. Resta saber se Lawrence Stroll permitiria estaria de acordo com os japoneses se associarem à uma outra equipe.

Este ano a Honda celebra de suprimira vitória na F-1, México, 1955 (foto Red Bull)  

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Outro ponto que reforça possíveis negociações com a Honda fica evidente é o oportunismo em promover Yuki Tsunoda à Red Bull após duas atuações sofríveis de Liam Lawson. A política da equipe e a personalidade de Helmut Marko são comparáveis a um moedor de carne no que diz respeito à maneira como tratam seus pilotos, mas jamais uma mudança desse tipo aconteceu antes do meio da temporada.

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No passado recente a Honda já salvou a Red Bull em uma situação que envolvia o fornecimento de motores. Os japoneses tinham decidido deixar a F-1 ao final da temporada de 2021 e terminar a parceria com a equipe austríaca-inglesa. A falta de um motor competitivo, no entanto, motivou uma reviravolta nessa decisão e a solução encontrada foi associar a Honda Racing Corporation ao programa de Fórmula 1 e com isso estender a parceria até o final de 2025.

Outra atitude que reforça a teoria deste colunista quando a Red Bull vive uma crise profunda com relação a pilotos e motores é a pintura exclusiva para o GP do Japão, que será disputado neste fim de semana em Suzuka. No autódromo que é de propriedade da Honda: os carros da equipe serão apresentados com a carenagem branca e com seus numerais de identificação dentro de um círculo vermelho, grafismo que remete à bandeira japonesa usada em tempos de paz....

WG

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