
Apenas duas corridas do Campeonato Mundial de F-1 de 2025 foram disputadas e já se fala na fritura de um piloto, assunto que remete à academia da equipe Red Bull, uma das mais agressivas e abrangentes nas categorias de base. Nem por isso, encontrar um nome que consiga extrair dos carros da equipe, notoriamente concebidos para o estilo de pilotagem de Max Verstappen, é tarefa digna de sucesso, situação que remete ao slogan da marca de energéticos: "Red Bull te dá asas".

Desde a chegada do piloto holandês ao time de Milton Keynes a lista do segundo piloto do time cresceu e não há indícios que isso vá mudar em breve. Após resultados pífios nos GPs da Austrália e da China a situação do neozelandês Liam Lawson está longe de ser considerada segura.
Max Emilian Verstappen estreou na Red Bull no GP da Australia de 2015, então competindo pela equipe Toro Rosso, atual Racing Bulls, e no GP da Espanha de 2016 foi promovido à equipe Red Bull em substituição a Daniil Kvyat. Ironicamente, anos mais tarde o holandês passaria a viver com Kelly Piquet após a brasileira se separar do piloto russo. O outro carro da equipe estava entregue ao australiano Daniel Ricciardo, que viria a ser a primeira vítima de Verstappen na pele de algoz.

Após uma série de incidentes e acidentes com Verstappen, como os ocorridos nos GPs da Hungria em 2017 e do Azerbaijão no ano seguinte Ricciardo deixou a equipe assinou contrato com a Renault para 2019/20. Sua vaga foi inicialmente ocupada pelo francês Pierre Gasly, que após o GP da Hungria retornou para a equipe Toro Rosso e abriu espaço para o anglo-tailandês Alex Albon, atualmente na Williams. Albon consegiu manter seu posto até o final da temporada de 2020. Entra em cena Sérgio Pérez, recordista de tempo de casa na condição de companheiro de equipe de Max Vertappen. O mexicano manteve o posto por quatro temporadas e venceu cinco corridas, mas sua atuação em 2024 escancarou a estrutura da equipe sob, pelo menos, dois aspectos: a concepção técnica do carro e a forma como os pilotos da sua própria academia são desenvolvidos.

Desde que Daniel Ricciardo capitulou e deixou a equipe, apenas Max Verstappen conseguiu extrair resultados competitivos dos chassis RB 15/16/16n/18/19/20, usados nas temporadas de 2019 a 2024. Dono de um estilo de pilotagem agressivo, o holandês consolidou sua habilidade ao vencer quatro títulos mundiais consecutivos, de 2021 a 2024 com automóveis que seus companheiros de equipe jamais conseguiram domar com a mesma eficiência. Isso indica claramente que as demandas dos segundos pilotos jamais foram levadas em consideração.

O segundo aspecto coloca em xeque a eficiência de Helmut Marko e Christian Horner em avaliar seus novos pupilos. Quando a sucessão de chegadas e partidas começa a se tornar algo mais que dois lados da mesma viagem é sinal de que o trem está perto de sair dos trilhos. A última prova disso foi o teste de final de temporada em Abu Dhabi, quando no boletim de Yuki Tsunoda lia-se "bom aproveitamento" mas o de Liam Lawson mostrava que o neozelandês foi 0"25 mais rápido que o japonês. Surpresa maior foi o também japonês Ayumu Iwasa ter sido quase meio segundo mais veloz que ambos, sinal que arriscou mais porque tinha mínimas chances de conquistar a vaga para 2025.

No final do processo, que envolveu complicadas negociações para romper o contrato de Sérgio Pérez, Lawson acabou conquistando a posição e na primeira corrida de 2025 seu sonho começou a se tornar pesadelo: a comparação entre seus resultados e os de Max Verstappen em Melbourne não poderia ter sido muito pior para ele, situação agravada na corrida em Shangai. A combinação dos dois resultados e o temor de que a luta pelo campeonato de construtores pode se tornar precocemente uma causa perdida acendeu a boca do fogão que sustenta uma frigideira com o nome do neozelandês.

Red Bull é a marca que mais apoia pilotos nas categorias de base, mas jamais encontrou um nome para ser minimamente comparado a Verstappen. Pior: Sérgio Pérez não fez parte desse programa e foi o piloto que mais venceu e mais tempo durou no segundo carro da equipe.

resultado completo do GP da China você encontra aqui. O inglês Lewis Hamilton venceu a corrida sprint e a McLaren fez dobradinha no domingo, com vitória de Oscar Piastri. Lando Norris e George Russell completaram o pódio. O resultado da pista foi alterado depois que Hamilton, Leclerc e Gasly foram desclassificados por questões técnicas.