Ainda não há cura oficial para a covid-19; tratamento com corticoides não tem estudo publicado

Médico que aparece em entrevista à TV Record diz ter resultados animadores, mas ele próprio rejeita a tese de que o método já possa ser considerado uma cura

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Por Projeto Comprova

Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui

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É falso que infectologistas e imunologistas tenham descoberto a "cura oficial" da covid-19 - doença causada pelo novo coronavírus -, ao contrário do que afirma um post viral no Facebook. A publicação na rede social usa um vídeo de entrevista do médico Roberto Zeballos à TV Record. 

O clínico geral e imunologista afirma ter obtido resultados animadores em tratamento realizado com pacientes do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, baseado em um estudo anterior (veja abaixo). Zeballos também diz que a evidência clínica motivou estudo apoiado pelo Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e que os resultados ainda não foram publicados. Tanto a Organização Mundial de Saúde (OMS) quanto o Ministério da Saúde informam que ainda não existe tratamento oficial comprovadamente eficaz no combate à covid-19.

Estudo citado por Zeballos

Portanto, ainda não é possível afirmar que o tratamento desenvolvido por Zeballos seja aplicável a outras pessoas infectadas pelo vírus. "Eu só posso falar da minha experiência e não tem nada concluído ainda, nada documentado", esclareceu o médico imunologista ao Comprova. "Na hora em que tiver algo concluído e documentado, aí sim, poderemos fazer uma contribuição muito boa para as pessoas que se infectam com o coronavírus".

O médico informou que está recrutando pacientes para participar da pesquisa. Terminada essa fase, ele estima demorar até 40 dias para obter conclusões. Não há previsão para publicação do estudo. O IDOR informou, em nota, que desenvolve dez projetos de pesquisa sobre a covid-19. "Em todos esses casos, os resultados serão divulgados conforme o andamento das pesquisas", comunicou a instituição.

 

Por que checamos isto?

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O Comprova monitora conteúdos duvidosos sobre o novo coronavírus publicados nas redes sociais e que tenham grande viralização. Informações enganosas sobre curas milagrosas ou medicamentos e terapias cuja eficácia tenha sido comprovada têm sido comuns nas redes sociais. Essas informações têm potencial de causar danos à saúde e contam com a esperança das pessoas para ganharem tração nas redes.

Na entrevista de Zeballos à TV Record, o médico conta ter obtido resultados positivos no tratamento clínico de pacientes da covid-19, mas ressalta ainda não ter um estudo publicado sobre o assunto. O post que republica o vídeo no Facebook, no entanto, afirma que o imunologista já teria encontrado a "cura oficial", o que não é verdade. Apesar de a própria entrevista do médico desmentir essa alegação, a postagem obteve mais de 40 mil compartilhamentos. 

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira. 

Como verificamos?

Checamos o vídeo da entrevista de Zeballos no canal oficial de YouTube da TV Record. Apesar de a gravação ser mais longa do que a publicada no Facebook, não há grandes diferenças de conteúdo entre as duas versões do vídeo.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino. Também falamos com Zeballos por meio da assessoria da editora Peirópolis, que publicou um livro do médico.

Qual é o tratamento praticado por Zeballos

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O imunologista Roberto Zeballos tem tratado pacientes da covid-19 com corticoides. Na entrevista à Record, ele cita combinar esse medicamento com o uso dos antibióticos azitromicina ou claritromicina. "Haviam estudos com coronavírus anteriores que mostravam que o uso de corticoides aumentava a replicação viral. Mesmo assim, vimos que [entre os pacientes da covid-19] quem tomou corticoide teve uma evolução um pouco menos deletéria", afirmou o médico.

Zeballos ressaltou que, apesar de ter obtido resultados animadores, ainda não tem uma estatística muito grande. Segundo ele, foram tratados 30 pacientes, dos quais oito apresentaram quadros graves. Nenhum deles precisou ser entubado, afirmou o imunologista.

O médico reforçou que ainda não tem uma cura para o novo coronavírus; disse que essa afirmação só poderá ser feita após a publicação do estudo. Por enquanto, as evidências obtidas são da experiência clínica de médicos que testaram o tratamento.

Viralização

O vídeo com legenda enganosa obteve 40 mil compartilhamentos no Facebook desde o dia 13 de abril.

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