Atualizado em 7 de outubro às 19h39 para incluir uma nova nota da Record.
O que estão compartilhando: que um trecho da transmissão da TV Record mostrou a apuração das urnas eletrônicas em São Paulo aumentando repentinamente de 3,92% para 98,14%, fato que comprovaria fraude eleitoral nas eleições municipais de 2024.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. De fato, a cobertura do resultado das eleições municipais exibida pela TV Record mostra um aumento repentino das urnas apuradas na Capital. No entanto, de acordo com a emissora, isso ocorreu por problemas de “instabilidade e download entre o sistema titular e reserva da empresa fornecedora e a publicação em tempo real na tela”. O erro foi corrigido na sequência. É possível ver, minutos depois do aparente salto na apuração, que a repórter menciona que cerca de 5% das urnas haviam sido apuradas até aquele momento. Diferentes fontes indicam a mesma trajetória da apuração, com números compatíveis. A falha de transmissão, portanto, não prova nenhuma irregularidade no sistema.
Saiba mais: postagens nas redes sociais exibem um trecho da apuração em tempo real dos resultados eleitorais no canal Record News. No trecho específico, há o indicativo de que 3,92% das urnas eletrônicas haviam sido apuradas em São Paulo. Segundos depois, esse indicador muda repentinamente para 98,14%. A legenda sugere que o “disparo” da apuração seria uma evidência de fraude eleitoral. Isso, no entanto, não é verdade.
Ao Verifica, a assessoria de imprensa da TV Record explicou que houve uma um problema de instabilidade por uma empresa terceirizada. A imprecisão é vista a partir de 7h46m no vídeo que pode ser consultado neste link.
Com 3,92% das urnas apuradas, os resultados que apareciam na transmissão eram: Ricardo Nunes (MDB) com 30,14%, Pablo Marçal (PRTB) com 29,62% e Guilherme Boulos (PSOL) com 26,89%. No momento em que a falha surge, com supostamente 98,14% das urnas apuradas, a totalização muda para os seguintes resultados: 44,36% para Nunes, 25,82% para Marçal e 11,71% para Boulos. Mas esses números estavam errados. Como é possível ver no gráfico da evolução da contagem de votos publicado pelo Estadão, não chegou a marcar menos de 25% ao longo da apuração.
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Minutos depois da falha técnica, com 7h51 de transmissão, é possível ver uma repórter da Record relatando que, até aquele momento, 5,31% das urnas eletrônicas haviam sido apuradas e Boulos estava na terceira colocação. Como mostra o gráfico da apuração, Marçal ultrapassou Boulos para alcançar o segundo lugar bem no início da contagem, às 17h35. O candidato do PRTB chegou a encostar em Nunes por volta das 17h59, mas não consolidou a virada. Às 18h40, o psolista passa Marçal e alcança o segundo lugar, que mantém até o final da contagem. O gráfico mostra que não houve saltos bruscos no percentual dos candidatos.
Porcentagem de votos válidos por candidato
2º Turno• Guilherme Boulos (PSOL)
• Ricardo Nunes (MDB)
Os dados do TSE podem ser acessados no site Resultados e também são transmitidos pela imprensa. É possível ver no site da revista Veja e no portal g1, por exemplo, que a apuração foi acirrada ao longo de toda a noite.
Com 100% das urnas apuradas, o atual prefeito se manteve na primeira posição com 29,48% ante 29,07% de Boulos. A corrida eleitoral será definida no segundo turno entre os dois candidatos. Marçal ficou em terceiro lugar, com 28,14%.
Este texto foi atualizado em 7 de outubro às 19h39 para incluir novas informações repassadas pela TV Record. Anteriormente, a emissora informou ao Verifica que o incidente foi “uma falha momentânea na transmissão dos dados no sistema do TSE para a imprensa”. Após a publicação desta checagem, corrigiu a informação e afirmou que, na verdade, “foram identificados problemas de instabilidade e download entre o sistema titular e reserva da empresa fornecedora e a publicação em tempo real na tela”. Não houve falha por parte do TSE, conforme esclarecido pela própria emissora. Como lidar com postagens do tipo: eleitores de todo o País foram às urnas neste domingo, 6, para escolher os novos prefeitos e vereadores. Um dia depois, campanhas de desinformação são impulsionadas nas redes sociais para alegar fraude eleitoral. É importante tomar cuidado com alegações sensacionalistas que tentam desacreditar o sistema de votação.
A urna eletrônica é usada no Brasil desde 1996 e, desde então, nunca houve registro de fraude eleitoral no sistema. O Estadão já explicou que o equipamento é protegido por mais de 30 camadas de segurança, além de passar por processos de auditoria e vistoria do código-fonte.
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