Vídeo antigo de briga no carnaval de Olinda circula fora de contexto

Imagens de confusão da folia de três anos atrás é compartilhada como se fosse deste ano

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Foto do author Clarissa Pacheco

O vídeo de uma briga generalizada durante o pré-carnaval de Olinda, em Pernambuco, circula nas redes sociais fora de contexto. Nas postagens, que tomaram o Facebook, o Instagram e o YouTube, legendas associam a confusão ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acusam o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de ser conivente com criminosos. As imagens, contudo, são de 2020, e não de 2023, e não têm relação com o atual governo.

 Foto: Reprodução

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Em uma das postagens com maior número de visualizações, um texto escrito sobre a imagem diz: “Mega arrastão no Carnaval de Olinda com aval presidencial”, e completa: “Os parças de DINO livres leves e soltos (sic)”. Nos comentários, diversas pessoas também associam o caso ao atual governo e escreveram “Faz o L”, em alusão ao nome de Lula. Outro post incluiu a expressão no vídeo, junto com uma imagem de Lula, enquanto disse, na legenda, que “essa esquerda maldita quer o fim da PM”.

A briga generalizada que aparece nas imagens aconteceu no dia 16 de fevereiro de 2020 na Avenida Getúlio Vargas, em Olinda, antes do desfile do tradicional bloco das Virgens do Bairro Novo. Vídeos da confusão já tinham viralizado nas redes na época e o caso foi noticiado por pelo menos três sites e canais de notícias (G1 Pernambuco, Diário de Pernambuco, RedeTV).

As imagens da confusão foram gravadas por moradores das imediações. Os vídeos mostram o momento em que um grupo de pessoas anda em um sentido da avenida e, de repente, encontra outro grupo vindo na direção contrária. Os dois grupos entram em confronto e há troca de socos e pontapés, além de correria.

A Polícia Militar de Pernambuco informou à imprensa, na época, que não se tratava de um arrastão – um roubo coletivo – e sim uma briga generalizada entre grupos rivais. Na ocasião, a Polícia Civil informou que várias pessoas foram detidas por envolvimento em confusões durante o desfile das Virgens. Só para acompanhar o bloco, foram destacados 500 policiais.

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Na época, o presidente do Brasil era Jair Bolsonaro (PL), enquanto o governador de Pernambuco era Paulo Câmara (PSB).

Arrastão ‘pra tomar uma cervejinha’

Além de desinformar ao dizer que houve um arrastão no local, publicações das mesmas imagens nas redes nos últimos dias voltam a espalhar desinformação antiga. Uma das publicações que compartilhou o vídeo na último dia 21 de fevereiro afirma: “Os ‘meninos’ do luladrão fazendo ARRASTÃO, nas ruas de Olinda, pra roubar e ter dinheiro ‘prá tomar uma cervejinha’ (sic)”.

A alegação de que Lula defendeu roubo de celulares para “tomar uma cervejinha” já foi desmentida pelo Estadão Verifica duas vezes desde 2021 (aqui e aqui). Também já mostramos que era falso um tuíte atribuído a Lula, em que ele sugeria “desmilitarizar, despolitizar e desarmar” polícias.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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