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Posts enganam ao afirmar que prefeitura de Belford Roxo (RJ) fez transporte irregular de urnas

Publicações acusam eleições de fraude com base em procedimento de contingência do TRE; carros do município foram requisitados por Zona Eleitoral para auxiliar demandas do tribunal no dia da votação

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Foto do author Gabriel Belic

O que estão compartilhando: vídeos que supostamente mostram a prefeitura de Belford Roxo, no Rio de Janeiro, recolhendo urnas eletrônicas sem a presença do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) durante a votação no último domingo, 6. A ação colocaria a eleição sob suspeita de fraude.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O TRE-RJ informou que os vídeos virais sequer mostram o recolhimento dos equipamentos de votação, mas sim o transporte de urnas de contingência à Escola Municipal José Pinto Teixeira, em Belford Roxo. De acordo com a Corte, técnicas de urna compareceram ao colégio após um chamado de um presidente de mesa, o qual relatou que a urna da seção estava travando. As profissionais, que estavam com vestimentas de identificação do TRE-RJ e crachá, levaram urnas de contingência para uma eventual substituição. O transporte foi realizado por um carro disponibilizado pela prefeitura de Belford Roxo, solicitado pela 155ª Zona Eleitoral por meio de ofício. (veja mais detalhes abaixo)

Posts enganam ao afirmar que prefeitura de Belford Roxo (RJ) realizou transporte irregular de urnas Foto: Reprodução/Facebook

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Saiba mais: vídeos que circulam nas redes sociais mostram urnas eletrônicas dentro de um carro da prefeitura de Belford Roxo. Diferentes postagens alegam que o equipamento de votação foi substituído sem a presença de agentes do TRE, o que poderia interferir no resultado eleitoral. Isso, no entanto, não é verdade. Na realidade, sequer houve troca de equipamentos na ocasião.

Ao Estadão Verifica, o TRE-RJ especificou que a filmagem foi registrada na Escola Municipal José Pinto Teixeira. Na ocorrência em questão, técnicas de urna foram chamadas ao local por um presidente de mesa, o qual identificou que a urna de sua seção estava travando. As profissionais levaram urnas de contingência para uma eventual substituição. O equipamento de votação, no entanto, voltou a funcionar normalmente. Dessa forma, a troca da máquina não foi necessária.

O tribunal esclareceu que as técnicas foram ao local vestindo camisas azuis com identificação do TRE-RJ e crachá. No próprio vídeo é possível ver que as funcionárias estão com a identificação. O carro da prefeitura de Belford Roxo que foi utilizado no procedimento foi requisitado pela 155ª Zona Eleitoral por meio de ofício. O veículo estava devidamente identificado, com o documento de requisição colado no vidro.

Como mostra o ofício, o qual o Estadão Verifica teve acesso, oito carros foram disponibilizados pela Secretaria Municipal de Transportes de Belford Roxo para “atender as demandas do TRE nas eleições″. O primeiro carro listado no documento, do modelo Fiat Cronos, é o que aparece na gravação viral. É possível constatar que se trata do mesmo veículo pela identificação da placa registrada na filmagem. Veja abaixo.

De acordo com comunicado do TRE-RJ, ao todo foram substituídas 347 urnas eletrônicas no Estado – o que corresponde a 0,95% das seções efetivas. Esse número é inferior ao registrado nas eleições municipais de 2020, quando 977, ou 3,06%, precisaram ser trocadas. Em Belford Roxo, o tribunal informou à reportagem que, em toda cidade, apenas seis equipamentos precisaram de substituição.

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Procedimentos de contingência

Embora os registros específicos não mostrem substituição das urnas eletrônicas, postagens que compartilham os vídeos desinformam ao afirmar que a troca do equipamento poderia interferir no resultado do pleito. Isso porque, na verdade, em casos de problemas apresentados no equipamento, a Justiça Eleitoral prevê mecanismos para não prejudicar a votação ou apuração. São os chamados mecanismos de contingência.

A primeira medida é desligar e religar a urna eletrônica. Se o problema persistir, é possível reposicionar o cartão de memória, substituir o cartão de memória externo ou trocar a urna com falha. Neste último caso, é importante frisar que urnas de contingência não estão configuradas para nenhuma seção eleitoral específica – dessa forma, elas não contêm informações de eleitores ou registros de votos.

Como explicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para substituir a urna, é necessário retirar o cartão de memória externo do equipamento com defeito e inseri-lo na máquina de contingência. Após a inserção, a urna de contingência sincroniza as informações do cartão de memória externo com o interno. Isso permite que os votos já computados não sejam perdidos.

Como lidar com postagens do tipo: eleitores brasileiros foram às urnas no último domingo, 6, para votar nas eleições municipais. É importante tomar cuidado com alegações sensacionalistas que tentam colocar em dúvida a integridade do sistema de votação. Se receber algum conteúdo suspeito, envie para o Estadão Verifica no WhatsApp, pelo número (11) 97683-7490.

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