Postagem sobre bloqueio no Bolsa Família usa imagem antiga como se fosse atual

Cena de pessoas formando fila em Salvador é de abril de 2023, quando 1,2 milhão de cadastros foram suspensos por suspeita de fraude

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Por Bernardo Costa
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo em que um homem diz que mais de um milhão de beneficiários do Bolsa Família perderam acesso ao auxílio neste ano. As imagens mostradas são de pessoas em uma fila, com a frase: “isso foi hoje dia 01/04/2024 em Salvador Bahia”.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. As imagens que aparecem no vídeo são de 27 de abril de 2023, pouco depois de o governo bloquear 1,2 milhão de cadastros de famílias unipessoais no Bolsa Família suspeitos de fraude. Na ocasião, as pessoas tinham até 60 dias para recadastrar os dados e, se estivessem realmente elegíveis, continuariam a receber o benefício. Desde o início da atual gestão, o governo vem revisando o CadÚnico para corrigir distorções no pagamento do Bolsa Família. Segundo dados de março deste ano, há 20,9 milhões de famílias atendidas pelo Bolsa Família. Dessas, cerca de 1 milhão estão com o benefício bloqueado. Segundo o governo, “essas famílias estão impedidas de sacar a parcela neste mês até que regularizem ou esclareçam a situação que ocasionou o bloqueio”.

Captura de tela da postagem verificada Foto: Reprodução/Facebook

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Saiba mais: Uma busca reversa pela imagem da fila que aparece no vídeo (veja como fazer) levou a uma matéria do Poder360, de 27 de abril de 2023, que reproduz a mesma cena. O texto informa que, naquela manhã, centenas de pessoas formaram fila na Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza de Salvador (BA) para questionar o bloqueio do Bolsa Família. No dia 12 daquele mês, o governo federal havia bloqueado, por suspeita de fraude, o pagamento do benefício a 1,2 milhão de pessoas cadastradas como famílias unipessoais (formadas por uma só pessoa). Após o bloqueio, os beneficiários tinham até 60 dias para recadastrar as informações e voltar a receber o benefício caso cumprissem, de fato, os requisitos para recebê-lo.

Segundo o governo federal, o bloqueio se deu após a identificação de um número exagerado de cadastro de famílias unipessoais em 2022, quando, em apenas um mês, chegaram a entrar quase 500 mil registros do tipo. Naquele ano, estava em vigor o Auxílio Brasil, que pagava R$ 600 por família independentemente do número de pessoas.Segundo o atual governo, isso fez com houvesse fraude em situações em que cada morador de uma mesma casa se cadastrava como família unipessoal (formada por uma única pessoa). Nesses casos, verificou-se o pagamento de R$ 600 a cada integrante de uma mesma família.

Em fevereiro de 2023, o Estadão havia antecipado que o governo federal iria convocar 5 milhões de beneficiários unipessoais, de março a dezembro, para uma revisão cadastral. Se ficasse comprovado que moravam sozinhos, continuariam a receber o benefício. Os demais teriam o benefício cortado. À época, a estimativa do governo era de que cerca de 1,7 milhão desses beneficiários estariam recebendo o auxílio de forma irregular. No fim do ano passado, de fato foram excluídos 1,73 milhão de cadastros unipessoais por irregularidades. O dado foi veiculado pela imprensa em fevereiro deste ano.

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No acumulado de 2023, foram cancelados aproximadamente 3,7 milhões de benefícios do Bolsa Família por irregularidades: casos em que beneficiários se declararam como família unipessoal mas, na verdade, integram núcleos familiares maiores, que usam dados de pessoas já falecidas, ou que têm renda acima dos limites enquadrados pelo Bolsa Família. Entre março do ano passado e março deste ano, foram inseridas 3,21 milhões de novas famílias no benefício. Segundo o governo federal, “o fluxo de entradas e saídas segue processo rotineiro de averiguação e revisão cadastral”.

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