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Conteúdo investigado: Postagem afirmando que livro didático do ensino médio da Noruega retrata o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como genocida responsável por 700 mil mortes de covid-19 no Brasil. A publicação traz a imagem de um livro que contém uma foto do ex-presidente, junto com um texto em norueguês.
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Conclusão do Comprova: Post engana ao afirmar que um livro didático norueguês retrata Jair Bolsonaro (PL) como genocida responsável por 700 mil mortes de covid-19 no Brasil. A publicação utiliza imagem com baixa resolução do livro “Fabel 10″, da editora Aschehoug, destinado ao aprendizado da língua norueguesa e vendido para escolas que ensinam adolescentes entre 13 e 16 anos.
O trecho em questão cita a pandemia em um capítulo sobre teorias da conspiração, mídia e política. Além disso, diz que Bolsonaro chamou a pandemia de “gripezinha” e não recomendou os mesmos cuidados que o resto do mundo. O texto também ressalta que, apenas no primeiro ano, o Brasil registrou a perda de 260 mil vidas devido ao vírus.
“A negação da covid é um exemplo de desinformação difícil de impedir. Muitas vezes, aqueles que acreditam em teorias da conspiração encontrarão apoio para diversas teorias em sites e redes sociais, onde são apresentados a uma ‘nova verdade’”, diz trecho do texto traduzido pelo Comprova.
Na mesma página, abaixo do texto, o livro traz uma foto de Bolsonaro, e reproduz na legenda uma frase dita pelo ex-presidente em março de 2021 sobre a pandemia: “Chega de frescura, vão ficar chorando até quando?”.
Ainda segundo Aschehoug, os textos também afirmam que o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, criticou a forma como Bolsonaro lidou com a pandemia e foi afastado do cargo por conta disso. Ainda no início de 2020, o apoio do presidente ao uso da cloroquina como tratamento para covid-19 causou um estranhamento público entre os dois. Além disso, Mandetta defendia que o governo deveria seguir as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que gerou mais conflitos.
Os textos seguintes pedem aos alunos que considerem quem é o responsável em situações como a do Brasil. A editora destaca ainda que o texto não usa a palavra genocídio nem implica que houve um genocídio durante este período.
Em agosto de 2022, o G1 noticiou que o livro didático norueguês define Bolsonaro como “um dos maiores negacionistas do coronavírus do mundo”. O UOL também noticiou, em agosto de 2022, que Bolsonaro havia sido retratado como “negacionista da covid” pelo livro norueguês. A reportagem destaca a legenda utilizada pela editora na foto do ex-presidente e afirma que, no dia anterior à declaração do ex-presidente, “o Brasil tinha registrado 1.910 mortes por covid-19, recorde na época”. Até o dia 22 de agosto de 2024, a doença matou 712.889 pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
O Comprova procurou a autora do post, que não quis se posicionar sobre nossos questionamentos.
Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até o dia 22 de agosto, a publicação atingiu mais de 716 mil visualizações.
Fontes que consultamos: Texto do livro didático presente na imagem da publicação, que foi traduzido e checado por falante de norueguês, e contato com a editora responsável pela obra.
Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: Durante a pandemia de covid no Brasil, diversas peças de desinformação envolvendo Bolsonaro foram checadas pelo Comprova, como uma live em que o ex-presidente afirmou que as vacinas contra a doença causam aids e um vídeo do diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, tirado de contexto para validar discurso do político.
Esta verificação contou com a colaboração de jornalistas que participam do Programa de Residência no Comprova.
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