Bolsonaro não é o primeiro presidente a visitar a Ilha de Marajó com primeira-dama e ministros

Lula também esteve na ilha acompanhado da primeira-dama e de ministros; antes, há registros de visitas de Médici, Geisel e Figueiredo

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Por Projeto Comprova
Atualização:

Esta checagem foi produzida pela coalizão do Comprova. Leia mais aqui.

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  • Conteúdo verificado: Tuíte com vídeo sobre a chegada de Bolsonaro à Ilha de Marajó, no Pará, afirma que é a primeira vez que um presidente visita o local acompanhado da primeira-dama e de ministros.

É falso que Jair Bolsonaro (sem partido) tenha sido o primeiro presidente a visitar a Ilha de Marajó, no Pará, com primeira-dama e ministros, como afirma um tuíte que viralizou nas redes sociais. O post é acompanhado de um vídeo mostrando a chegada da comitiva de Bolsonaro, que desce de um dos carros com Michelle e vai cumprimentar o público à beira de uma estrada (o casal está sem máscara). Em dezembro de 2007, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no local acompanhado de Marisa Letícia, sua mulher à época (falecida em 2017), e dos então ministros Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos.

Bolsonaro chegou à ilha no dia 8 de outubro para cumprir uma agenda de inaugurações. Ele foi com a primeira-dama, Michelle, e com os ministros Damares Alves (Mulher, Família e dos Direitos Humanos), Fábio Faria (Comunicações) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

O Comprova tentou contato com o perfil @9876mel, que fez a publicação no Twitter, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

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Lula e três presidentes militares realizaram visitas à ilha. Foto: Projeto Comprova/Reprodução

Como verificamos?

Por meio de pesquisas no Google com o nome de cada presidente brasileiro desde o período da ditadura militar (1964-1985) relacionados à Ilha de Marajó, encontramos reportagens e fontes oficiais que indicavam que dois presidentes já haviam visitado o arquipélago no exercício do mandato: o general Ernesto Geisel, em 1974, e Lula, em 2007.

Os textos não informam, no entanto, que a então primeira-dama Marisa Letícia também estava na comitiva. Em busca nos acervos dos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, o Comprova encontrou fotos do evento, em que Lula aparece com Marisa e com o então ministro da Justiça, Tarso Genro.

No site do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getulio Vargas, encontramos a imagem de uma placa que registra a visita de Geisel à Fazenda Santa Cruz da Tapera, na Ilha de Marajó, em 27 de setembro de 1974, quando era presidente.

O registro da visita também está no livro Saberes de Vaqueiros, de Josebel Akel Fares, cujo pdf foi enviado por Venize Rodrigues, coordenadora do curso de Licenciatura em História da Universidade Estadual do Pará, contatada pelo Comprova em entrevista por telefone.

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A visita de Geisel, no entanto, não contou com a presença da primeira-dama, Lucy, conforme encontramos em uma reportagem do Diário do Paraná de 28 de setembro de 1974.

Via Twitter, tentamos contato com a autora do tuíte, mas ela não respondeu até a publicação desta checagem.

Verificação

Bolsonaro na Ilha de Marajó

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou o arquipélago na última semana. Ele desembarcou em 8 de outubro no município de Breves, onde cumprimentou moradores, e hospedou-se em um navio da Marinha do Brasil, atracado na ilha.

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Bolsonaro estava acompanhado da primeira-dama Michelle e dos ministros Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Fábio Faria (Comunicações) e Bento Albuquerque (Minas e Energia).

O presidente promoveu o programa "Abrace o Marajó", lançado em março deste ano, que isenta o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de operações realizadas na região, e visitou ainda a agência-barco da Caixa Econômica Federal com o presidente do banco, Pedro Guimarães.

A visita de Lula

O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no município de Breves, no sudoeste da Ilha de Marajó, em dezembro de 2007. Segundo reportagens da época, ele visitou o destino com três ministros: Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário), Tarso Genro (Justiça) e Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Nas buscas de fotos desta viagem nos acervos da Folha de S.Paulo e o Estadão foi possível confirmar que a primeira-dama estava na comitiva.

Durante a visita, o então presidente participou do lançamento do Plano Social de Registro Civil de Nascimento e Documentação Básica e da entrega de títulos de terras para populações ribeirinhas.

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O ex-presidente Lula e o seu ministro da Justiça, Tasso Genro, em visita a Breves, na Ilha de Marajó. Foto: Beto Barata/Estadão

O ex-presidente Lula acompanhado da primeira-dama, Marisa Letícia, e da então governadora do Pará, Ana Júlia. Foto: Beto Barata/Estadão

Outros presidentes

Ernesto Geisel foi à ilha em 27 de setembro de 1974 para lançar o Programa de Polos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia (Poloamazonia) em uma feira agropecuária no município de Soure. Ele estava acompanhado dos ministros Alisson Paulinelli (Agricultura), Reis Veloso (Planejamento), Rangel Reis (Interior) e Chigeaki Ueki (Minas e Energia).

Também estava presente o então governador do Pará, Fernando Guilhon. A primeira-dama, Lucy Geisel, não participou da visita.

Além de Geisel, o livro Saberes de Vaqueiros informa que Emílio Garrastazu Médici e João Baptista de Oliveira Figueiredo também estiveram na ilha, mas não foi possível confirmar a época nem se foram com suas esposas e seus ministros ou mesmo durante o exercício de seus mandatos.

 

Por que investigamos?

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Em sua terceira fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos que tenham viralizado nas redes sociais tratando sobre políticas públicas do governo federal ou sobre a pandemia de covid-19.

O post verificado aqui, que teve 1,8 mil curtidas e cerca de 600 compartilhamentos no Twitter, desinforma ao dizer que Bolsonaro é o primeiro presidente a visitar a ilha com tal comitiva, na tentativa de qualificá-lo como especial por tal ação, quando, na verdade, não foi o que ocorreu. Com a proximidade das eleições municipais, tuítes como esse podem contribuir negativamente para o debate político no país. Quando a desinformação passa a integrar o cenário eleitoral, discussões sobre os projetos e agendas dos candidatos são prejudicadas, dificultando a escolha dos eleitores.

Outras postagens exaltando enganosamente os feitos de Bolsonaro já foram verificadas pelo Comprova, como a que creditava ao presidente a construção de um viaduto no Paraná, feito com recursos do governo do estado e outra que usava fotos de outras estradas para afirmar que o Exército teria feito reparos na Transamazônica. O Comprova já verificou, inclusive, publicações envolvendo Lula e o Pará, como a que usava uma foto de uma obra na BR-163 feita na gestão do petista dizendo que era uma realização do atual governo.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

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