Postagem engana ao sugerir que governo enviou brigadistas apenas para a Bolívia, não para o Brasil

Posts criticam decisão de mandar ajuda para país vizinho, sem mencionar que incêndio florestal também ameaça território brasileiro

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Foto do author Luciana Marschall

O que estão compartilhando: que o governo enviou bombeiros para conter incêndios na Bolívia, enquanto a Amazônia queima. Os comentários das postagens mostram que os usuários entenderam que a parte brasileira da floresta ficou sem apoio governamental.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: as postagens estão fora de contexto porque omitem que os incêndios florestais na Bolívia, para onde foram enviados bombeiros brasileiros, também ameaçam o Pantanal e populações tradicionais no Brasil. Além disso, os posts não mencionam que há equipes do governo trabalhando no combate a queimadas. Segundo o último boletim sobre o combate aos incêndios na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado, publicado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) na terça-feira, 10, atualmente há 1.468 servidores federais mobilizados na Amazônia, 1.080 no Pantanal e 436 no Cerrado. Estão sendo empregadas, ainda, 25 aeronaves e 51 embarcações.

Brigadistas do Ibama na Bolívia para combater incêndios que ameaçam a Serra do Amolar, santuário da biodiversidade no Pantanal.  Foto: GOVERNO MS

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Saiba mais: Como informou o Estadão, o governo federal enviou 37 bombeiros militares da Força Nacional de Segurança Pública e outros 25 do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal para apoiar o combate aos incêndios florestais que atingem a Bolívia na fronteira com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, no Brasil.

De acordo com a Secretaria de Comunicação Social, um comando conjunto com forças bolivianas foi constituído na cidade de San Ignacio de Velasco, distante 418 quilômetros de Cáceres (MT). O comando atuará em coordenação com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculados ao MMA.

O objetivo é realizar sobrevoos e analisar mapas de satélite para identificar os focos de incêndio ao longo da faixa de fronteira a serem extintos em operações conjuntas. Além de contribuir para combater os incêndios no lado boliviano, a missão terá caráter preventivo para evitar que novos focos de incêndio atinjam o território brasileiro.

1.468 brigadistas combatem incêndios na Amazônia

O último boletim do MMA informa terem sido identificados 159.411 focos de calor desde janeiro no País. O Mato Grosso concentrou o maior número de focos (34.356), seguido por Pará (27.192), Amazonas (17.181), Tocantins (11.285) e Mato Grosso do Sul (10.700).

Até 9 de setembro, segundo o documento, foram identificados 226 incêndios na Amazônia, dos quais 54 foram extintos. Ainda há 172 ativos, mas 93 estão dentro de uma linha de controle. Os focos ativos precisam ser extintos para não ultrapassar a linha de controle e provocar novos incêndios.

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O Ibama e o ICMBio mantêm 1.468 brigadistas na Amazônia Legal, segundo o boletim do MMA.

No Pantanal, foram identificados 116 incêndios; 83 haviam sido extintos. Restaram 33 ativos, dos quais 21 estão controlados. O governo federal mantém 842 profissionais na região, 386 do Ibama e ICMBio, 370 das Forças Armadas, 76 da Força Nacional de Segurança Pública e 10 da Polícia Federal. Outros 238 profissionais da Polícia Rodoviária Federal atuam na segurança de rodovias federais de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul para reportarem incêndios florestais. Estão empregadas ainda 18 aeronaves e 51 embarcações.

No Cerrado, foram identificados 349 incêndios, com 161 extintos e 188 ativos, dos quais 65 estão controlados. Há 436 profissionais do Ibama e do ICMBio em campo e sete aeronaves em operação.

Conforme o MMA, o Brasil enfrenta a pior estiagem em 75 anos. Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da América do Sul foram intensificados pela mudança do clima, que causa estiagens prolongadas. Em 2024, 58% do território nacional é afetado pela seca e em cerca de um terço do País o cenário é de seca severa.

STF determina que frentes de fogo sejam imediatamente combatidas

No dia 10, o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que todas as frentes de fogo na Amazônia e no Pantanal devem ter combate imediato assim que identificadas, com a convocação de mais bombeiros militares e homens da Força Nacional. O contingente deverá ser definido pelo Ministério da Justiça e informado ao STF. As medidas envolvem ainda as Forças Armadas, que deverão empregar mais aeronaves na identificação e combate ao fogo. Também foi determinada a ampliação do efetivo da PRF na fiscalização das regiões da Amazônia e do Pantanal.

Ministro Flávio Dino preside audiência de conciliacao sobre as determinações feitas à Uniao para adotar medidas de prevenção e combate aos incêndios na Amazônia e Pantanal. Foto: Gustavo Moreno/STF

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Quanto às iniciativas de investigação e enfrentamento das causas do surgimento de incêndios por ação humana, o ministro estabeleceu que seja realizado mutirão pelas Polícias Judiciárias (Polícia Federal e Polícias Civis) e pela Força Nacional nos 20 municípios que hoje centralizam 85% dos focos de incêndios de todo o País.

As decisões foram tomadas em audiência de conciliação convocada pelo ministro no âmbito das Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPFs) 743, 746 e 857, julgadas em março. A finalidade é acompanhar o cumprimento da determinação de que a União adote ações repressivas e preventivas para combater os incêndios no Pantanal e na Amazônia.

Na próxima etapa das negociações, o ministro Flávio Dino receberá governadores e representantes dos nove Estados que compõem a Amazônia Legal e o Mato Grosso do Sul, em nome do Pantanal, para debater as medidas que deverão ser tomadas em âmbito estadual. A reunião está agendada para o dia 19 de setembro.

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