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Vacina contra covid comprada pelo Brasil não foi banida em outros países

Versão atual do imunizante da Moderna é aprovada pela Anvisa e recomendada pela OMS

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Feito em parceria com o Projeto Comprova. Leia mais sobre a coalizão.

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Conteúdo investigado: Mensagens no X e no Telegram sobre a compra pelo governo brasileiro de mais de 12 milhões de doses da vacina contra a covid-19 da Moderna. Post afirma que “inúmeros países” já baniram o imunizante “devido a graves problemas”.

Onde foi publicado: X e Telegram.

Conclusão do Comprova: Post engana ao afirmar que o Brasil acaba de comprar uma vacina contra a covid-19 banida em inúmeros países. O governo federal anunciou a aquisição de 12,5 milhões de doses da farmacêutica Moderna em 19 de abril. Segundo o Ministério da Saúde, o lote faz parte dos imunizantes mais atualizados contra a doença, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O imunizante que o responsável pelo post se refere é a versão original (bivalente), que teve o público-alvo alterado em alguns países por causa de efeitos adversos. No entanto, a vacina Moderna não foi banida.

Como o próprio post mostra, na Suécia, por exemplo, o governo suspendeu a vacina para menores de 30 anos em outubro de 2021. Mas, o que o post não informa é que órgãos de saúde do país voltaram a oferecer o imunizante em outubro de 2022, com novas diretrizes para crianças acima de seis anos.

Outro exemplo de país que teria banido a vacina, segundo o post, foi o Japão, mas isso não ocorreu. Em agosto de 2021, o governo suspendeu o uso de 1,63 milhão de doses após “relatos de contaminantes em alguns frascos”. Diferentemente do que o post sugere, não foi identificado nenhum problema de segurança ou eficácia e a suspensão foi apenas uma precaução, segundo autoridades japonesas e a Moderna.

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Como reações adversas graves, a bula da versão atual da vacina cita casos de miocardite e pericardite, condições que afetam o coração. Ainda assim, o risco de desenvolvimento dessas doenças, segundo a farmacêutica, é muito raro e ocorre em menos de 0,01% dos pacientes que utilizam o medicamento. A maioria se recuperou, mas há casos fatais, segundo o laboratório. As reações mais comuns são inchaço, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e diarreia.

A publicação também traz um vídeo traduzido do inglês em que o médico Robert Malone fala sobre riscos da vacina da Moderna a congressistas norte-americanos. A sessão foi gravada em Washington em 2023 e divulgada pela republicana Marjorie Taylor Green, publicamente antivacina e que já teve o perfil do X derrubado por compartilhar desinformação sobre a covid-19. Malone também é conhecido por difundir informações falsas sobre vacina e já foi desmentido diversas vezes.

Versão original da vacina da Moderna teve público-alvo alterado em alguns países, mas não foi banida. Foto: Reprodução/X Foto: Reprodução/X

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. No X, a publicação teve, até 30 de abril, mais de 118,8 mil visualizações e, no Telegram, 4 mil.

Fontes que consultamos: Links dos sites New York Post, British Medical Journal (BMJ) e The Straits Times, citados pelo autor, do Ministério da Saúde e da OMS.

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Moderna diz que vacina está atualizada

Um dos argumentos do post que tenta descredibilizar a vacina é o de que a dose atual produzida pela Moderna não protege os humanos da variante do coronavírus em circulação, o que não é verdade. A publicação compartilha outro post de um médico infectologista alegando que o imunizante não combate a linhagem JN.1, descendente da XBB e que vem aumentando de forma exponencial entre os infectados.

Em dezembro de 2023, a OMS publicou uma diretriz sobre qual deveria ser a composição dos imunizantes para acompanhar a evolução do vírus. Na nota, a organização manteve a recomendação de usar como antígeno vacinal uma linhagem descendente da variante XBB.1, como a XBB.1.5. A orientação já vinha sendo aplicada pelos laboratórios desde maio do ano passado. Segundo a OMS, pesquisas indicam que vacinas com essa composição tiveram resultados positivos na neutralização da JN.1. A entidade pondera que os dados ainda são limitados.

Ao divulgar informações sobre o acordo fechado com o governo brasileiro, a Moderna esclareceu, em nota oficial, que a farmacêutica “gerou dados pré-clínicos e clínicos de sua vacina candidata monovalente XBB.1.5 mostrando uma resposta imunológica contra sub-linhagens XBB e cepas atualmente circulantes do vírus SARS-CoV-2, incluindo JN.1″. Ou seja, o imunizante apresentou benefícios no combate à variante em circulação.

Em um texto publicado no site do Ministério da Saúde, o médico infectologista e doutor em Epidemiologia Sérgio de Andrade Nishioka explicou que todas as vacinas usadas atualmente protegem contra formas graves da covid-19, independentemente da linhagem. “Novas variantes como JN.1, porém, são mais transmissíveis que as variantes anteriormente mais prevalentes, e podem infectar e causar doença em pessoas previamente imunizadas pela vacina e/ou infecção anterior.” Todas as vacinas aprovadas pela Anvisa apresentaram resultados eficazes e de segurança; essa é a principal estratégia de prevenção.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: Diversas publicações com informações falsas sobre vacinas foram checadas pelo Comprova, incluindo a de que um estudo de Cambridge comprovou que pessoas vacinadas contra a covid-19 adquiriram Aids e que o imunizante cause danos irreversíveis ao DNA.

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