Vídeo de cães em abrigo é anterior ao desastre ambiental no Rio Grande do Sul

Gravação circula ao menos desde novembro de 2023; em meio à tragédia climática no Sul do País, mais de 3,2 mil animais já foram resgatados no Estado

PUBLICIDADE

Foto do author Gabriel Belic
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo que mostraria diversos cães resgatados no Rio Grande do Sul.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso, porque a gravação não é recente. O vídeo circula ao menos desde novembro de 2023, sendo, portanto, anterior ao desastre ambiental que atinge o Rio Grande do Sul. Até a noite do sábado, 4, equipes do poder público haviam resgatado 3,2 mil animais no Estado.

Vídeo de cães em abrigo é anterior ao desastre ambiental no RS Foto: Reprodução/Instagram

PUBLICIDADE

Saiba mais: diferentes postagens nas redes sociais, que acumulam mais de 760,5 mil visualizações, compartilham um vídeo que mostraria um suposto abrigo de animais no Rio Grande do Sul, no contexto das enchentes que impactam a região. Na gravação, é possível ver dezenas de cães. A legenda afirma que os animais foram resgatados.

Por meio de uma busca reversa de imagens (veja aqui como fazer), o Estadão Verifica encontrou o mesmo vídeo em diversas publicações anteriores à catástrofe na região sul do País. Uma das postagens, por exemplo, foi encontrada no TikTok, datada em 5 de novembro de 2023.

Publicidade

A conta que postou o vídeo não é brasileira. O texto sobreposto à gravação afirma que o cachorro de pé havia sido resgatado há algumas horas. “Não sabe que pode dormir tranquilo”, diz a legenda. Não foi possível verificar o contexto da filmagem.

Animais resgatados no Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul enfrenta a maior tragédia climática do Estado. De acordo com balanço da Defesa Civil, divulgado na tarde desta segunda-feira, 6, são 153,8 mil pessoas desalojadas e 47,6 mil em abrigos públicos. O desastre ambiental já deixou ao menos 85 mortos e 134 desaparecidos.

Equipes do poder público resgataram 3,2 mil animais até a noite deste sábado, 4. Estima-se, contudo, que o número seja maior, já que diversos grupos voluntários de resgate foram formados desde o início da tragédia.

Como lidar com postagens do tipo: por se tratar de um assunto em evidência, o desastre ambiental no Rio Grande do Sul vem sendo alvo de desinformação nas redes sociais. É importante tomar cuidado com gravações postadas sem informações contextuais. Nestes casos, faça uma busca reversa de imagens para encontrar a origem do conteúdo. O Estadão Verifica já checou outros boatos envolvendo as fortes chuvas no sul do Brasil. Leia abaixo.

Publicidade

divider

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.