Checamos o debate da Globo entre Nunes e Boulos; confira o resultado

Veja o que é verdade e mentira no último confronto entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo

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Atualização:

Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) participaram na noite de sexta-feira, 25, do último debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, organizado pela TV Globo. O Estadão Verifica identificou alegações enganosas quanto ao número de obras entregues pela Prefeitura, o subsídio pago a empresas de ônibus e outros assuntos.

Nunes e Boulos no debate promovido pela Globo antes do segundo turno. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

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A equipe de checagem de fatos do Estadão analisou as alegações feitas pelos candidatos e conferiu a veracidade delas. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “falta contexto” e “verdadeiro”.

Clique nos nomes abaixo para ver o que cada candidato disse.

Ricardo Nunes (MDB)

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após o debate.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

8 mil obras

O que Nunes disse: que vai entregar 8 mil obras até o fim do mandato.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. O número citado por Nunes inclui pelo menos 2,5 mil itens relativos a manutenções e reparos em equipamentos e locais públicos já existentes. Fazem parte da lista, por exemplo, pinturas em escadas, restaurações de vielas e instalação de corrimãos ou lixeiras. De acordo com um levantamento feito pelo Verifica com dados obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI), as obras listadas pela Prefeitura assim se dividem:

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  • Sem descrição: 32,2%
  • Requalificações, revitalizações, adequações e outras melhorias: 27,2%
  • Manutenções: 19,7%
  • Obras novas e grandes intervenções: 11,5%
  • Reformas: 7,7%
  • Projetos e contratos: 1,4%
  • Outros: 0,4%

Outro lado: Em resposta ao levantamento do Verifica, a Prefeitura alegou que os números citados pelo prefeito e candidato à reeleição estão corretos e correspondem aos critérios adotados pela gestão. Em entrevista ao Verifica, o secretário executivo de Planejamento e Entregas Prioritárias da Capital, Fernando Chucre, disse que o número atual passa de 9 mil obras. Chucre justificou que os dados ainda não são públicos porque estão sendo revisados.

Disparo em boate de Embu das Artes

O que Nunes disse: em resposta à menção de Boulos sobre Nunes ter disparado tiros em uma boate em Embu das Artes, disse que o caso ocorreu há 20 anos e que não houve inquérito nem indiciamento.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Em 1996, Nunes foi levado para delegacia de Embu por portar arma e atirar em via pública. Ele respondeu a processo por contravenção penal (delito de menor potencial ofensivo). De acordo com dados acessados pelo Estadão, Nunes foi denunciado em junho do ano seguinte ao fato. Naquele mesmo mês de junho de 1997, ele se tornou réu com base nos artigos 19 e 28 da Lei de Contravenções Penais. Em 1998, porém, o caso foi arquivado depois de Nunes cumprir transação penal, que é um acordo para que a ação seja trancada e uma eventual condenação não ocorra. O acordo foi a compra de canecas plásticas endereçadas ao serviço social de Itapecerica da Serra avaliadas em R$ 590 (valor atualizado).

Outro lado: a equipe do candidato disse que “contravenção penal não gera indiciamento em nenhuma hipótese por se tratar crime de menor potencial lesivo” e acrescentou que “o prefeito jamais foi processado por esse e ou qualquer fato”.

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Inauguração de UPAs

O que Nunes disse: que abriu 19 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) na cidade.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Como prefeito, Nunes foi responsável pela inauguração de 16 Unidades de Pronto Atendimento. Outras duas foram entregues em 2021, quando o candidato era vice-prefeito. Ele já repetiu essa alegação em outros debates, como o da TV Globo em 3 de outubro e o da Estadão/Record em 19 de outubro.

Outro lado: a equipe do candidato reafirmou que “o prefeito entregou 19 UPAs funcionando.”

Fim da Polícia Militar

O que Nunes disse: que Boulos defende a desmilitarização, que é o fim da Polícia Militar.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Uma postagem publicada por Boulos no Facebook em 2018 mostra que o político defendeu a desmilitarização das polícias para acabar com o “genocício da juventude pobre e negra no Brasil”. Conforme matéria publicada pelo Estadão, na época em que defendeu a desmilitarização, Boulos esclareceu que a polícia continuaria armada e operante, mesmo sem o caráter militar. O objetivo de Boulos seria retirar a doutrina e estrutura militar da corporação, mantendo suas funções de segurança pública. Nunes repetiu a alegação no debate Estadão/Record do sábado passado.

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Outro lado: a equipe do candidato disse que Boulos “defende acabar com o modelo militar da polícia nos moldes que é hoje, portanto defende a desmilitarização da polícia”.

Programa Smart SAMPA

O que Nunes disse: que já existem 17 mil câmeras instaladas no sistema Smart SAMPA.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. O secretário de Segurança Urbana de São Paulo, Junior Fagotti, disse em entrevista à Agência de Notícias da Associação Comercial de São Paulo, no último dia 17 de outubro, que o número de câmeras instaladas chegou a 17 mil. O programa foi lançado em julho.

Nunes no debate da Globo Foto: Reprodução TV GLobo

Aumento de pena

O que Nunes disse: que Boulos não votou favoravelmente ao aumento de penas de criminosos.

O Estadão investigou e verificou que: é verdadeiro. Nunes citou um projeto de autoria de Kim Kataguiri (União-SP). Em outubro de 2023, os deputados do PSOL foram orientados a votar contra o projeto de lei 3780/2023, que aumentava as penas cominadas aos crimes de furto e roubo. Boulos não votou. Nunes repetiu essa alegação no debate Estadão/Record no sábado passado.

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Entrega de fraldas

O que Nunes disse: que a Prefeitura entrega à população 6 milhões de fraldas por mês.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De acordo com reportagem publicada em maio do ano passado pelo G1, o número de fraldas compradas pela Prefeitura diminuiu desde 2019. Em 2022, a Prefeitura comprou cerca de 29 milhões de fraldas, o que equivale a 2,4 milhões de unidades por mês. Também no ano passado, mas em agosto, a Comissão do Idoso da Câmara de Vereadores verificou falta de medicamentos e fraldas geriátricas. Na época, a diretora de Suprimentos da Secretaria da Saúde, Izis Mirvana Damico, disse que houve dificuldade com empresas para fornecer as fraldas, mas ressalvou que o serviço estava se normalizando, com a distribuição de 6 milhões de fraldas por mês. Nunes repetiu essa alegação no debate Estadão/Record no sábado passado.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “se houve redução ou não, como alega reportagem do G1, o dado oficial é dado pelo prefeito e a administração entrega 6 milhões de fraldas por mês”.

Fuga em manobra jurídica

O que Nunes disse: que o promotor João Carlos de Camargo Maia, ao se referir a Boulos, disse que “o criminoso conseguiu fugir por manobra jurídica”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. A citação se refere a um processo de 2022 em que Boulos foi acusado de dano ao patrimônio público. A Folha de S.Paulo noticiou em setembro que o promotor João Carlos de Camargo Maia, do Ministério Público de São Paulo, escreveu que “melancolicamente se trabalhou pela confecção da Justiça, mas o criminoso conseguiu fugir por manobra jurídica, de modo muito semelhante a outro personagem mais famoso que pretende ser o mandatário maior. Muito triste e lamentável esta constatação”. Ao jornal, a defesa de Boulos disse que, no processo, constam os números dos advogados, que nunca foram contatados pelo Ministério Público. “Só procuraram o Boulos em endereços sem sentido. Ele trabalhava na Faculdade Mauá e foram no Instituto Mauá. O inquérito ficou jogado por anos”, afirmou a defesa à Folha.

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Operação Delegada

O que Nunes disse: que havia 400 policiais militares na Operação Delegada, e agora são 2,4 mil.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. A Operação Delegada é uma parceria entre a Prefeitura de São Paulo e o governo estadual, em que policiais podem atuar voluntariamente para reforçar a segurança da capital durante suas folgas, recebendo uma gratificação por isso. O convênio existe desde 2009. Em 2013, durante a gestão de Fernando Haddad (PT), existiam 1,3 mil vagas para a Operação Delegada Noturna e 2.074 para a Operação Delegada Ambulante, mas cerca de 1,5 mil vagas (Noturna e Ambulante) estavam ociosas.

Em dezembro do ano passado, o Executivo conseguiu aprovar na Câmara um Projeto de Lei para aumentar o valor da gratificação e incluir bombeiros entre os profissionais que podem participar da iniciativa. A Prefeitura publicou, na época, que 2.400 policiais militares se inscreveram para as atividades.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Haddad ofereceu 1,3 mil vagas, mas não necessariamente elas foram preenchidas e efetivamente havia este número de policiais nas ruas todos os dias. Na gestão Nunes, elas foram preenchidas porque houve aumento nos valores pagos, além de outros benefícios”.

Redução do ISS de streaming

O que Nunes disse: que o PSOL votou contra a redução de impostos sobre serviços (ISS) para streamings e aplicativos.

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O Estadão Verifica checou e concluiu que: é verdadeiro. Há duas leis diferentes relacionadas ao ISS para o streaming e para aplicativos de transporte de passageiros. O projeto que reduziu a alíquota de serviços de conteúdo audiovisuais de 2,9% para 2% em São Paulo foi aprovado em dezembro de 2023, com voto contrário da bancada do PSOL. Já a proposta que definiu a diminuição de 5% para 2% no ISS por plataformas de transporte foi sancionada em 2021. Na votação na Câmara Municipal, os vereadores do partido também votaram contra.

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após o debate.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Reforma de CEUs

O que Nunes disse: que hoje existem 58 CEUs – 12 foram entregues por Bruno Covas. Portanto, 46 são CEUs de outras gestões, e todos foram reformados.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. Entre 2018, quando assumiu a prefeitura no lugar de João Doria (PSDB), e 2020, Bruno Covas apenas concluiu as obras de 12 unidades que tinham sido iniciadas ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Os 12 CEUs, portanto, não são obras apenas de sua gestão. Já para o segundo mandato, entre 2021 e 2024, o Programa de Metas previa a inauguração de 12 novos CEUs. Nunes assumiu a Prefeitura em maio de 2021, após a morte de Covas, e nenhuma unidade foi entregue de lá para cá, apesar de as obras terem iniciado em cinco delas.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Educação, São Paulo tem atualmente 58 CEUs em funcionamento, sendo que a primeira unidade foi entregue em 2003, em Guaianases. O atual Programa de Metas da Prefeitura previu a reforma ou adequação de 46 CEUs até 2024. No ano passado, a meta foi batida.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “Bruno Covas entregou 12 CEUs. Equipamento em obra, como fez Haddad, não atende a população. Serviço ou equipamento público bom é aquele que está aberto à população”.

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Enterros e CadÚnico

O que Nunes disse: que pessoas inscritas no CadÚnico não pagam nada para realizar enterro. Pessoas pobres pagam 25% de desconto no enterro social.

O Estadão Verifica investigou e conferiu que: é verdadeiro. Famílias inscritas no CadÚnico, que recebam até três salários mínimos ou com renda per capita de até meio salário mínimo, têm direito ao funeral gratuito. Não há direito a velório e é feito apenas o sepultamento nesse caso. No início do ano passado, também foi anunciada redução de 25% no valor do funeral social, que é um serviço oferecido para quem não tem condição de arcar com os custos de um enterro de imediato. A quantia passou de R$ 755 para R$ 566.

Migração de empresas

O que Nunes disse: que, desde o início de sua gestão, em maio de 2021, 57 mil empresas que tinham sede em outros Estados se mudaram para São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica no começo de outubro afirmando que 56.891 empresas migraram para a cidade.

Abertura de empresas

O que Nunes disse: que 458 mil novas empresas foram abertas em São Paulo durante sua gestão.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Secretaria Municipal da Fazenda de São Paulo enviou uma nota ao Verifica no começo de outubro afirmando que 458.148 novas empresas foram abertas na Capital. Mas os números do Mapa das Empresas, disponibilizados pelo governo federal a partir da base de dados do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), apontam que, de maio de 2021 até junho de 2024, 442.003 novas empresas abriram em São Paulo. Os números de junho são os mais recentes e não contabilizam microempreendedores individuais (MEI). Esse volume – de 442.003 – não considera as empresas que fecharam no período. De maio de 2021 a junho de 2024, 190.572 empresas fecharam, ou seja, o saldo é de 251.431.

Outro lado: a equipe do candidato disse que “o prefeito nunca falou em saldo de empresas, mas o número de negócios abertos”.

‘Pandemia’ de dengue

O que Nunes disse: que São Paulo não teve vacina da dengue durante a pandemia da doença porque o governo federal não mandou.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. São Paulo não esteve entre as primeiras cidades a receber doses de vacinas contra a dengue enviadas pelo governo federal, mas as doses chegaram. Em 29 de março deste ano, a própria Prefeitura informou que a capital receberia os imunizantes e começaria a vacinação pelas escolas. A imunização começou em 3 de abril. Em 11 de julho, a cidade recebeu mais 124 mil doses da vacina, exclusivas para o reforço. Além disso, não foi decretada uma pandemia de dengue, como disse o candidato, e sim uma epidemia.

Outro lado: a campanha de Nunes disse que o Ministério da Saúde enviou quantidade “insuficiente” de vacinas contra a dengue para a cidade de São Paulo. “Para um público-alvo de 800 mil crianças, foram mandadas 301.985 doses no total, menos da metade do necessário”, alega a campanha em nota.

O candidato a prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) durante coletiva após o debate Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Tabela de serviços funerários

O que Nunes disse: que a tabela de preços do serviço funerário é a mesma de 2019 e que foram mantidos os valores dos seis itens que entram em pacotes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Ainda em 2023, quando a concessão dos cemitérios de São Paulo foi repassada à iniciativa privada, o jornal Folha de S.Paulo noticiou aumento de 400% no velório mais simples disponível para quem não tem direito a benefícios sociais. Antes, informou o veículo, esse pacote poderia ser contratado por R$ 299,85 e depois passou a custar R$ 1.443,74.

Em junho deste ano, a SPRegula, agência reguladora dos serviços públicos do município, reajustou em 3,49% os valores das fontes das receitas tarifárias das concessionárias, com base no Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA). A tabela com os novos valores dos serviços funerários pode ser consultada aqui. A relação anterior de preços está disponível aqui. Houve aumento, inclusive, do funeral social, o mais barato da tabela, que passou de R$ 566,04 para R$ 585,79. O decreto que regulamenta a concessão não prevê congelamento de preços. A Prefeitura de São Paulo manteve as gratuidades previstas em lei.

Outro lado: a campanha disse que “os preços dos serviços funerários seguem regras previstas nos contratos e não são reajustados conforme o desejo das empresas concessionárias”.

Liberação de drogas

O que Nunes disse: que Boulos sempre defendeu a liberação das drogas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: falta contexto. Há declarações antigas de Boulos em defesa da descriminalização das drogas e da legalização da maconha. Quando foi candidato à presidência em 2018, ele afirmou que “é preciso descriminalizar as drogas no Brasil e legalizar a maconha”, durante entrevista à TV 247. Porém, em declarações mais recentes, Boulos defendeu que o seu posicionamento é de que a descriminalização da maconha seja feita com a “separação entre traficante e usuário”, em sabatina no Roda Viva no dia 26 de agosto. No início da pré-campanha à Prefeitura de São Paulo, o deputado disse à rádio evangélica Musical FM que é contra a legalização das drogas.

Acolhimento à população de rua

O que Nunes disse: que havia 14 mil vagas de acolhimento à população de rua e hoje são 29,4 mil vagas.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. O site da Prefeitura de São Paulo noticiou em abril de 2021, um mês antes de Nunes assumir o município, que a cidade tinha 23 mil vagas de acolhimento para pessoas em situação de rua. Porém, em nota enviada ao Verifica em 16 de outubro, a administração municipal informou um número diferente: 15.488 vagas na rede socioassistencial naquele ano. A Prefeitura afirmou ter “cerca de 29 mil vagas de acolhimento” em 2024.

Depredação da Fiesp

O que Nunes disse: que, em janeiro de 2017, a Polícia Civil do Estado de São Paulo informou que “dois integrantes do MTST, Guilherme Boulos e José Ferreira Lima, foram detidos e encaminhados ao 49º DP. A dupla foi detida, acusada de participar de ataques contra a Polícia Militar”. Em seguida, Nunes questionou se Boulos se arrepende de ter depredado a Fiesp.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso porque Nunes mistura duas ocasiões diferentes – a citada por ele é referente a uma reintegração de posse na Zona Leste em 2017. Boulos participou de uma manifestação na Fiesp em 2016, mas nega ter depredado o prédio e não foi detido.

Em 2017, Boulos e o trabalhador sem teto José Ferreira Lima foram detidos durante a reintegração de posse de um terreno ocupado por famílias do MTST no bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. A nota da Polícia Civil, publicada pelo G1, dizia que “a dupla foi detida acusada de participar de ataques com rojão contra a PM, incitação à violência e desobediência”. O boletim de ocorrência, contudo, não dizia que Boulos portava rojões e o acusava de “doutrina”.

O Estadão publicou, no mesmo dia, que o delegado José Francisco Rodrigues Filho, do 49º DP, justificou a prisão de Boulos com a teoria do domínio de fato, mesmo afirmando que ele não era o líder da invasão. “Verifica-se que o autor (Boulos), pela sua notoriedade e ativa participação nas ações dos movimentos populares (...), possui forte influência nas pessoas que destes participam”, escreveu o delegado, na época. Especialistas ouvidos pelo Estadão em 2017 disseram que o uso da teoria para a prisão era perigoso porque só deveria ser usado em casos envolvendo organizações criminosas.

Nunes também omitiu que Guilherme Boulos foi liberado da delegacia no mesmo dia em que foi detido.

Em 2016, Boulos participou da invasão da Fiesp, mas negou que tenha depredado o prédio e disse que o objetivo era fazer um ato pacífico. Ele também não foi preso na ocasião – na época, duas mulheres foram detidas por desacato.

Ação judicial contra Smart Sampa

O que Nunes disse: que fez o programa Smart Sampa, para colocação de câmeras para combater a criminalidade, e que o PSOL propôs uma ação judicial contra.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A ação não foi movida pelo partido, e sim pela vereadora Silvia da Bancada Feminista, parte de um mandato coletivo na Câmara Municipal de São Paulo. O pedido argumentou que o objetivo do programa era comprar câmeras de reconhecimento facial, que poderiam levar à discriminação, como mostrou o Metrópoles. Em maio do ano passado, o juiz Luis Manuel Fonseca Pires suspendeu o programa ao ver riscos de racismo, como mostrou o Estadão. Antes, o edital já tinha sido barrado pelo Tribunal de Contas dos Municípios, mas foi autorizado após a Prefeitura retirar trechos que envolviam a identificação de cor de pele e de “vadiagem”.

Debate realizado pela TV Globo no segundo turno das eleições em São Paulo com os candidatos Ricardo Nunes e Guilherme Boulos - Nunes pede licença.  Foto: Reprodução TV GLobo

Transporte Aquático

O que Nunes disse: que Boulos mentiu ao afirmar que ele, Nunes, entregou o transporte aquático para a Transwolff, e que quem opera o serviço é a SPTrans.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Inaugurado em maio, o Aquatico-SP, que faz rota pela Represa Billings, é operado pela SPTrans desde o início das atividades, mas antes a Prefeitura Municipal havia determinado que a empresa Transwolff seria a responsável pela operação. Os planos mudaram quando o Ministério Público de São Paulo passou a investigar possível conexão entre a empresa e o PCC.

Acordo do Campo de Marte

O que Nunes disse: que São Paulo tinha uma dívida de R$ 25 bilhões com a União, pagava R$ 280 milhões por mês, e que a dívida foi quitada após um acordo assinado em dezembro de 2021 com o então presidente Jair Bolsonaro (PL).

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A dívida da prefeitura de São Paulo com a União realmente era R$ 23,9 bilhões quando Nunes e Bolsonaro assinaram um acordo envolvendo o aeroporto Campo de Marte. Havia uma disputa judicial sobre a área desde 1958, quando a prefeitura ajuizou uma ação para retomar a área e obter uma indenização. Mas a Prefeitura acabou “perdendo” R$ 24 bilhões, já que a dívida da União por usar a área sem pagar nada ao município chegava a R$ 49 bilhões, como mostrou o Estadão.

Outro lado: Nunes tinha feito essa alegação em sabatina do Estadão em setembro. Na época, a equipe do candidato disse que ele pôs fim a um litígio entre Prefeitura e União e permitiu um salto nos investimentos na cidade.

Passageiros no transporte público

O que Nunes disse: que não houve diminuição no número de ônibus na cidade e que, antes da pandemia, havia 9 milhões de usuários do transporte coletivo, enquanto hoje são 7 milhões.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O número de passageiros aumentou, não diminuiu. Os dados da Secretaria Municipal de Mobilidade e Trânsito de São Paulo de setembro de 2019 apontam que 73,9 milhões de passageiros foram transportados naquele mês, o que dá uma média de 2,4 milhões de passageiros por dia. Já em setembro de 2024 foram 184,6 milhões de passageiros transportados, uma média de 6,1 milhões por dia.

Sobre a frota, também houve diminuição de 2019 para cá. Como daquele ano há apenas dados de setembro a dezembro, e os números mais recentes de 2024 são do mês passado, a comparação será feita entre os meses de setembro. Em 2019, a frota contratada para setembro era de 14.072; em 2020, o número caiu para 14.019; em 2021, caiu novamente para 13.842; em 2022, voltou a cair para 13.369. Em setembro de 2023, a cidade teve dois ônibus contratados a mais do que no mesmo mês do ano anterior, chegando a 13.371; e em setembro deste ano, o número voltou a cair para 13.287.

Investimentos da Sabesp

O que Nunes disse: que, com a desestatização da Sabesp, serão investidos R$ 68 bilhões, sendo R$ 28 bilhões em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O Plano Regional de Saneamento Básico prevê investimento de R$ 69 bilhões em municípios paulistas até 2029. Para a cidade de São Paulo, o investimento previsto até lá é de R$ 19 bilhões, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, e não de R$ 28 bilhões. O investimento total previsto para a capital é de R$ 84 bilhões até 2060. A previsão é que, até lá, a Sabesp invista R$ 260 bilhões no Estado. Em agosto deste ano, a empresa antecipou R$ 2,28 bilhões que seriam repassados à capital entre 2025 e 2029.

Guilherme Boulos (PSOL)

O candidato a prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) durante coletiva após debate.  Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Disparo em boate de Embu das Artes

O que Boulos disse: que Nunes já foi preso porque deu tiros para cima em uma boate.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso, porque Nunes não foi preso na ocasião. De acordo com reportagem do Estadão, Nunes disparou um tiro em uma casa noturna em Embu das Artes em setembro de 1996. O dono da pistola estava com Nunes no local, mas teria fugido na abordagem policial. Conforme a matéria, Nunes foi conduzido para delegacia de madrugada por portar uma arma sem licença e atirar em via pública ou local habitado. Ele assinou o termo circunstanciado – registro de uma ocorrência de infração penal de menor potencial ofensivo – e foi liberado para ir embora.

Cunhado do Marcola

O que Boulos disse: que um funcionário de carreira da Prefeitura chamado Eduardo Olivatto virou chefão na gestão Nunes. Ele seria cunhado de Marcola, líder da organização criminosa PCC.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. Boulos se refere ao chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb), Eduardo Olivatto, irmão da advogada Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola. Boulos omite, contudo, que Ana Maria morreu há mais de 20 anos. Ela foi assassinada em outubro de 2002, em Guarulhos, em razão de disputas de poder interno da organização criminosa. O texto afirma que não há indício de que a relação de Ana Maria com o líder da organização criminosa tenha influenciado a trajetória de Olivatto. O psolista já repetiu a afirmação em diferentes ocasiões, como no debate promovido pela TV Globo no primeiro turno das eleições municipais e no debate Estadão/Record no sábado passado.

Subsídios de ônibus

O que Boulos disse: que Nunes dobrou o dinheiro pago às empresas de ônibus como subsídio, mas as empresas reduziram em 20% as viagens.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado, porque o valor do subsídio não dobrou, embora as viagens tenham diminuído na proporção citada por Boulos. Em nota ao Verifica, a SPTrans informou que, para o ano de 2024, a Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovou o valor de R$ 5,6 bilhões para subsídios para as empresas de ônibus. De acordo com dados divulgados pelo g1, em 2020 o valor registrado foi de R$ 3,3 bilhões, enquanto em 2021 foi R$ 3,4 bilhões. Ou seja, embora o valor tenha crescido, não chegou ao dobro, como disse Boulos. A SPTrans afirma que o congelamento da tarifa em R$ 4,40 desde janeiro de 2020, a elevação dos custos de operação e as gratuidades oferecidas pela Prefeitura justificam a alta dos desembolsos municipais.

Em relação à queda de 20% no número de viagens, esse dado se refere à diminuição de deslocamentos realizados por semana pelos ônibus entre julho de 2019 e julho de 2023. Dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostram que a redução faz com que a população tenha de esperar mais tempo e enfrentar maior lotação dentro dos veículos.

Outro lado: Boulos repetiu uma alegação dita na sabatina da Rádio Eldorado em 3 de setembro. Naquela ocasião, a equipe de campanha afirmou que a fonte da informação dada pelo candidato é a notícia veiculada pelo Diário dos Transportes de que a Prefeitura havia executado R$ 3,29 bilhões e empenhado R$ 5,11 bilhões do total previsto para 2024.

Dinheiro em caixa

O que Boulos disse: que a cidade tem mais de R$ 22 bilhões em caixa.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Segundo o dado mais recente disponível no site da Secretaria Municipal de Fazenda, de setembro de 2024, a cidade de São Paulo tem R$ 23,2 bilhões em caixa.

Entrega de casas

O que Boulos disse: que Nunes não entregou nem 8 mil casas com “chave na mão, gente morando”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é subestimado. A Secretaria Municipal de Habitação informou ao Verifica no começo de outubro que foram entregues 10.348 unidades habitacionais desde 2021. A Prefeitura tinha divulgado, em dezembro do ano passado, a meta de viabilizar mais de 100 mil moradias até o fim de 2024. As casas efetivamente entregues respondem por cerca de 10% do total. Os números informados pela secretaria condizem com dados divulgados pela imprensa.

Outro lado: Boulos repetiu uma alegação dita no debate Folha/UOL em setembro. Naquela ocasião, a assessoria do candidato disse ao Verifica que o candidato se baseou em dados de agosto da Secretaria Municipal de Habitação, que mostrariam 7.348 unidades entregues. Procurada novamente, a secretaria reafirmou o número de 10.348 moradias entregues.

Boulos no debate da Globo. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Entrega de CEUs

O que Boulos disse: que Nunes não fez nenhum CEU na sua gestão.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Nunes assumiu a Prefeitura em maio de 2021, após a morte de Covas, e nenhuma unidade foi entregue de lá para cá, apesar de as obras terem começado em cinco delas.

Terceiro apagão

O que Boulos disse: que o apagão da semana passada é o terceiro ocorrido no governo de Nunes em menos de um ano.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Em novembro de 2023, São Paulo enfrentou um apagão após um forte temporal. Em março deste ano, o incidente se repetiu. De acordo com a Enel, concessionária responsável pela distribuição de energia elétrica na capital paulista, a interrupção do fornecimento teria sido fruto de uma ocorrência na rede subterrânea. Mais recentemente, no mês de outubro, 3,1 milhões de imóveis ficaram sem energia elétrica na região metropolitana de São Paulo, que sucedeu um forte temporal com ventos de velocidade superior a 100 quilômetros por hora.

Descriminalização de drogas

O que Boulos disse: que o que sempre defendeu em relação a drogas foi o critério de diferenciação do usuário e do traficante.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O psolista já defendeu, sim, a descriminalização das drogas em outras ocasiões. Em entrevista ao Brasil 247 em 2018, quando concorreu à Presidência, Boulos afirmou que “é preciso descriminalizar as drogas no Brasil” e “legalizar a maconha”. Como mostrou o Estadão, a campanha de Boulos à Prefeitura de São Paulo tem adotado um tom mais moderado para desconstruir sua imagem de “radical”, como uma das estratégias ajustar o seu discurso em temas sensíveis ao PSOL, como a descriminalização das drogas.

Oração em capela

O que Boulos disse: que uma oração em uma capela de cemitério custa R$ 580.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. De acordo com matéria publicada pelo g1 em abril, o Grupo Maya, concessionária que administra o Cemitério da Saudade, em São Miguel Paulista, cobrou R$ 523 da família de um policial militar para uso da capela do local. À reportagem, a concessionária confirmou que há cobrança para utilização do espaço e que o valor é de R$ 523 a hora. A quantia, segundo o texto, é cobrada à parte dos demais custos de sepultamento, velório e demais taxas.

Máfia das creches

O que Boulos disse: que Nunes está sendo investigado, sim, pela Polícia Federal na máfia das creches. Quem disse isso foi o próprio advogado do prefeito em vídeo postado nas redes de Boulos.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: falta contexto. Em 2019 teve início uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto esquema de desvio de verbas públicas destinadas ao atendimento de crianças de zero a três anos no município de São Paulo. Durante a apuração do caso, a PF encontrou supostos indícios da relação de Ricardo Nunes, então vereador, com uma empresa que teria participado do esquema. A empresa, segundo a PF, emitia notas frias, e teria depositado cheques no valor de R$ 31.590,16, no dia 27 de fevereiro de 2018, para Ricardo Nunes, parte para sua conta pessoal e parte para sua empresa Nikkei Serviços, como consta no relatório da PF. Ao indiciar 117 pessoas no fim de julho, – Nunes não consta da lista –, a PF pediu à Justiça Federal autorização para abrir um inquérito específico sobre a relação do prefeito Ricardo Nunes com a empresa. O Verifica não conseguiu confirmar se o inquérito foi, de fato, aberto e se Nunes é atualmente investigado pela PF.

Na noite desta sexta-feira, Boulos postou nas redes sociais trecho do que seria um documento em que a defesa de Nunes escreve: “Como se vê, o Reclamante (Ricardo Nunes) sempre foi alvo das investigações”. No documento, a defesa alega incompetência da Justiça Federal para julgar o caso. O Verifica não conseguiu confirmar a veracidade do documento.

Boulos em coletiva depois do debate da Globo. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

População de rua

O que Boulos disse: que a população de rua mais do que dobrou no governo de Ricardo Nunes, chegando a mais de 80 mil pessoas em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. De fato, de acordo com o Observatório Brasileiro de Políticas Públicas com a População em Situação de Rua, da Universidade Federal de Minas Gerais (OBPopRua/POLOS-UFMG), existem 80.369 pessoas em situação de rua na capital paulista. De acordo com o mesmo indicador, em 2021, ano em que Nunes assumiu a Prefeitura, esse número era 37.200. A quantidade, portanto, mais que dobrou.

Gratuidade de idosos

O que Boulos disse: que quem acabou com a gratuidade de idosos entre 60 e 65 anos nos transportes públicos foram Bruno Covas e Ricardo Nunes. A gratuidade só foi retomada após determinação da Justiça.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Em dezembro de 2020, o ex-prefeito Bruno Covas e o ex-governador João Doria decidiram retirar a gratuidade para idosos entre 60 e 65 anos em ônibus, trens e metrô na Capital. Covas conseguiu articular a proposta por meio de um projeto de lei aprovado na Câmara Municipal. Em janeiro de 2021, a 10ª Vara da Fazenda Pública da Capital mandou a Prefeitura retomar a gratuidade para idosos no transporte público, sob justificativa de que a medida feriu a moralidade administrativa ao não ser transparente em relação ao seu objeto. A Prefeitura, porém, só retomou a gratuidade em dezembro de 2022, quando Nunes já ocupava o cargo de prefeito. De acordo com o g1, a decisão ocorreu após o Tribunal de Justiça de São Paulo considerar inconstitucional a manobra da Câmara que pôs fim à gratuidade. Isso porque a medida foi aprovada pela Câmara dentro de um projeto de lei que autorizava a equipe técnica da Secretaria Municipal das Subprefeituras a “fiscalizar o cumprimento das leis, portarias e regulamentos no âmbito do território municipal” durante a pandemia da covid-19. O fim da gratuidade foi incluído em um substitutivo do projeto aprovado pelos vereadores, manobra considerada inconstitucional pelo Tribunal.

Caixão social

O que Boulos disse: que uma família não teve dinheiro para pagar R$ 750 por um caixão social.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. O custo dos sepultamentos em São Paulo aumentou após a privatização dos cemitérios da cidade. No entanto, as tabelas de preços das quatro concessionárias mostram que um caixão social custa menos do que R$ 750. O Consolare cobra R$ 585,80 por um caixão social de tamanho normal de âmbar; o Grupo Maya diz que um caixão social para adulto custa R$ 585,79. O grupo Velar também cobra R$ 585,79 pelo caixão social, mesmo valor cobrado pela concessionária Cortel.

Armadilha de mosquito

O que Boulos disse: que a gestão de Nunes pagou 40 vezes mais por armadilha de mosquito da dengue. A Fiocruz produzia o equipamento por R$ 10, mas o prefeito pagou R$ 400 para a empresa de um amigo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, a Prefeitura pagou R$ 400 por unidade de uma armadilha contra o mosquito transmissor da dengue. A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no entanto, desenvolve uma versão similar ao custo de R$ 10. Uma apuração da Agência Pública revelou que a Biovec Comércio de Saneantes, que vendeu as armadilhas, é de Marco Antônio Manzano Bertussi, que é próximo de Nunes. Ele e o prefeito são fundadores da Associação Brasileira das Empresas de Tratamento Fitossanitário e Quarentenário (Abrafit). O Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para investigar suposto superfaturamento na compra da armadilha.

Renegociação de dívida

O que Boulos disse: que Haddad renegociou a dívida de São Paulo com a União, reduzindo o valor de R$ 79 bilhões para R$ 32 bilhões.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é impreciso. De acordo com notícia de 2016 no site da Prefeitura de São Paulo, os números são outros. O saldo devedor passou de R$ 74 bilhões para R$ 27,5 bilhões.

Contrato para padrinho

O que Boulos disse: que a gestão de Nunes é investigada por obras emergenciais sem licitação e que o compadre do prefeito, padrinho de sua filha, teria recebido R$ 50 milhões de parte desses contratos.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é exagerado. Acusação semelhante já havia sido feita por Boulos em debate da Band, em agosto. Ele se refere a Pedro José da Silva, padrinho da filha de Nunes e dono da empresa DPT Engenharia e Arquitetura. Segundo divulgado pela imprensa, entre 2021 e 2023, na gestão de Nunes, os contratos com a prefeitura renderam R$ 43 milhões para a empresa, R$ 7 milhões a menos que o mencionado por Boulos.

A gestão de Nunes é investigada por obras emergenciais sem licitação. Reportagem do UOL, de março deste ano, apontou haver sinais de combinação de preços em pelo menos 223 de 307 contratos. Ao Verifica, o Tribunal de Contas do Município (TCM) informou que analisa 53 contratos emergenciais da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) desde 2022. O caso ainda não foi a julgamento.

Déficit

O que Boulos disse: que a gestão de Nunes fez déficit de mais de R$ 5 bilhões no ano passado.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é verdade. Segundo relatório no site da prefeitura, o exercício de 2023 resultou em déficit orçamentário consolidado de R$ 6,4

bilhões (página 25). As receitas arrecadadas totalizaram R$ 100,5 bilhões, enquanto as despesas empenhadas foram de R$ 106,8 bilhões.

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