Se você já leu nas redes sociais um alerta de que determinada postagem é falsa ou enganosa, agradeça a um fact-checker. Todos os dias, jornalistas do Estadão Verifica e de outros veículos brasileiros se dedicam a tentar reduzir os efeitos maléficos das ondas de desinformação que se espalham graças a algoritmos que privilegiam o engajamento e conteúdos controversos.
Em seus quase sete anos de existência, o Verifica, núcleo de checagem de fatos do Estadão, ajudou a reduzir o impacto de boatos fraudulentos sobre doenças, eleições, vacinas e políticos, entre outros tópicos. Para fazer isso de forma mais efetiva, trabalhamos em conjunto com plataformas de redes sociais – uma delas é o Facebook, cujo chefe, Mark Zuckerberg, anunciou hoje o fim do programa de parcerias com checadores, inicialmente nos Estados Unidos.
Em 2024, publicamos 1.057 checagens. A maioria se referia a conteúdos que viralizaram nas redes. Esses textos ajudaram a empresa Meta a colocar “rótulos” em postagens no Facebook e no Instagram. Quando um conteúdo foi classificado como falso, sua distribuição nas plataformas foi reduzida – nenhuma postagem foi apagada por ação de checadores.
O Verifica também combate a desinformação no WhatsApp, outra empresa da Meta. Um número está à disposição dos leitores que quiserem enviar conteúdo suspeito para checagem (11 97683-7490). No ano passado, essa linha teve 171 mil interações, entre consultas, respostas e distribuição de newsletters.
Entre 2019 e 2022, publicamos nada menos do que 639 textos sobre mentiras e boatos relacionados à pandemia de covid-19. Na época, circulavam nas redes falsidades sobre tratamentos milagrosos e teorias conspiratórias que buscavam associar pessoas ou grupos a uma suposta operação para reduzir a população mundial com a “criação” do coronavírus. Quando as vacinas chegaram aos postos de saúde, rumores tão perigosos quanto bizarros ganharam volume e impulso. Para complicar ainda mais o cenário, o então presidente Jair Bolsonaro, juntamente com autoridades de seu governo, promovia medicamentos ineficazes e boicotava orientações sobre segurança sanitária.
Uma das checagens publicadas na época mostrou que eram falsas as alegações de uma comentarista da Jovem Pan sobre a suposta relação entre a morte de cinco adolescentes e as vacinas. Dois dos jovens nem sequer haviam sido imunizados.
O Verifica também esteve atento às falsidades sobre urnas eletrônicas. De 2018 até as eleições de 2022, foram 143 checagens sobre as tentativas de deslegitimar o processo eleitoral brasileiro. Não sabíamos na época, mas parte desses rumores foi criada ou amplificada por grupos envolvidos em uma tentativa de golpe de Estado.
Em 18 de julho de 2022, mostramos que Bolsonaro apresentou dados falsos a embaixadores estrangeiros ao atacar as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral. No ano seguinte, o ex-presidente foi condenado por abuso de poder político e declarado inelegível por causa desse evento.
Declarações de candidatos a presidente, a governador e a prefeito também passam pelo crivo do Verifica. Os debates mais importantes das campanhas eleitorais realizadas desde 2018 foram checados ao vivo, com publicação de textos analíticos logo após o término dos confrontos.
No ano passado, apenas no mês de maio, publicamos 105 checagens sobre conteúdos enganosos relacionados à tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul.
O Verifica não está sozinho na batalha contra a desinformação. Fato ou Fake, Lupa, Aos Fatos, Reuters, AFP e UOL Confere são outros veículos dedicados ao fact-checking – os cinco últimos, assim como o Verifica, também participam do programa de checagens da Meta.
Além disso, o projeto Comprova, coordenado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), reúne uma coalizão de 42 organizações jornalísticas dedicadas a combater desinformação sobre políticas públicas, saúde e eleições. Em 2024, o sétimo ano de operação da coalizão, foram publicadas 275 reportagens produzidas em um ambiente colaborativo, em que profissionais de diferentes veículos trabalham juntos e compartilham experiências e fontes. O Estadão Verifica é um dos integrantes do Comprova.
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