O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo: Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB). Nesta semana, checamos alegações sobre subsídios de ônibus, moradores de favelas e de áreas de risco, asfaltamento de ruas e recursos de campanha.
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Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”. Os candidatos que aparecem nesta checagem são os mais bem colocados em pesquisas Datafolha.
Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.
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Guilherme Boulos (PSOL)
O que Boulos disse: em sabatina na rádio Eldorado na terça-feira, 3, afirmou que os subsídios para empresas de ônibus praticamente dobraram nos últimos três ou quatro anos, e que a frota diminuiu 20%.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em nota ao Verifica, a SPTrans informou que, para o ano de 2024, a Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovou o valor de R$ 5,6 bilhões para subsídios para as empresas de ônibus. De acordo com dados divulgados pelo g1, em 2020 o valor registrado foi de R$ 3,3 bilhões, enquanto em 2021 foi R$ 3,4 bilhões. Ou seja, embora o valor tenha crescido, não chegou ao dobro, como disse Boulos. A SPTrans afirma que o congelamento da tarifa em R$ 4,40 desde janeiro de 2020, a elevação do preço dos custos de operação e as gratuidades oferecidas pela prefeitura justificam a alta dos desembolsos municipais.
Em relação à frota de coletivos, o número diminuiu, comparando julho de 2024 e julho de 2021, de 13.948 para 13.261. A diminuição, portanto, seria de 4,9%. É possível que o candidato se referisse à queda de 20% no número de viagens realizadas por semana pelos ônibus entre julho de 2019 e julho de 2023. Dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostram que a redução faz com que a população tenha de esperar mais tempo e enfrentar maior lotação dentro dos veículos.
Outro lado: a assessoria afirmou que “o candidato não disse ‘dobrou’, mas que ‘praticamente’ ou ‘quase dobrou’”. De acordo com a equipe de campanha, a fonte da informação dita pelo candidato é a notícia veiculada pelo Diário dos Transportes de que a Prefeitura havia executado R$ 3,29 bilhões e empenhado R$ 5,11 bilhões do total previsto para 2024.
Pablo Marçal (PRTB)
O que Marçal disse: em entrevista ao programa Roda Viva, na segunda-feira, 2, o candidato falou que há cerca de 3,5 a 4 milhões de pessoas que vivem em periferias na cidade de São Paulo.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso. O número citado por Marçal se refere aos moradores de favelas em todo o Estado de São Paulo, e não apenas na Capital. Segundo o levantamento feito pelo Data Favela e pelo Sebrae em 2023, há 3,4 milhões de pessoas vivendo em comunidades periféricas no Estado.
Não foram encontrados dados que estimem a quantidade de moradores nas favelas no município de São Paulo. De acordo com os números do portal HabitaSampa, da Secretaria Municipal de Habitação, existem 398.677 domicílios nas favelas da cidade.
Outro lado: a assessoria não respondeu.
Ricardo Nunes (MDB)
O que Nunes disse: que o programa Transcidadania, criado na gestão do ex-prefeito Fernando Haddad (PT), era de R$ 500 e destinado a 100 pessoas. Segundo o prefeito, o alcance do programa foi ampliado para mais de 600 beneficiários, que ganham mais de R$ 1,2 mil.
O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. O primeiro ano do Transcidadania, em 2015, contava com 100 vagas e pagava auxílio de R$ 827,40, segundo a Prefeitura de São Paulo. O valor subiu para R$ 983,34 em 2016. Neste ano, a bolsa é de R$ 1.482,60 e são 960 vagas. O benefício existia como Programa Operação Trabalho (POT) LGBT desde 2008.
Outro lado: Segundo a assessoria, o candidato confundiu o valor inicial do benefício, “devido aos grandes avanços de valores, de atuação e abrangência deste programa na sua gestão”.
José Luiz Datena (PSDB)
O que Datena disse: durante o debate promovido pela TV Gazeta com o canal MyNews no domingo, 1, o candidato afirmou que “quase 1 milhão de pessoas” moram em áreas de risco.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O dado citado por Datena se aproxima ao número de moradores em áreas consideradas de risco no Estado de São Paulo. São 1.552.836 de pessoas nessa situação. A cidade de São Paulo tem 674.329 pessoas em locais mapeados ao risco geo-hidrológico. Os dados foram detalhados em uma nota técnica da Casa Civil, publicada em abril deste ano.
Outro lado: a assessoria do candidato não respondeu.
Tabata Amaral (PSB)
O que Tabata disse: em sabatina da rádio Eldorado nesta quarta-feira, 4, afirmou que a campanha dela é a que tem menos recursos, entre as principais.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Segundo dados do portal DivulgaCand Contas, da Justiça Eleitoral, a campanha de Tabata tem receita total de R$ 14,5 milhões. Entre as principais candidaturas, ela aparece à frente das receitas declaradas de Pablo Marçal (R$ 1,7 milhão), Marina Helena (R$ 2,7 milhões) e Datena (R$ 3,7 milhões).
Outro lado: a assessoria da candidata não respondeu.
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