Verifica nas eleições: veja checagens das entrevistas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo

Confira o que é verdadeiro ou falso no que disseram na última semana Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB)

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Atualização:

O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), José Luiz Datena (PSDB) e Tabata Amaral (PSB). Nesta semana, checamos alegações sobre entrega de obras, fila do câncer, Bolsa Família, multas e reciclagem.

Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”. Os candidatos que aparecem nesta checagem são os mais bem colocados em pesquisas Datafolha.

Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.

Ricardo Nunes (MDB) no debate Rede TV/ UOL.  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

Ricardo Nunes (MDB)

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O que Nunes disse: em debate da RedeTV/UOL na terça-feira, 17, afirmou que vai entregar 8.400 obras até o final do mandato.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. A Secretaria Executiva de Planejamento e Entregas Prioritárias (Sepep) informou esta semana ao Verifica que a cidade tem 8.430 obras registradas nesta gestão, sendo 6.472 já concluídas e 1.849 em execução.

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Porém os dados divergem do que informaram tanto o candidato quanto o órgão no início deste mês. Durante sabatina da rádio Eldorado, em 2 de setembro, Nunes declarou que entregaria 7 mil obras ao longo da gestão. A Sepep confirmou que havia 7.004 obras registradas, sendo 5 mil concluídas e mais de 2 mil em execução.

A assessoria do candidato informou que usa dados oficiais da Prefeitura. Questionada sobre a diferença entre os números, a Secretaria de Governo Municipal (SGM) informou que faz o monitoramento de todas as obras por meio da Unidade de Entregas da Sepep e que os dados são atualizados periodicamente. Na última atualização, afirma a Secretaria, o número de obras aumentou de 7.004 em maio para 8.430 no início de setembro. Porém, como dito anteriormente, tanto o prefeito quanto a secretaria haviam informado um número menor em setembro.

A Prefeitura de São Paulo não mantém uma base de informações transparente que relacione quantas obras estão em execução e quais são elas. A reportagem perguntou como acessar uma lista com detalhes das obras, mas não teve resposta. Anteriormente, a gestão municipal havia informado que o portal Obras Abertas, em que essas informações deveriam ser divulgadas ao público, está em fase de atualização. A equipe de campanha de Nunes afirmou que “a gestão entendeu que o portal Obras Abertas não contemplava a totalidade do processo e adotou um novo instrumento de gestão”.

Boulos em sabatina do Estadão. Foto: Werther Santana/Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

O que Boulos disse: em debate da RedeTV/UOL na terça-feira, 17, disse que há mais de 2 mil pessoas na “fila do câncer” em São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Segundo dados obtidos pelo Verifica por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), há 1.831 pacientes na fila de espera por atendimento oncológico na rede pública municipal.

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Pablo Marçal (PRTB) no debate Rede TV/ UOL.  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

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Pablo Marçal (PRTB)

O que Marçal disse: durante debate promovido pela RedeTV/UOL na terça-feira, 17, o candidato disse que, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), beneficiários do Bolsa Família podiam ter renda alternativa e continuar recebendo o benefício. No governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, essa possibilidade foi cortada.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O programa beneficia pessoas que têm emprego formal com registro em carteira, microempreendedores individuais (MEI) ou aqueles que têm outras fontes de renda. A principal regra para receber o benefício é que a família tenha renda mensal de até R$ 218 por pessoa. Isso quer dizer que toda renda gerada pela família no mês, dividida pelo número de pessoas que moram na casa, não pode ultrapassar esse valor.

Ainda que um integrante da família consiga um emprego fixo e a renda mensal fique acima de R$ 218 por pessoa, o programa tem um mecanismo chamado Regra de Proteção. A regra garante a continuação da bolsa, desde que o aumento de renda não ultrapasse meio salário mínimo por pessoa (atualmente, R$ 706). Por essa regra, os beneficiários passam a receber 50% do valor regular do Bolsa Família por um período de até dois anos. Se a família perder a renda extra depois do período, o benefício volta a ser pago.

Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta segunda-feira, 16, mostrou que quase 6 em cada 10 novas vagas com carteira assinada preenchidas de janeiro a julho de 2024 são ocupadas por beneficiários do Bolsa Família. As vagas alcançam famílias que recebem o benefício e que podem continuar no programa pela regra de proteção.

José Luiz Datena no debate Rede TV/ UOL.  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

José Luiz Datena (PSDB)

O que Datena disse: durante sabatina dos jornais O Globo, Extra e Valor e da rádio CBN nesta quarta-feira, 18, afirmou que há R$ 5 bilhões de multas na cidade de São Paulo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. De acordo com o Fundo Municipal de Desenvolvimento de Trânsito (FMDT), o valor acumulado do exercício de 2023 em multas de trânsito na cidade de São Paulo foi de R$ 1,6 bilhão. Em 2022, a Prefeitura arrecadou R$ 2 bilhões em multas, enquanto em 2021 esse valor foi de R$ 779 milhões.

Outro lado: A assessoria não respondeu.

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Tabata Amaral no debate Rede TV/ UOL.  Foto: TABA BENEDICTO / ESTADAO

Tabata Amaral (PSB)

O que Tabata disse: em sabatina da BandNews, na quarta-feira, 18, disse que São Paulo recicla menos de 1% do seu lixo.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é subestimado. Uma reportagem da Folha de S. Paulo de 2019 mostrou que São Paulo recicla entre 2% e 3% do seu lixo. Os dados foram levantados pela associação de empresas de limpeza (Abrelpe). A matéria mostrou que, na época, São Paulo ocupava a 10ª posição no ranking de cidades que reciclavam seu lixo.

Outro lado: a candidata não respondeu.