Verifica nas eleições: veja checagens das entrevistas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo

Confira o que é verdadeiro ou falso no que disseram na última semana Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB)

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Atualização:

O Estadão Verifica ficou de olho no que disseram durante a última semana os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo: Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB).

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Nesta semana, checamos alegações sobre moradias, cobertura vacinal, avaliação do ensino, denúncia contra servidores e auxílio-aluguel.

Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”. Os candidatos que aparecem nesta checagem são os mais bem colocados em pesquisas Datafolha.

Clique em cada nome abaixo para ver a checagem.

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Candidato Guilherme Boulos (Psol). Foto: Werther Santana/Estadão

Guilherme Boulos (PSOL)

O que Boulos disse: no debate Folha/UOL na segunda-feira, 30, disse que Ricardo Nunes havia prometido o maior programa de moradia da cidade, mas entregou 8 mil unidades, nem 10% do total.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é subestimado. A Secretaria Municipal de Habitação informou ao Verifica que foram entregues 10.348 unidades habitacionais desde 2021. A Prefeitura tinha divulgado, em dezembro do ano passado, a meta de viabilizar mais de 100 mil moradias até o fim de 2024. As casas efetivamente entregues respondem por cerca de 10% do total.

O número informado pela Secretaria Municipal de Habitação corresponde a dados divulgados pela imprensa. Em agosto deste ano, matéria da Folha informou que a gestão de Ricardo Nunes havia entregado 10 mil casas desde 2021.Seis meses antes, a Gazeta do Povo publicou que 9.742 casas haviam sido entregues. Já no próprio site da Prefeitura, texto de 15 de abril deste ano informava o número de 10.332 unidades entregues.

O outro lado: a assessoria disse que o candidato se baseou em dados de agosto da Secretaria Municipal de Habitação, que mostrariam 7.348 unidades entregues. Procurada novamente, a secretaria reafirmou o número de 10.348 moradias entregues e acrescentou que só reconhece dados oficialmente apresentados pela própria pasta.

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Ricardo Nunes (MDB), prefeito e candidato à reeleição.  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Ricardo Nunes (MDB)

O que Nunes disse: no debate Folha/UOL na segunda-feira, 30, disse que a Prefeitura está conseguindo chegar perto de 95% de cobertura em todos os níveis do Programa Nacional de Imunizações (PNI), como com as vacinas contra poliomielite e meningite.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Segundo dados do mês de abril divulgados no site de metas da Prefeitura, a cobertura vacinal era de 88,07% contra a poliomielite; 84,09% na vacina pneumocócica 10v; 87,77% na pentavalente; e 96,16% na tríplice viral, única que ultrapassou a meta de 95%. A vacina contra meningite não aparece no site de metas.

Dados atualizados em 2 de outubro de 2024 pelo Ministério da Saúde mostram uma cobertura menor. Atualmente, São Paulo tem a seguinte cobertura: 81,4% na vacina injetável contra a poliomielite e 84,81% no reforço oral bivalente; 76,65% na vacina pneumocócica 10v e 122,64% no 1º reforço; 80,98% na pentavalente; 89,95% na 1ª dose da tríplice viral e 83,92% na 2ª dose; e 80,36% na meningocócica C e 86,65% no 1º reforço.

Outro lado: a equipe do candidato afirmou que “a cidade de São Paulo está, sim, perto do índice de 95% de vacinação, segundo os dados do Boletim de Coberturas Vacinais”. O documento citado foi publicado em 6 de junho e é alimentado com doses aplicadas até 29 de fevereiro. Nele, a Prefeitura afirma que a cobertura para a vacina contra a poliomielite é de 94,43%; para a pneumocócica é de 89,07%; para a pentavalente é de 93,85%; e para a meningocócica C é de 90,90%. Não há informações sobre tríplice viral. A equipe do candidato afirma que a diferença para os dados federais ocorre porque o portal do Ministério da Saúde não comporta o volume de informações enviado pela cidade.

Candidato Pablo Marçal (PRTB).  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Pablo Marçal (PRTB)

O que Pablo Marçal disse: durante o debate da Record, no sábado, 28, afirmou que a cidade está com o pior Ideb da história apesar de gastar R$ 25 bilhões em educação.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) em 2023 não foi o pior na história da Capital. Segundo dados registrados pela plataforma QEdu, os piores resultados foram obtidos em 2005 (anos iniciais) e 2007 (anos finais). No ano passado, o resultado do 1º ao 5º ano da rede municipal de ensino foi de 5,6, enquanto do 6º ao 9º a nota foi de 4,8.

Veja as notas dos anos anteriores:

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  • 2017: 6,0 nos anos iniciais e 4,2 nos anos finais.
  • 2015: 5,8 nos anos iniciais e 4,3 nos anos finais.
  • 2011: 4,8 nos anos iniciais e 4,3 nos anos finais
  • 2009: 4,7 nos anos iniciais e 4,2 nos anos finais
  • 2007: 4,3 nos anos iniciais e 3,9 nos anos finais
  • 2005: 4,1 para ambos os níveis

Não há dados divulgados pelo município em 2013. O índice que mede a qualidade da educação brasileira existe desde 2005, mas foi regulamentado em 2007 por meio do Decreto nº 6.094.

O Caderno do Orçamento, publicado pela Secretaria da Fazenda em julho, informa que a receita para a educação do município é de R$ 25,8 bilhões. A lei orçamentária aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo destinou R$ 21,8 bi para a Secretaria de Educação.

Outro lado: a campanha do candidato não respondeu.

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Candidata Tabata Amaral (PSB).  Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Tabata Amaral (PSB)

O que Tabata disse: em entrevista ao Flow Podcast, na sexta-feira, 27, disse que a Prefeitura optou por não afastar agentes públicos e por não fechar hotéis e ferros velhos que estavam envolvidos com o tráfico na Cracolândia.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A Prefeitura informou ao Verifica que afastou todos os agentes envolvidos no esquema citado por Tabata até a conclusão do processo. Em agosto, a administração municipal havia informado à CNN que, dos quatro agentes presos, dois haviam sido exonerados.

Em relação a hotéis e ferros velhos,a Secretaria de Segurança de São Paulo informou também em agosto ao Estadão que os imóveis foram “interditados e lacrados”, para evitar o retorno das atividades. Agora, ao Verifica, a Subprefeitura da Sé informou que 81 locais foram lacrados, entre hotéis, pensões, ferros-velhos, reciclagem, estacionamento e lojas de celular.

Como mostrou o Estadão, a Operação Salus et Dignitas do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público descobriu que guardas-civis metropolitanos de São Paulo estavam extorquindo comerciantes na Cracolândia e cobrando uma taxa em troca de “proteção”. Os agentes também são suspeitos de venda ilegal de armas na região. Pelo menos 26 guardas são investigados pelos crimes. Quatro foram denunciados e presos, mas uma foi solta por decisão da Justiça por ser mãe e ter filhos pequenos.

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Outro lado: a equipe da candidata não respondeu.

Candidato José Luiz Datena (PSDB).  Foto: Werther Santana/Estadão

José Luiz Datena (PSDB)

O que Datena disse: durante o debate promovido pela Record no último sábado, 28, afirmou que a cidade de São Paulo não pode ter um auxílio-aluguel de R$ 600, se “qualquer barraco” custa entre R$ 800 e R$ 1.000.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso. Na realidade, o auxílio-aluguel é de R$ 400. De acordo com a Portaria da Secretaria Municipal de Habitação nº 131/2015, o pagamento serve para “complementar a renda familiar e contribuir para cobrir despesas relacionadas à moradia”. Esse valor é pago desde 2015, sem reajuste desde então. Segundo a Prefeitura, mais de 21 mil famílias recebem o benefício.

A portaria prevê o pagamento de R$ 600 mensalmente apenas em casos de necessidade de remoção de áreas de risco, desde que haja disponibilidade orçamentária. A avaliação da área deve estar de acordo com a caracterização da Defesa Civil e das Subprefeituras.

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Outro lado: a campanha do candidato não respondeu.