Posts usam imagens dos EUA, Honduras e Vietnã para dizer que ciclone-bomba atingiu praia no Rio

Fenômeno formado no Atlântico Sul, longe do continente, provocou reflexos no final de semana no Rio Grande do Sul; alerta de perigo para o Rio de Janeiro tem a ver com frente fria no litoral

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Foto do author Clarissa Pacheco

O que estão compartilhando: que uma praia do Rio de Janeiro foi atingida por um ciclone-bomba e ninguém sobreviveu. As postagens mostram três imagens diferentes.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. As imagens foram feitas, na realidade, nos Estados Unidos (2017), em Honduras (2007) e no Vietnã (2010). Um ciclone-bomba que se formou no Atlântico Sul no final de semana trouxe tempestades no Rio Grande do Sul, mas permaneceu longe do continente. O Rio de Janeiro tem alerta de perigo para acumulado de chuva, entre esta quarta-feira, 4, e a quinta, 5, mas os alertas não mencionam relação com ciclone-bomba. O alerta de perigo para acumulado de chuva está associado a uma frente fria e aponta para o risco de alagamentos, deslizamentos de encostas e transbordamento de rios. Ele vale para quase todo o Estado do Rio de Janeiro e afeta, ainda, algumas cidades de São Paulo.

 Foto: Reprodução/Facebook

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Saiba mais: Os posts que viralizaram no Facebook mostram uma montagem com três imagens de eventos climáticos, junto com um texto sobreposto a elas, onde se lê a palavra “CONFIRMADO”. A legenda diz: “Urgente Praia do Rio de Janeiro é atingida por ciclone-bomba ninguém sob… ver mais (sic)”.

Embora não seja possível ler a frase inteira, fica claro que o post faz os leitores acreditarem que ninguém sobreviveu à passagem do ciclone. O trecho “ver mais” não é um link clicável, uma estratégia comum para fazer com que as pessoas cliquem no post em busca de mais informações, quando estas não existem.

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Imagens são antigas e não foram feitas no Brasil

Das três imagens utilizadas no post, a mais recente foi feita há sete anos, nos Estados Unidos. É um registro da passagem do furacão Irma pela cidade de Fort Lauderdale, no estado da Flórida, em 10 de setembro de 2017.

O Verifica localizou esta – e as outras duas fotografias – utilizando a busca reversa de imagens do Yandex, TinEye e Google (veja aqui como fazer).

A imagem do furacão foi feita pelo fotógrafo Chip Somodevilla, do Getty Images, no mesmo dia em que o Irma tocou a costa dos Estados Unidos no estado da Flórida. Antes de chegar aos Estados Unidos, o furacão tinha passado pelas Bahamas, Cuba e Porto Rico, onde deixou pelo menos 17 mortos. Na Flórida foram outras 50 vítimas fatais.

Em setembro de 2010, fotógrafo Chip Somodevilla, da Getty Images, registrou passagem do furacão Irma em Fort Lauderdale, no estado americano da Flórida. Imagem está disponível para venda no site Foto: Reprodução/Getty Images

A segunda imagem a aparecer no post também não tem nenhuma relação com o Brasil. Ela foi feita em Honduras, em 2007, durante a passagem do furacão Felix, que atingiu diversos países da América Central em setembro daquele ano.

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O registro usado na publicação é do fotógrafo Yuri Cortez, da AFP, e foi feito no dia 4 de setembro de 2007 na cidade portuária de La Ceiba, em Honduras. A imagem foi parar em uma galeria com outros registros da passagem do furacão publicada pelo jornal britânico The Guardian.

Jornal britânico The Guardian publicou galeria com fotos da passagem do furacão Felix na América Central. Registro acima foi feito em Honduras pelo fotógrafo Yuri Cortez, da AFP Foto: Reprodução/The Guardian

A última imagem, na parte de baixo da montagem, é de 2010 e foi feita no Vietnã, quando o tufão Conson atingiu o país. O registro foi feito em 17 de julho de 2010 e também foi publicado pelo site Getty Images. A foto mostra ondas atingindo a costa vietnamita ao norte de Hai Phong.

Naquele dia, uma pessoa morreu e 12 foram dadas como desaparecidas. Antes de chegar ao Vietnã, o Conson já tinha atingido as Filipinas e deixado pelo menos 65 mortos e 87 desaparecidos.

Em 2010, tufão Conson chegou ao Vietnã depois de fazer vítimas nas Filipinas. Imagem usada no post como se fosse do Rio de Janeiro é, na verdade, registro feito em Hai Phong, e disponível no site do Getty Images Foto: Reprodução/Getty Images

Frente fria no Rio de Janeiro

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), existe um alerta de perigo vigente para boa parte do Rio de Janeiro nesta quarta e quinta-feira, mas não foi mencionada relação com ciclone-bomba. O alerta é para acumulado de chuva, que pode chegar a 100 mm em alguns locais.

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A agência Climatempo relaciona o acumulado de chuva a uma frente fria quase parada no litoral fluminense, favorecendo tempo instável e condições para chuva forte em vários momentos do dia.

A MetSul Meteorologia apontou que o ciclone-bomba se intensificou nas últimas 48 horas e deve provocar aumento das ondas no litoral do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Apesar disso, ele permanece longe do continente e o risco de ressaca não deve ser tão elevado.

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