Colégio de Manaus que concorre a prêmio internacional não é escola cívico-militar

Unidade escolar faz parte da rede de colégios militares das Forças Armadas, e não do projeto educacional que integra civis e militares na gestão e que foi encerrado no governo Lula

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Por Bernardo Costa

O que estão compartilhando: postagens relacionam o Colégio Militar de Manaus – que concorre ao prêmio “Melhores Escolas do Mundo 2024″, da organização T4 Education – com o projeto das escolas cívico-militares. E fazem ataques ao governo Lula e ao PT, que se posicionaram contra o projeto.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. As postagens relacionam os dois modelos de ensino como se fossem a mesma coisa. Porém, o Colégio Militar de Manaus e as escolas cívicos-militares seguem projetos pedagógicos distintos.

Captura de tela de uma das postagens verificadas Foto: Reprodução/Instagram

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Saiba mais: As postagens compartilham manchete de um blog apócrifo, de orientação bolsonarista, que destaca o fato de o Colégio Militar de Manaus estar como finalista de um prêmio que reconhece as melhores escolas do mundo em diferentes categorias. A reprodução da manchete vem acompanhada de ataques ao governo Lula e ao PT. O partido entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF), em junho, para reconhecer a inconstitucionalidade da lei sancionada pelo governo de São Paulo que cria escolas cívico-militares no Estado.

Uma das postagens foi feita pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele compartilha arte com manchetes sobre os dois assuntos e os dizeres: “entendeu?” e “quanto mais educação, menos doutrinação!”. Na legenda do post, escreve: “As escolas cívico-militares promovem disciplina, respeito e cidadania, essenciais na formação dos nossos pequenos brasileiros! A vontade do presiDENGUE é tão somente de transformar nossas crianças em células da esquerda!”.

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O senador confunde os dois tipos de gestão. Os colégios militares do País, como o de Manaus, e as escolas cívico-militares são unidades com modelos pedagógicos distintos. Os colégios militares são administrados pelas Forças Armadas, que têm autonomia para montar currículo e estrutura pedagógica. Eles formam boa parte dos jovens que querem seguir carreira militar e têm um processo de seleção de alunos mais criterioso. São instituições tradicionais. A de Manaus, por exemplo, foi fundada em 1971.

Já o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, em setembro de 2019. O programa consistia na adesão voluntária de escolas públicas estaduais e municipais a um modelo que contaria com a participação de militares da reserva ou policiais e bombeiros em atividades de gestão, assessoria ou monitoria. As Secretarias de Educação de estados e municípios mantinham autonomia sobre os processos didático-pedagógicos. O programa foi encerrado no governo Lula em 2023.

Após o anúncio do fim do programa, o governador de São Paulo sancionou lei que institui as escolas cívico-militares em São Paulo.

Prêmio ‘Melhores Escolas do Mundo 2024′

O Colégio Militar de Manaus (CMM) é finalista, ao lado de outras três escolas públicas do País, do prêmio “Melhores Escolas do Mundo 2024”, oferecido pela organização T4 Education. São 10 finalistas em cada categoria. O CMM concorre no segmento Inovação, por levar educação a distância de qualidade a áreas remotas da Amazônia, de regiões de fronteira ou de outros países onde vivem filhos de militares que estão em missão. O programa, que dá destaque ao desenvolvimento do pensamento crítico e ao empreendedorismo sustentável, atende a mais de 500 alunos, distribuídos em 47 países.

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Além do CMM, também são finalistas do prêmio: a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, em São Paulo; o Núcleo de Ensino da Unidade de Internação de Santa Maria, no Distrito Federal; e a Escola Estadual de Ensino Médio Professora Maria Das Graças Escócio Cerqueira, no Pará.

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