Dados falsos sobre a subvariante ômicron XBB da covid-19 circulam no WhatsApp

Mensagem atribui, equivocadamente, queda de dentes à doença e maiores taxas de mortalidade; até agora, nada disso pode ser confirmado, conforme especialista

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Por Ana Luiza Serrão
Atualização:

Informações falsas sobre a subvariante ômicron XBB da covid-19 estão sendo divulgadas no WhatsApp como se fossem vinculadas ao Hospital Universitário Pedro Ernesto. Segundo a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), responsável pela unidade de saúde, neste caso, dados verdadeiros sobre a doença e suas variantes são divulgados apenas em seus perfis oficiais ou, diretamente, pela Secretaria de Saúde do Estado.


O uso de máscaras impede a disseminação de gotículas no ambiente, por isso é indicado para a proteção contra o coronavírus. Foto: Romeo Ranoco/Reuters

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"Quaisquer outras informações não devem ser consideradas como oficiais da Universidade ou do Hospital Universitário Pedro Ernesto", informou a instituição de ensino em nota ao Estadão Verifica.

Leitores pediram a checagem pelo número no WhatsApp (11) 97683-7490. A reportagem consultou o especialista Anastácio Queiroz, médico infectologista do Hospital São José de Doenças Infecciosas e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), para esclarecer os tópicos que circulam na mensagem. Leia abaixo as respostas do médico.

Quais são os sintomas da covid-19 na XBB, subvariante da ômicron?

Na realidade, essa é uma doença que tem uma variação muito grande de sintomas, especialmente entre jovens, imunologicamente competentes, e idosos, com muitas comorbidades. Mas, de modo geral, os sintomas são muito semelhantes: dor de cabeça, moleza, dor na garganta ou arranhado na garganta, coriza, congestão nasal, febre. São os sintomas gerais, enfatizando o trato respiratório superior.

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É verdade que esta subvariante é cinco vezes mais infecciosa do que a Delta?

O que se sabe é que ela parece ser mais transmissível. Se é cinco vezes ou mais, é bastante complicado você estabelecer, até porque não tem nenhum estudo feito nesse sentido ainda.

Esta subvariante pode ocasionar uma onda mais mortal do que a primeira onda de covid-19?

Eu acho que não dá para dizer ainda. Mesmo que alguém tenha ido a óbito, nós ainda vamos observar o risco, porque o número de casos ainda é pequeno para que nós possamos tirar uma conclusão definitiva.

O importante é as pessoas estarem atentas. Aqueles que tiverem sintomas gripais, devem evitar o contato com outros. Circular de máscara para que, realmente, não venham a infectar outras pessoas. Acho que esse é o ponto mais importante. E, claro, as pessoas devem se cuidar, consultar os seus médicos para que as medidas, que possam ser tomadas mais cedo, sejam realmente efetivas.

É verdade que esta cepa do coronavírus não é encontrada na região nasofaríngea?

Não, todos esses vírus entram pela nasofaringe, justamente o contato é através dessa via. O diagnóstico tem sido feito à maneira que se fazia anteriormente. Se não estiver presente na nasofaringe, na cavidade nasal, fica muito difícil de nós fazermos o diagnóstico [para covid-19].

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É verdade que esta subvariante XBB pode afetar diretamente os pulmões?

É possível, até porque a ômicron anterior, em algumas pessoas, causava quadros pulmonares. Então nós sempre temos que estar atentos, porque as grandes preocupações de qualquer pessoa com covid-19 são, basicamente, a questão pulmonar, com a microembolia pulmonar, e a questão respiratória. Se nós cuidarmos dessas duas questões, as pessoas, de modo geral, irão se recuperar. Então eu acho que é isso que têm que se observar e, se realmente é muito mais [afetado], nós temos que estar atentos para isso, mas eu acho que é cedo para nós colocarmos dessa maneira.

É verdade que os testes de swab nasal, geralmente, dão resultados negativos para a subvariante XBB?

Se alguém tiver covid-19, em algum momento o teste vai dar positivo. Pode não dar no primeiro ou no segundo dia, mas logo o teste deverá positivar, especialmente se nós utilizarmos um teste muito sensível. O importante é que, havendo suspeita, nós temos que repetir o teste. Nessa época, vários vírus respiratórios circulam.

É verdade que esta cepa do coronavírus faz os dentes caírem?

A única coisa que cai, em algumas pessoas, é o cabelo, mas é em um momento agudo da doença. Os dentes, não tenho conhecimento. Eu acompanhei mais de mil pacientes, mesmo nas formas mais graves, e nunca vi essa queixa, até porque os dentes são muito firmes. Então, realmente, eu não vi nada sobre isso. Não quer dizer que não tenha acontecido, mas eu não esperaria que isso estivesse acontecendo.

O que fazer para se prevenir desta subvariante do coronavírus?

Pessoas com sintomas respiratórios devem usar máscara e higienizar as mãos, porque vão evitar a transmissão. E claro que essas pessoas devem se restringir a ir em ambientes fechados, mesmo com máscara, para evitar a transmissão para outras pessoas. As medidas são as mesmas, todas aquelas que nos fazem evitar o contato com a secreção. Nós consideramos elas efetivas, porque evitam o contato com a secreção de quem está infectado.

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