Declaração de jornalista é tirada de contexto para sugerir que eleições foram fraudadas

Postagem recorta fala de Daniela Lima, que exemplicava ‘fake news’ que circulam sobre o resultado das urnas

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Por Rebeca Freitas
Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo de apenas 15 segundos da jornalista Daniela Lima, da Globonews. No trecho, ela diz textualmente “(...) Bolsonaro, na verdade, ganhou a eleição e, na verdade, foi tudo roubado pelo TSE, é o que? Olha quanta gente o Bolsonaro coloca na rua. E o Lula? Vive sozinho”. Legenda sobre o vídeo diz: “Eles não sabiam que estava com microfone ligado”.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. A declaração da jornalista foi recortada e tirada de contexto para embasar a teoria falsa de que a eleição presidencial de 2022 foi fraudada. O vídeo original permite entender que Daniela Lima estava dando um exemplo dos argumentos adotados por defensores da tese inverídica.

Declaração de jornalista é tirada de contexto para sugerir que eleições foram fraudadas. Foto: Reprodução

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Saiba mais: Um dos tópicos abordados durante o programa Central GloboNews foi um ato político com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que não atraiu o público esperado. A jornalista Eliane Cantanhêde observou, durante a discussão, que o Partido dos Trabalhadores (PT) parece não ter reconhecido que as estratégias de mobilização política sofreram mudanças, por isso o esvaziamento em comparação a atos de Bolsonaro. Cantanhêde fez ainda uma provocação de que Lula está “analógico” e não se atualizou na forma de se comunicar com seus eleitores, já que não tem telefone e não utiliza as redes sociais para engajar seu público da mesma maneira que Bolsonaro.

Daniela Lima corrobora para a discussão, comparando as multidões arrastadas por Lula e por Bolsonaro. A fala da jornalista na íntegra é: “Um dos pilares das fake news de que na verdade Bolsonaro ganhou a eleição e que na verdade foi tudo roubado pelo TSE, foi o que: ‘Olha só quanta gente o Bolsonaro bota (sic) na rua. E o Lula? Vive sozinho, tudo esvaziado os negócios dele, desde a campanha’.”

O recorte do vídeo tem circulado em plataformas como TikTok e YouTube e vem sendo utilizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro para propagar desinformação. A legenda da postagem diz ainda que os jornalistas não sabiam que o microfone estava ligado e que se tratava de uma cena de bastidores, o que é falso.

O vídeo original é do programa Central GloboNews, exibido em 2 de maio. O trecho foi televisionado e pode ser encontrado na íntegra na plataforma de streaming Globoplay. O programa, que se dedica a analisar os principais acontecimentos políticos da semana, contou ainda com a presença de mais jornalistas e comentaristas políticos, incluindo Natuza Nery, Fernando Gabeira, e Mauro Paulino.

Ato político esvaziado

O ato colocado em pauta por Cantanhêde foi realizado um dia antes da gravação do programa, no Dia do Trabalhador, em 1º de maio. O evento organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras lideranças sindicais contou com a presença do presidente Lula em São Paulo e reuniu menos de 2 mil pessoas, segundo pesquisa “Monitor do debate político”, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP).

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Segundo o monitor da USP, o ato em Itaquera teve a presença de 1.635 participantes. O levantamento tem uma margem de erro de 12%, ou seja, pode ter uma diferença de 196 pessoas para mais ou para menos. Com isso, o evento que reuniu as principais centrais sindicais do País pode ter tido até 1.831 pessoas ou 1.439 participantes. Para a contagem do público, os pesquisadores utilizaram um software que contabilizou o número de pessoas presentes no pico de comparecimento, às 13h46, poucos minutos antes do discurso de Lula.

O ato teve um público abaixo do que esperavam Lula e o presidente da Força Sindical, Miguel Torres: 50 mil pessoas, conforme noticiado pelo Estadão em maio.

Bolsonaro foi ganhador das eleições de 2022?

Não, Lula foi eleito Brasil com 50,90% dos votos em 2022. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para conquistar o cargo de presidente da República, o candidato escolhido em convenção partidária e com registro deferido pelo TSE precisa obter, pelo menos, a metade mais um dos votos válidos no dia da eleição. São considerados votos válidos aqueles recebidos diretamente pelo candidato, não sendo computados os brancos e os nulos digitados nas urnas.

Quando ninguém obtém a metade mais um dos votos válidos no primeiro turno da eleição, é necessário realizar um segundo turno do pleito, a ser disputado apenas pelos dois mais votados no primeiro turno. O segundo turno é uma nova eleição, ou seja, os votos do primeiro turno não são computados nesta segunda etapa. Será eleito para a Presidência da República aquele que receber mais votos válidos no segundo turno.

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