Notícia sobre morte de juiz em Pernambuco é de 2023 e não tem relação com caso Deolane Bezerra

Postagens nas redes sociais tiram de contexto reportagem sobre assassinato de Paulo Torres Pereira da Silva, que foi ao ar no ‘Jornal da Globo’ em outubro do ano passado

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O que estão compartilhando: que o juiz responsável pelo julgamento da advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra teria sido assassinado a tiros em Pernambuco.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. Postagens tiram de contexto uma notícia sobre o assassinato de um juiz em Jaboatão dos Guararapes, região metropolitana do Recife (PE), que foi ao ar no Jornal da Globo em outubro de 2023. As peças enganosas exibem a íntegra do momento em que a jornalista Renata Lo Prete anuncia o falecimento de Paulo Torres Pereira da Silva, de 69 anos, morto a tiros dentro do próprio carro. Os conteúdos omitem que o caso ocorreu quase um ano antes de Deolane ter sido presa pela primeira vez, no dia 4 de setembro deste ano.

Postagens tiram de contexto notícia sobre o assassinato de um juiz em Jaboatão dos Guararapes (PE), que foi ao ar no Jornal da Globo em outubro de 2023 Foto: Reprodução/TikTok

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Saiba mais: o vídeo verificado foi publicado no TikTok e circula em outras redes sociais, como no Instagram. Leitores também solicitaram a checagem desse conteúdo por meio do WhatsApp do Estadão Verifica, pelo número (11) 97683-7490.

A partir de uma busca no Google pelos termos “assassinato” e “juiz Paulo Torres Pereira da Silva”, a reportagem identificou que se tratava de um caso noticiado em 2023, sem relação com Deolane Bezerra. A influenciadora foi presa na Operação Integration, comandada pela Polícia Civil de Pernambuco, que mira uma organização criminosa suspeita de envolvimento em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. A notícia que foi retirada de contexto pode ser acessada no serviço de streaming Globoplay.

Paulo Torres Pereira da Silva atuava na 21ª Vara Cível do Recife e era juiz há quase 34 anos. Ele foi assassinado no dia 19 de outubro de 2023 e, no dia 10 de junho deste ano, três dos cinco acusados pela morte de Silva foram condenados pelo juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca de Jaboatão dos Guararapes, pelos crimes de “latrocínio (roubo seguido de morte), adulteração de sinal identificador de veículo, corrupção de menor e associação criminosa”, conforme informa o site do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

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Deolane Bezerra segue presa

A advogada e influenciadora foi presa no dia 4 de setembro, em uma operação da Polícia Civil de Pernambuco que mira uma organização criminosa suspeita de envolvimento em jogos ilegais e lavagem de dinheiro. Ela e a mãe, Solange Bezerra, foram presas na mesma data e encaminhadas para a Colônia Penal Feminina do Recife (CPFR), na região metropolitana.

No dia 9, a defesa de Deolane conseguiu habeas corpus para colocá-la em prisão domiciliar, já que ela é mãe de uma criança de 8 anos. Bezerra foi liberada e deixou a unidade prisional após colocar tornozeleira eletrônica. Uma das condições impostas pela Justiça é de que ela não fizesse manifestações públicas. No entanto, ao sair da Colônia Penal, a influenciadora falou com os jornalistas e com fãs que se aglomeravam no local. No mesmo dia, postou uma foto no Instagram em que aparece com a boca coberta por uma fita, com a inscrição de um “X” no meio.

No dia 10, Deolane teve a prisão domiciliar revogada pelo descumprimento de medidas cautelares impostas pela Justiça. Ela foi levada para a Colônia Penal Feminina de Buíque, a 280 quilômetros do Recife, onde segue presa desde então. De acordo com matérias publicadas por veículos de imprensa na última quarta-feira, 18, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) rejeitou um novo pedido de liberdade feito pela defesa de Bezerra (aqui e aqui).

Conforme mostrou o Estadão em matéria publicada no dia 20, o Ministério Público de Pernambuco (MPE) pediu a substituição das prisões dos investigados na Operação Integration por medidas cautelares até a realização de novas diligências. Em nota, o MP esclareceu que “após minuciosa análise dos autos da investigação denominada ‘Operação Integration’, concluiu que, no momento, para embasar a acusação formal seriam necessárias algumas diligências complementares às que já foram levadas a efeito pelo Polícia Judiciária do Estado de Pernambuco”. Até o momento, não há informações oficiais sobre eventual soltura de investigados.

A peça verificada foi desmentida por Lupa, UOL Confere e Boatos.org.

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