Discurso de Bolsonaro a militares é antigo e não tem relação com manifestações

Vídeo em que o presidente diz que tem o povo brasileiro como ‘maior exército do mundo’ é de abril deste ano; publicações no Facebook retiram fala do sentido original

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Por Maria Eduarda Nascimento

Publicações no Facebook retiram de contexto uma declaração do presidente Jair Bolsonaro feita no início do ano durante uma cerimônia de cumprimento a militares promovidos a oficiais-generais. As postagens compartilham um trecho da fala de Bolsonaro e relacionam o discurso do presidente com as manifestações contra o resultado das eleições. Na legenda, os autores afirmam falsamente que a solenidade ocorreu nesta segunda-feira, 28.

 

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Ao contrário do que sugere as postagens, a cerimônia de cumprimento aos militares promovidos a oficiais-generais aconteceu no dia 5 de abril, no Palácio do Planalto, em Brasília. No trecho retirado de contexto, Bolsonaro diz que tem o povo brasileiro como "maior exército do mundo" para atingir seus objetivos e garantir a democracia e liberdade no País. Em nenhum momento o presidente cita as eleições, que ocorreram seis meses após a declaração.

Na legenda de uma das publicações, que já ultrapassa 70 mil visualizações, o autor transcreve a frase dita pelo presidente e sugere que a declaração demonstra apoio às manifestações contrárias ao resultado das eleições. No texto, ele pede para que os apoiadores de Bolsonaro não saiam do QG, abreviação de Quartel-General do Exército, que em Brasília tem sido local de referência para a concentração de manifestantes que não aceitam a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Às vésperas de completar um mês do resultado do 2º turno das eleições, manifestantes continuam a questionar a vitória de Lula e pedem de nova eleição a intervenção militar. A cerimônia de cumprimento aos militares que foram promovidos foi transmitida pela TV Brasil e a íntegra da solenidade pode ser conferida no canal da rede de televisão no YouTube.


Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

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Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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