O que estão compartilhando: que o dono da clínica Mais Consulta teria afirmado que é verdadeiro o laudo que indica o uso de cocaína pelo candidato à Prefeitura Guilherme Boulos (PSOL). A clínica é citada no documento compartilhado pelo ex-coach Pablo Marçal (PRTB) antes do primeiro turno.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O laudo apresenta diversos indícios de falsidade, como já mostrou uma checagem do Verifica. Tanto a Polícia Civil como a Polícia Federal reconheceram que o laudo é falso. Luiz Teixeira da Silva Júnior, dono da clínica Mais Consulta, negou envolvimento com o caso. Em nota ao Verifica, a defesa do empresário classificou como falsa a alegação de que ele teria reconhecido a veracidade do documento. O comunicado reforça a falsificação do laudo e afirma que Boulos nunca foi atendido nas clínicas de Luiz Teixeira.
Saiba mais: na noite do dia 4 de outubro, Marçal divulgou um suposto laudo médico que indicaria encaminhamento de Boulos para uma emergência psiquiátrica em 2021, sob justificativa de uso de cocaína. O documento, contudo, apresenta diversas incoerências e indícios de fabricação. As polícias Civil e Federal concluíram que a assinatura do médico já falecido José Roberto de Souza, que consta no documento, foi falsificada.
Saiba mais
Mesmo após a conclusão sobre a falsificação do laudo, postagens nas redes sociais alegam que o dono da clínica que teria atendido Boulos teria afirmado que o documento é verdadeiro. Isso, no entanto, é falso. A clínica que consta no documento é a Mais Consultas, que está fechada há cerca de três anos. O sócio administrador era Luiz Teixeira da Silva Júnior, que já apareceu ao lado de Pablo Marçal em registros nas redes sociais.
O antigo proprietário da clínica negou envolvimento com a fabricação do laudo. O posicionamento, assinado pela defesa dele, foi publicado após o final do primeiro turno das eleições municipais, que ocorreu no último dia 6. O comunicado afirma que a clínica Mais Consulta nunca prestou atendimento a Boulos. A nota reitera que o médico José Roberto de Souza também não possuiu vínculos com a empresa.
Em nota ao Estadão Verifica, o advogado Marcelo Marcochi, que integra a defesa do empresário, classificou como falsa a alegação de que Luiz Teixeira teria reconhecido a veracidade do laudo. “O Dr. Luiz Teixeira renova os esclarecimentos trazidos a público no dia 6 de outubro, e reforça que o laudo médico que faz referência indevida ao seu nome, e ao nome de sua clínica, é falso”, comunicou. “Reafirmamos que o Sr. Guilherme Boulos jamais foi atendido nas clínicas do Dr. Luiz Teixeira, de sorte que também é falsa a notícia de que ele teria reconhecido a veracidade do documento. A propósito, as autoridades já constataram que se trata de falsificação grosseira”.
Cabe ressaltar que Boulos rechaçou a veracidade do documento e apontou as diversas incoerências do suposto laudo. A defesa de Marçal, por outro lado, disse que a divulgação do receituário forjado está amparado “pelo direito à livre manifestação do pensamento”. Acrescentou que o ex-coach “não fabricou nem manipulou o conteúdo veiculado, limitando-se a divulgá-lo da forma como foi expedido”.
Como lidar com postagens do tipo: distorcer assuntos em evidência para fabricar uma mentira é uma tática comum de desinformação. O laudo falsificado contra Boulos foi um assunto amplamente divulgado pela imprensa. Os diversos indícios de falsificação, inclusive, foram listados por diferentes veículos de comunicação, incluindo o Estadão. É importante buscar a alegação em fontes confiáveis antes de compartilhar uma informação duvidosa.
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