O que estão compartilhando: que uma diretora de escola no Mato Grosso chamou as facções criminosas Comando Vermelho e PCC para assustar alunos que estavam usando drogas na instituição.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: está fora de contexto. O caso não é recente: ocorreu em 2018 em uma escola em Cuiabá (MT). Um homem foi preso e confessou ter gravado as ameaças contra os estudantes, mas negou integrar uma facção criminosa, segundo notícia do G1. À época, o caso foi investigado pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO); procurada pelo Verifica, a Polícia Civil não deu mais informações sobre o inquérito.
Saiba mais: Vídeo compartilhado na rede social X, antigo Twitter, reproduz vídeo que mostra adolescentes ajoelhados em uma quadra escolar, enquanto são repreendidos por homens que se dizem integrantes de facções criminosas. A legenda do vídeo diz: “O BRASIL NÃO É PARA AMADORES: diretora de escola pública convoca o CV e o PCC para pedir que tomem providências sobre o tráfico de maconha na escola por ter crianças especiais e ELES prontamente atenderam o chamado.” Leitores também solicitaram a checagem desse conteúdo através do WhatsApp 11 97683-7490.
As imagens não são atuais; foram gravadas em 2018. O caso foi noticiado pelo portal g1 do Mato Grosso em 13 de março de 2018. A Secretaria de Educação contou que o vídeo foi gravado no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) Professora Almira de Amorim Silva, em Cuiabá. No vídeo, homens ameaçam os jovens caso eles voltem a usar entorpecentes dentro das dependências da escola. No vídeo, há pelo menos duas vozes masculinas conversando com os adolescentes. Eles se identificam como integrantes do grupo criminoso Comando Vermelho (CV).
Em 5 de junho de 2018 uma nova reportagem informou que um homem de 35 anos foi preso como suspeito de ter participado das ameaças aos adolescentes. Ele confessou ter gravado o vídeo com o intuito de assustar os alunos, mas negou ser integrante de alguma facção. O Estadão Verifica entrou em contato com a Polícia Civil do Mato Grosso para obter informações sobre a conclusão do caso, se os adolescentes eram, de fato, alunos da escola e se os suspeitos de gravarem o vídeo foram chamados ao local pela diretora do instituto. O órgão respondeu apenas que “todos os fatos foram objetos de inquérito instaurado pela Polícia Civil e os autores responsabilizados.”
Após o vídeo voltar a circular, internautas reagiram ao conteúdo como se ele fosse atual, e alguns teceram críticas ao governo Lula. “(sic) Meu Deus !! STF e partidos esquerdistas querem liberar as drogas. Vejam qtos jovens usuários, fim da juventude já sabemos; futuros traficantes. O próprio tráfico dizendo qm manda são eles tirando tido poder da PM, MP, até mesmo o judiciário. O país tá fudid0!” escreveu uma usuária.
Como lidar com postagens do tipo: Antes de compartilhar qualquer conteúdo suspeito nas redes, verifique se o assunto é recente. A falta de contexto é um tipo de desinformação comum. Veja abaixo exemplos do que já foi checado pelo Verifica.
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