É falso que Janja e cantor tenham incitado a morte de Bolsonaro em música

Responsável pela música, MC Dourado explicou que gíria paraense significa derrota em uma competição; artista não tem antecedentes criminais

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Por Projeto Comprova
Atualização:

Esta checagem foi produzida por jornalistas da coalizão do Comprova. Leia mais sobre nossa parceria aqui.

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Conteúdo investigadoTuíte do mestre de jiu-jitsu Renzo Gracie, declarado apoiador de Jair Bolsonaro (PL), acusando a socióloga Rosângela da Silva, esposa de Lula (PT), e um suposto criminoso de terem incitado a morte do atual mandatário em um vídeo de dancinha gravado na casa do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). No tuíte, o lutador diz que a letra da música cantada por Janja e Mc Dourado ("agora é sal, Bolsonaro") é sinônimo de "matar".

Onde foi publicado: Twitter.

Conclusão do Comprova: É falso que a socióloga Rosângela da Silva, esposa de Lula (PT), e um suposto criminoso tenham incitado a morte de Jair Bolsonaro (PL) em vídeo de dancinha.

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O dançarino ao lado de Janja, como Rosângela é conhecida, é o funkeiro Wagner Sabino da Silva, baseado no Pará e conhecido como MC Dourado. Ele, que não possui nenhum antecedente criminal, explicou que "agora é sal no Bolsonaro", citada na música do vídeo, é usada, no Pará, para se referir a alguém que perde em uma competição. Outras fontes encontradas pelo Comprova embasam essa afirmação.

O vídeo foi, de fato, gravado na casa do governador Helder Barbalho (MDB), no dia 9 de outubro.

Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.

Alcance da publicação: Até o final da tarde de 24 de outubro, o tuíte investigado havia sido retuitado mais de 5,9 mil vezes e tinha mais de 15,7 mil curtidas e 214 mil views. Gracie, autor da publicação, tem mais de 253,3 mil seguidores. O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais.

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O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou entrar em contato com Renzo Gracie pelo Instagram, visto que ele não aceita mensagem direta no Twitter por parte de quem ele não segue. Entretanto, não houve retorno até a publicação desta checagem.

Como verificamos: Pesquisamos, no Google, pelas expressões-chave "Janja", "Helder Barbalho" e "matar Bolsonaro" para obter informações da dança gravada. Encontramos um artigo de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, republicado no Yahoo News sobre o episódio. Para apurar a inexistência dos antecedentes criminais de MC Dourado, procuramos, no Google, por "MC Dourado", e descobrimos que ele foi candidato a deputado estadual nas eleições gerais deste ano. Na sua página de perfil no portal de candidaturas do TSE, encontramos certidões de antecedentes criminais negativas, que é um documento obrigatório no registro dos candidatos.

"Agora é sal" significa derrota em uma competição

O episódio do vídeo da dança de Janja foi noticiado pela Folha de S. Paulo. O dançarino ao lado de Janja é o funkeiro Wagner Sabino da Silva, baseado no Pará e conhecido como MC Dourado.

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Ele explicou que a gíria "agora é sal no Bolsonaro", citada na música do vídeo, é usada, no Pará, para se referir a alguém que perde em uma competição.

"Aqui, quando um time ganha, a gente fala 'sal' [para o outro], significa que acabou. Então ficou 'sal no Bolsonaro'", disse MC Dourado à Folha.

Outras fontes encontradas pelo Comprova embasam essa afirmação. 

Vídeo de jogadores do Paysandu, time do Pará, no Facebook, e ">">tuíte de torcedor do Remo, outro clube paraense, mostram o uso dessa gíria após vitórias contra adversários em campeonatos de futebol.

Quanto ao local e à data do vídeo, ele foi, de fato, como alegou Gracie no tuíte verificado, gravado na casa do governador Helder Barbalho, em Belém. A gravação é de 9 de outubro.

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MC Dourado não possui antecedentes criminais

No tuíte verificado, Gracie chama MC Dourado de "criminoso confesso". Entretanto, isso também não é verdade.

O funkeiro foi candidato nas eleições gerais deste ano. Ele concorreu a deputado estadual no Pará pelo União Brasil e ficou na suplência.

Na página de perfil dele no portal de candidaturas do TSE, encontramos certidões de antecedentes criminais negativas, que é documento obrigatório no registro dos candidatos.

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Certidão de antecedentes criminais

Certidão de antecedentes criminais

Quem é Renzo Gracie

O autor do tuíte verificado é professor de jiu-jitsu e membro da família Gracie, um dos mais influentes clãs da arte marcial no mundo. Gracie também é apoiador declarado de Jair Bolsonaro, já tendo ameaçado agredir críticos do governo.

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As ligações entre o lutador e a gestão Bolsonaro vão além do apoio. Em dezembro de 2021, Gracie recebeu o então-secretário de Cultura, Mario Frias, em Nova York, para tratar de um "projeto cultural envolvendo produção audiovisual, cultura e esporte". A viagem, que foi oficial, custou R$ 39 mil aos cofres públicos.

Integrantes da família Gracie morando nos Estados Unidos aparecem no Portal da Transparência como beneficiários do auxílio emergencial do governo para a pandemia, como reportou o site de notícias Congresso em Foco.

Por que investigamos: O Comprova investiga conteúdos suspeitos que viralizam nas redes sociais sobre as eleições presidenciais, a realização de obras públicas e a pandemia. A equipe tem como foco as publicações virais, que tiveram grande alcance nas redes sociais e podem confundir a população. No contexto das eleições no Brasil, muitos conteúdos estão sendo divulgados com o objetivo de tumultuar o processo, pois podem influenciar na decisão de eleitores brasileiros. A população deve escolher seus candidatos com base em informações verdadeiras e confiáveis.

Outras checagens sobre o tema: Renzo Gracie, autor da tuíte verificado, é reincidente em disseminar peças de desinformação, em especial com o intuito de promover o seu candidato, Bolsonaro, e atacar seu principal rival, Lula. Envolvendo publicações do mestre de jiu-jitsu, o Comprova já mostrou que post troca local de ato contra Lula para desacreditar pesquisas, que vídeo de abordagem da PM a torcedores do Sport não tem relação com o petista e que é falsa foto de Schwarzenegger com camiseta de apoio a Bolsonaro.

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