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É falso que prefeitura de Muçum (RS) tenha paralisado doações para receber verba do governo Lula

Recolhimento e distribuição de materiais para famílias atingidas pelas enchentes continua normalmente na cidade gaúcha, onde boato foi gravado

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Foto do author Samuel Lima

O que estão compartilhando: que uma prefeitura gaúcha teria paralisado a entrega de doações para os atingidos pelas enchentes no Rio Grande do Sul para receber verba do governo Lula.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. A gravação mostra o trabalho de voluntários em um pavilhão cedido por uma loja de móveis para a prefeitura de Muçum a fim de armazenar roupas, cestas básicas e outros produtos. Ao Estadão Verifica, tanto a prefeitura quanto a empresa desmentiram o relato de que o envio de doações teria sido interrompido.

É falso que prefeitura de Muçum (RS) tenha paralisado doações para receber verba do governo Lula Foto: Reprodução

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Saiba mais: o vídeo analisado nesta checagem foi exibido mais de 110 mil vezes no Instagram. Nele, um homem não identificado que estaria distribuindo materiais para famílias atingidas pelas enchentes diz que “agora parou tudo” devido a uma ordem do município e, indiretamente, do governo Lula. “A prefeitura veio aqui e disse que não pode mais [distribuir os mantimentos] porque senão não consegue mais verba para reconstrução da cidade”, alega.

Nas redes sociais, as pessoas não demoraram a associar o relato a outras duas peças de desinformação que estão circulando nas redes: o vídeo de uma médica veterinária dizendo que as doações teriam sido paralisadas em Lajeado para aguardar fotos com o presidente Lula e a falsa informação do jornalista Alexandre Garcia de que enchentes poderiam ter sido causadas pela abertura das comportas de três pequenas represas.

O Estadão analisou as imagens e identificou caminhões da indústria de móveis Arte Cúbica, cuja sede fica em Muçum, um dos municípios gaúchos que mais sofreram com a tragédia. Com auxílio da plataforma Google Maps, a reportagem encontrou o lugar exato, nas margens da RS-129. Depois, entrou em contato com a prefeitura e a empresa responsável pela área.

“Em nenhum momento houve nenhum tipo de negação de doações por parte do poder público”, declarou o prefeito da cidade, Mateus Trojan (MDB). Ele explicou que a gestão do recebimento e distribuição dos produtos está sendo transferida para a Defensoria Pública e que o relato provavelmente ocorre por uma “mistura de informações” sobre o trabalho de visitação às moradias executado por agentes de saúde, a fim de registrar as necessidades da população.

Funcionários da empresa Arte Cúbica confirmaram que o trabalho de entrega de mantimentos continua ativo, inclusive na área própria cedida para a prefeitura. Eles disseram que não receberam nenhuma ordem de bloqueio ou de cancelamento das entregas, apenas que o processo está passando por mais burocracia neste momento. Eles não souberam identificar o autor do vídeo.

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Defesa Civil orienta sobre prioridades

Nesta segunda-feira, 11 de setembro, a Defesa Civil do Estado publicou nota informando que a principal necessidade de doações neste momento é de produtos e equipamentos de limpeza. Entre os itens de uso pessoal e vestuário, pede fraldas, roupas íntimas, lençóis e cobertores. Houve suspensão temporária no recolhimento de outras peças de roupa e de alimentos perecíveis para preservar a capacidade de armazenamento e distribuição dos demais produtos e evitar desperdícios.

Danos causados pelo ciclone na cidade de Roca Sales, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. Foto: Silvio Avila / AFP

A instituição pede que as doações sejam entregues, preferencialmente, nos armazéns A4, A5 e A6 do Cais do Porto, em Porto Alegre (Av. Mauá, 1050) ou no Parque João Batista Marchese, em Encantado (R. dos Imigrantes, s/nº). Existe ainda a possibilidade de dar valores em dinheiro, por meio de Pix, para a conta “SOS Rio Grande do Sul” (CNPJ 92.958.800/0001-38, do Banrisul).

Tragédia

A catástrofe ambiental ocorreu com a passagem de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul na primeira semana de setembro, provocando tempestades e fortes rajadas de vento. Cerca de 25 mil pessoas ficaram desalojadas e desabrigadas em 93 municípios afetados, principalmente no Vale do Taquari. O número de mortes chegou a 47 nesta terça, 12. Acompanhe a cobertura do Estadão sobre o episódio.

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