O que estão compartilhando: que a Serasa foi condenada a pagar indenização de R$ 30 mil a todas as pessoas que tiveram dados pessoais vazados.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Postagens nas redes sociais forjam notícias para direcionar a um site que coleta dados pessoais. Existe, de fato, um processo contra a Serasa Experian movido pelo Instituto Brasileiro de Defesa da Proteção de Dados Pessoais, Compliance e Segurança da Informação (Instituto Sigilo), com coautoria do Ministério Público Federal (MPF). O processo, contudo, ainda não foi encerrado. Ao Estadão Verifica, o MPF ressaltou que, até o momento, não houve determinação judicial para o pagamento de nenhum valor.
Saiba mais: publicações nas redes sociais forjam matérias de portais de notícias, como UOL e R7, para alegar que a Serasa foi condenada a pagar R$ 30 mil a usuários que tiveram dados confidenciais vazados. “Você sabia que tem direito a até R$30 Mil Reais? Não? Clique em saiba mais agora mesmo e obtenha”, diz a legenda.
Ao clicar em “saiba mais”, o usuário é direcionado a um site que imita o formato do g1, com o título “Ministério Público Federal multa Serasa em R$ 200 milhões e obriga indenização imediata de 2 mil até 30 mil reais para cada usuário com dados vazados”. A página disponibiliza um suposto link da Serasa para consultar a indenização.
Na página direcionada, é solicitado que o usuário preencha o número do CPF. É possível notar que não se trata de um site oficial por diversos elementos, como, por exemplo, o endereço da página. O site oficial da Serasa é serasa.com.br. Além disso, os elementos visuais do site não são clicáveis.
Como já explicou o Estadão Verifica em checagens anteriores, o CPF pode ser usado para criar um cadastro falso de alguém com a finalidade de aplicar golpes. Por isso, o recomendado é não compartilhar dados pessoais em sites duvidosos.
Leia mais checagens
Caso Serasa
O vazamento de dados relacionado à Serasa veio a público em janeiro de 2021. Foram vazados 223 milhões de CPFs de pessoas vivas e mortas, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos, além de informações como nome completo, endereço, imposto de renda, scores de crédito, entre outros.
O Instituto Sigilo, juntamente ao MPF, está processando a Serasa por meio de uma ação civil pública, sob acusação de que a companhia teria comercializado, junto a terceiros, os dados vazados. O processo pede que a empresa seja condenada a pagar uma indenização de R$ 30 mil a cada usuário prejudicado por um possível uso irregular de informações pessoais.
À reportagem, a Serasa alegou que apresentou defesa na ação judicial proposta em fevereiro de 2021. A empresa afirma ter demonstrado “de forma amplamente detalhada a ausência de invasão nos seus sistemas ou de qualquer indício de que o suposto vazamento tivesse tido origem em suas bases de dados”.
Saiba mais
Ao contrário do que alega a peça checada, o processo ainda está em andamento. Consequentemente, até então, não existe nenhuma condenação. “Ainda não houve julgamento dos pedidos de indenização formulados pelo MPF. Ou seja, até o momento, não houve determinação judicial para o pagamento de nenhum valor. Notícias que indiquem o contrário são falsas”, informou o MPF ao Estadão Verifica.
A Serasa reforçou que os sites que prometem indenização são fraudulentos. “Em relação aos anúncios falsos sobre a indenização nas redes sociais, a Serasa Experian verificou que a maioria foi veiculada pelos mesmos perfis, falsos, criados recentemente, muitos já inativos, com poucas ou apenas essa publicação”.
Conforme explicou o E-Investidor, o Instituto Sigilo possui um portal com o objetivo de cadastrar os interessados em receber informações a respeito da ação envolvendo a Serasa. Já para consultar se o seus dados foram vazados, a entidade recomenda que os usuários acessem este formulário e preencham as informações solicitadas.
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