É falso que TV tenha denunciado enterro de caixões vazios em Manaus

Vídeo falso no YouTube atribui à 'Band' suposta reportagem; emissora nega ter veiculado matéria sobre o assunto

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Foto do author Pedro Prata
Atualização:

Leia a versão em espanhol

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Um vídeo falso postado no YouTube acusa a prefeitura de Manaus de enterrar caixões vazios para "causar pânico entre as pessoas do Amazonas". O vídeo credita a emissora Bandeirantes pela denúncia, mas o canal de televisão negou que tenha feito reportagem alguma com esse conteúdo.

"Isto é fake news", disse a emissora por meio de nota. "A Band não exibiu nenhuma reportagem sobre enterros com caixões vazios."

Desde o dia 19, Manaus registra mais de cem sepultamentos diários em seus cemitérios públicos. Foto: Reprodução

A prefeitura de Manaus, responsável pelos cemitérios públicos da cidade, também negou a informação. "A Prefeitura de Manaus informa que não procede a informação que caixões estão sendo enterrados vazios."

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O boato já foi visualizado mais de 30 mil vezes desde 23 de abril e inspirou postagens semelhantes no Facebook. Ele circula num momento em que o Estado do Amazonas se aproxima do colapso na Saúde por conta da pandemia do novo coronavírus.

Com o aumento no número de infectados pela Covid-19, o sistema funerário também sente os efeitos da pandemia. O prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) chegou a ordenar o enterro em sistema de camadas no cemitério público Nossa Senhora Aparecida, mas voltou atrás nesta segunda, 27, após repercussão negativa da medida.

Até agora, permanece o sistema de sepultamento de trincheiras. Neste modelo, abre-se uma grande cova onde os caixões são colocados lado a lado. Diferentemente de uma vala comum, o sepultamento de trincheiras permite preservar a identidade dos corpos e o vínculo das famílias. É este sistema que aparece na imagem reproduzida na notícia falsa.

Desde o dia 19 de abril, os cemitérios públicos de Manaus têm registrado mais de cem enterros diários. A prefeitura divulga relatório diário do número de óbitos por Covid-19, síndrome respiratória ou causas indeterminadas, entre outras.

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O boato afirma ainda que a Polícia Federal investigaria o caso. A PF não informa quais investigações estão em andamento e a suposta abertura de investigação não foi anunciada em seus meios de comunicação oficiais.

Agência Lupa, Boatos.OrgObservador (Portugal) também checaram esse boato.

Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook  é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas:  apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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Versão em espanhol

Texto traduzido pelo LatamChequea, grupo colaborativo que reúne dezenas de fact-checkers da América Latina no combate à desinformação relacionada ao novo coronavírus.

Es falso que canal haya denunciado entierros de cajones vacíos en Manaos

Un video falso subido a YouTube acusa a la alcaldía de Manaos de enterrar cajones vacíos para "causar pánico en la gente de Amazonas". El video señala a la emisora Bandeirantes como autora de la denuncia, pero el canal de televisión negó que haya hecho algún artículo con ese contenido.

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"Esto es falso", dijo la emisora por medio de una nota. "La Band no mostró ningún material sobre entierros con cajones vacíos".

La alcaldía de Manaos, responsable de los cementerios públicos de la ciudad, también negó esa información. "La Alcaldía de Manaos informa que no procede la información que se están enterrando cajones vacíos".

El rumor fue visualizado más de 30.000 veces desde el 23 de abril e inspiró publicaciones similares en Facebook. Está circulando en un momento en el que el Estado de Amazonas se acerca al colapso en Salud debido a la pandemia del nuevo coronavirus.

Con el aumento del número de infectados por Covid-19, el sistema fúnebre también siente los efectos de la pandemia. El alcalde Arthur Virgílio Neto (PSDB) llegó a ordenar los entierros en un sistema de capas en el cementerio público Nossa Senhora Aparecida, pero este lunes, 27, retrocedió debido a la repercusión negativa de la medida.

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Hasta ahora, permanece el sistema de sepultura de tipo trinchera. En este modelo, se abre un gran pozo en donde los cajones son colocados uno al lado del otro. A diferencia de una fosa común, la sepultura de tipo trincheras permite preservar la identidad de los cuerpos y el vínculo de las familias. Este es el sistema que aparece en la imagen reproducida en la noticia falsa.

Desde el 19 de abril, los cementerios públicos de Manaos registraron más de cien entierros diarios. La alcaldía difunde un informe diario del número de fallecimientos por Covid-19, síndrome respiratorio o causas indeterminadas, entre otras.

El rumor afirma también que la Policía Federal investigaría el caso. La PF no informa cuáles son las investigaciones que están en curso y la supuesta apertura de la investigación no fue anunciada en sus medios de comunicación oficiales.

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