Postagens nas redes sociais resgatam uma entrevista antiga, de 2020, com o empresário Elon Musk para dizer que ele não teria se vacinado contra a covid-19 e que não deixaria a família se imunizar. Embora tenha dito na época que não pretendia tomar a vacina, recentemente o bilionário afirmou que ele e seus filhos na faixa etária elegível já estão imunizados contra o coronavírus.
Algumas das postagens que afirmam que Musk não teria se vacinado têm link para uma entrevista concedida ao jornal New York Times, em setembro de 2020. Em conversa para o podcast da jornalista Kara Swisher, Elon Musk disse que não se vacinaria contra a covid-19 porque não está no grupo de risco para a doença grave e nem seus filhos. Na ocasião, nenhum imunizante contra o coronavírus havia sido autorizado ainda.
Abaixo está a transcrição deste trecho. A versão completa, em inglês, pode ser acessada aqui.
KARA SWISHER: Você vai tomar a vacina? O que você fará com a sua família?
ELON MUSK: Não.
KARA SWISHER: Você não vai se vacinar. Por quê?
ELON MUSK: Eu não estou no grupo de risco para covid-19, nem meus filhos.
KARA SWISHER: Então você não vai se vacinar.
ELON MUSK: Não.
Em entrevista à revista Time, logo após ser eleito 'Pessoa do Ano', em dezembro de 2021, Elon Musk voltou ao assunto. Dessa vez, disse ter se imunizado e também levado seus filhos elegíveis para tomar a vacina. "A ciência é inequívoca", falou. No momento da entrevista, centenas de milhões de doses de três imunizantes diferentes já haviam sido aplicadas nos Estados Unidos.
Com uma fortuna de US$ 200 bilhões, Musk é o homem mais rico do mundo. Ele está à frente de empresas como a Tesla e a SpaceX, especializadas em carros elétricos e veículos espaciais.
O bilionário já menosprezou a gravidade da covid-19 e teve postura cética com relação às vacinas. Também é contra o passaporte vacinal e a exigência da imunização por algumas empresas. "Eu acho que temos de lutar contra a erosão da liberdade na América", falou à revista Time.
Os posts com a alegação de que ele estaria se recusando a se imunizar foram feitos uma semana após ele dar a entrevista na qual afirmava já ter tomado a vacina. Conteúdos enganosos sobre o coronavírus são nocivos porque tiram a confiança da população na vacinação, considerada a principal estratégia para superar a pandemia de coronavírus e salvar vidas.
O Estadão Verifica já mostrou que um vídeo alarmista, gravado por um cientista que se diz inventor das vacinas de mRNA, continha alegações infundadas sobre a vacinação infantil. Também desmentimos que a variante Ômicron causasse sintomas graves e seria uma invenção para esconder eventos adversos graves das vacinas.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.
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