O que estão compartilhando: que o próximo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, afirmou que considera a alta do dólar artificial e que não enxerga o cenário econômico com preocupação. As publicações atribuem a ele a seguinte fala: “A meta é fazer a moeda estadunidense retornar aos R$ 5,00 ainda em 2025″.
O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. Não há registro de que Gabriel Galípolo tenha dito as frases que circulam nas redes sociais. A agenda pública do diretor de Política Monetária do BC mostra que na terça e na quarta-feira ele participou de compromissos em Brasília fechados à imprensa. Na segunda, Galípolo estava em São Paulo, em outro encontro fechado. Portanto, não teve oportunidade de dar declarações públicas sobre a cotação recorde do dólar; além disso, não há registro de entrevistas do futuro presidente do BC em veículos de imprensa confiáveis.
O Banco Central não publicou posiciononamento oficial sobre o boato, mas informou aos sites CNN e Investidor10 que as declarações atribuídas a Galípolo são “fake news”. O Verifica procurou o BC, mas não teve retorno.
Saiba mais: na terça, 17, o dólar chegou à marca inédita de R$ 6,20. Após este anúncio, um perfil anônimo no X começou a publicar frases atribuídas a Galípolo, que viralizaram. A conta já foi deletada, mas prints da postagem continuam sendo compartilhados por outros usuários e em outras redes sociais, como o Instagram.
Pesquisas feitas pela reportagem não identificaram qualquer registro de que Gabriel Galípolo tenha feito comentários sobre a alta do dólar. Atual diretor de Política Monetária do Banco Central, o economista foi indicado para a presidência do Banco Central pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e assumirá o cargo em 2025. Após sabatina, o nome dele foi aprovado em outubro pelo Senado, por 66 votos a 5.
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Conforme noticiado por diferentes veículos de comunicação, as postagens com declarações falsas de Galípolo podem ter contribuído com a variação do dólar ao longo do dia ao criar um clima de desconfiança no mercado financeiro.
Em comentário na edição de terça do programa GloboNews em Pauta, a jornalista Flávia Oliveira afirmou que as declarações falsas atribuídas a Galípolo podem ser alvo de investigação por suspeita de manipulação do mercado financeiro. O assunto também foi abordado por Record News, CNN Brasil e Uol.
Como noticiou o Estadão, ao final desta terça o dólar fechou em alta de 0,04%%, a R$ 6,0961. Essa foi a quarta alta consecutiva e marcou cotação recorde em três décadas do real. O Banco Central vem fazendo leilões da moeda americana à vista em uma intervenção para tentar reduzir a cotação.
As causas da alta do dólar são, segundo analistas, a demanda por divisas típica de fim de ano e o temor de desidratação do pacote fiscal no Congresso.
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