É falso áudio em que homem relata ter visto corpo de bebê flutuando em Canoas (RS)

Secretaria de Segurança Pública, Corpo de Bombeiros e Departamento Médico Legal do Rio Grande do Sul negaram ter registro de morte de recém-nascido em meio às chuvas que atingiram o Sul; autor do conteúdo disse que situação é verdadeira, mas não apresentou evidências

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Foto do author Ariel Freitas
Atualização:

Atualizado em 8 de maio para incluir declaração do homem que se identificou como autor do áudio.

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Atualizado em 13 de maio para incluir a informação de que a notícia da morte de um bebê em Canoas, confirmada no dia 12, não tem relação com o áudio.

Aviso: o texto contém descrição de uma cena perturbadora.

O que estão compartilhando: áudio em que homem diz estar resgatando com um barco vítimas das chuvas em Canoas, no Rio Grande do Sul. Ele relata que retirou três crianças de uma zona alagada e que uma delas pediu para pegar uma “boneca” no meio da água. O homem afirma que percebeu que era o corpo de um bebê boiando.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: não há qualquer evidência de que esse relato seja verdadeiro. A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul (SSP-RS) afirmou que o conteúdo divulgado é falso e informou não ter registrado qualquer ocorrência do corpo de uma criança boiando. O Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul (CBMRS) desmentiu o conteúdo e comunicou não ter encontrado corpos flutuando na cidade. O Departamento Médico Legal (DML) gaúcho confirmou não ter registro da morte de um recém-nascido até a terça-feira, 7. O prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PSD), também negou relatos de cadáveres boiando na cidade.

Atualização (8 de maio): Nesta quarta-feira, 8, o Estadão Verifica conseguiu contato com o homem que se identifica como autor do áudio. Ele afirmou que o relato é verdadeiro, mas não apresentou evidências que comprovassem sua veracidade. Ele contou que estava em um barco no bairro Mathias Velho com dois amigos e três crianças, mas não soube informar o nome de nenhum deles. O homem disse não ter entrado em contato com a Defesa Civil ou com os Bombeiros sobre a criança morta. Também relatou não ter feito imagens da cena que descreve no áudio.

No sábado passado, 5, uma mulher postou um vídeo no Instagram em que afirma ter sido a primeira pessoa a ter recebido o áudio. Ela diz que o conteúdo teria sido enviado a ela no dia 4 de maio. A mulher também diz que o relato é verdadeiro, mas não apresenta outras provas.

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Atualização (13 de maio): Neste domingo, 12, uma família de Canoas confirmou a morte de um bebê que caiu na água durante resgate no bairro Harmonia. Agnes da Silva Vicente, de sete meses, estava desaparecida desde o dia 4. A advogada que representa a família, Cláudia Troleiz, descartou a possibilidade de a vítima ser a mesma que foi descrita no áudio. De acordo com ela, a família saiu de casa depois da divulgação do áudio, na noite do no dia 4.

É falso áudio que relata resgate de bebê morto em Canoas Foto: Reprodução/Facebook

Saiba mais: O áudio falso teve grande repercussão nas redes sociais. No TikTok, foram 27,9 mil compartilhamentos. No Facebook, 486 mil visualizações. No WhatsApp, leitores pediram a checagem no número do Estadão Verifica, (11) 97683-7490.

O Estadão Verifica desmentiu postagens que afirmavam existir “centenas de corpos” boiando em Canoas. O prefeito da cidade, Jairo Jorge (PSD), informou em coletiva de imprensa no dia 6 de maio que duas mortes relacionadas à crise climática foram confirmadas. Em entrevista à GaúchaZH, Jorge disse que os boatos sobre centenas de corpos boiando são falsos e acrescentou que as equipes de salvamento não viram essa situação.

“Conversamos com o pessoal que está nos barcos, e essa informação não foi vista. Nenhuma das pessoas que estão fazendo o salvamento, que nós contatamos, confirma essas informações”, afirmou.

O último balanço da Defesa Civil do RS, divulgado nesta terça, registra 90 mortes e 132 desaparecidos na tragédia climática que atingiu o Estado. O número de cidades e pessoas atingidas aumentou desde a segunda-feira, 6. Antes. eram de 345 municípios e 850 mil pessoas afetadas; agora, são 397 cidades e 1.367.506 moradores.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul alertou que há um grande número de conteúdos enganosos circulando nas redes sociais. Isso dificulta o trabalho de busca e resgate dos agentes, que precisam lidar com um cenário ainda mais conturbado e de pânico, segundo a Secretaria.

A SSP recomendou acompanhar os canais oficiais de comunicação do Governo do Rio Grande do Sul e dos municípios que foram atingidos.

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Veja abaixo checagens publicadas pelo Estadão Verifica sobre a tragédia no Rio Grande do Sul.

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