O que estão compartilhando: que a Food and Drug Administration (FDA), órgão dos EUA responsável pelo controle de medicamentos e procedimentos médicos, aprovou o dispositivo Blindsight, da Neuralink, para restaurar a visão de pessoas cegas.
O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é enganoso. A Neuralink recebeu a aprovação da FDA para avançar com o desenvolvimento do implante Blindsight. O projeto da empresa está em fase inicial e, de acordo com o CEO da companhia, Elon Musk, a primeira versão terá baixa resolução — “como os gráficos do (videogame) Atari”. Em resposta ao Estadão, a FDA confirmou a classificação do Blindsight como um “dispositivo inovador” e a liberação para o desenvolvimento do produto. No entanto, o órgão destacou que isso “não garante a segurança ou eficiência” do produto e que este não pode ser comercializado para fins médicos. Vale ressaltar que cientistas contestaram alegações de Musk sobre o implante cerebral.
Saiba mais: como confirmam reportagens da imprensa (CNN, Itatiaia, Reuters, O Globo), o Blindsight é um projeto da Neuralink, empresa de tecnologia dedicada ao estudo da implementação de eletrodos em cérebros humanos. A proposta é que o dispositivo restaure a visão de pessoas cegas que perderam os olhos ou o nervo óptico, a partir de um implante conectado a parte do cérebro responsável pela visão.
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De acordo com Musk, a primeira versão terá resolução baixa, mas deve cumprir o objetivo de devolver a visão às pessoas. O projeto ainda está em fase inicial, porém funcionou em testes realizados em macacos. Ainda não há previsão de lançamento para o produto.
Segundo o empresário, o implante poderia até mesmo “exceder” a visão humana normal. Mas cientistas da Universidade de Washington (UW) contestam essa alegação. Em estudo publicado na Scientific Reports, os pesquisadores apresentaram simulações usando o mesmo modelo do Blindsight e descobriram que o dispositivo não poderia alcançar a qualidade de visão citada por Musk.
A FDA concedeu ao Blindsight a classificação de “Dispositivo Inovador”. Isso não significa que a Neuralink tenha encontrado a cura para a cegueira. Em resposta ao Estadão, a FDA explicou que para conceder essa designação é avaliado — apenas — se a tecnologia pode “proporcionar um tratamento ou diagnóstico mais eficaz em relação aos padrões de cuidado atuais nos EUA” para uma condição irreversível ou ameaçadora à vida. O órgão não assegura a eficiência e a segurança do dispositivo, nem liberou sua comercialização.
Como lidar com postagens do tipo: suspeite de postagens que anunciam curas milagrosas ou soluções fáceis para problemas difíceis. Antes de acreditar, faça uma busca por reportagens da imprensa profissional para verificar as informações.
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