É falso que filho de Lula foi preso no Paraguai com entorpecentes

Boato usa foto de miliciano morto em 2020 para dizer que se trata de Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha

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Foto do author Pedro Prata
Atualização:

É falso que um dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, tenha sido preso no Paraguai com “32 kg de pasta base de cocaína”. Essa alegação é compartilhada nas redes sociais juntamente com uma suposta foto de Fábio, conhecido como Lulinha. Na verdade, a imagem é de Adriano Magalhães da Nóbrega, miliciano morto na Bahia, em 2020.

Foto compartilhada nas redes sociais mostra o miliciano Adriano da Nóbrega, e não um dos filhos de Lula. Foto: Reprodução

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A postagem parece ter sido tirada do portal de notícias G1. Antes de compartilhar um conteúdo assim, é preciso procurar a notícia no site oficial. Conteúdos de desinformação podem imitar o visual de sites de imprensa para se passarem por conteúdo confiável. Ao procurar pela suposta notícia no Google com as palavras-chave “filho Lula preso Paraguai”, é possível ver que ela não foi publicada pelo G1 e nenhum outro veículo de imprensa.

O Estadão Verifica fez uma busca reversa na imagem para identificar a pessoa retratada (veja aqui como fazer). O resultado da pesquisa mostra que o homem não é Lulinha, mas Adriano Magalhães da Nóbrega, morto pela Polícia Militar da Bahia, em 2020. Ele era apontado como o líder da milícia Escritório do Crime, responsável por muitas mortes no Rio de Janeiro.

A busca reversa mostra outras vezes em que uma imagem foi publicada antes de ser usada em um boato. Foto: Google/Reprodução

Lulinha foi investigado na Operação Lava Jato por suspeitas de propinas pagas pela Oi/Telemar a empresas de sua propriedade. Em janeiro de 2022, a Justiça Federal arquivou a investigação depois que o Supremo Tribunal Federal determinou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro. Não existe investigação ou denúncia pública de envolvimento do filho de Lula com o tráfico de drogas.

É importante ter uma leitura crítica de postagens feitas na internet que não sejam provenientes da imprensa profissional. Comentários deixados na postagem mostram que algumas pessoas acreditam se tratar de uma informação verdadeira. Uma escreveu que “A cadeia é o lugar do pai e do filho”, enquanto outra desejou: “Tomara que seja verdade.”

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Este conteúdo também foi checado por Lupa e Boatos.org.

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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