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Fim de planos com WhatsApp ilimitado não tem relação com governo Lula

Vídeo tira de contexto reportagem sobre decisões comerciais de operadoras telefônicas; autor da postagem, vereador Rubinho Nunes não respondeu ao contato

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Atualização:

O que estão compartilhando: vídeo no Instagram com título “Lula bloqueia WhatsApp” diz que “o governo Lula quer acabar com seu WhatsApp”. O conteúdo diz que as operadoras telefônicas pararam de oferecer planos ilimitados de acesso a dados e internet.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é falso. O vídeo distorce uma reportagem do SBT sobre o fim de planos com uso ilimitado de redes sociais. Na realidade, o texto original não menciona o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou qualquer medida do governo federal. Segundo a reportagem do SBT, o fim do “WhatsApp ilimitado” tem relação com questões comerciais, não regulatórias.

O autor do vídeo é o vereador de São Paulo Rubinho Nunes (União Brasil). O Estadão Verifica tentou contato com a assessoria do político, mas não obteve retorno.

Vídeo distorce uma matéria sobre o fim dos planos ilimitados de operadoras telefônicas para uso de aplicativos selecionados sem cobrança de dados Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: O vídeo cita uma reportagem que fala sobre o fim do zero rating, os planos de dados com acesso ilimitado a determinadas redes sociais e aplicativos, como o WhatsApp. O texto do SBT destaca que acabar com esse tipo de plano tem relação com questões comerciais, e não com questões regulatórias. Essa observação não está no vídeo verificado.

Procurada pelo Verifica, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que os acordos de zero rating são firmados de livre vontade entre as prestadoras de serviços de telecomunicações e as plataformas digitais, conforme seus respectivos planos de negócios. São “acordos envolvendo empresas privadas em um mercado em regime privado”, comunicou a agência.

O Estadão mostrou em outubro de 2023 que a quantidade de dados que os aplicativos incluídos nos planos ilimitados movimentam deu um salto com a popularização do 4G. Isso se tornou um problema para as operadoras de telefonia que ofereciam acesso a esses apps de forma gratuita. Como a maior parte do tráfego vem de seis a sete empresas de tecnologia, as operadoras pressionavam as big techs a pagarem pelo uso das redes.

Vídeo tira de contexto trecho de reportagem sobre denúncia do MPF

O autor do vídeo afirma que o governo Lula quer acabar com o WhatsApp e “é mais um ataque brutal às redes sociais e à liberdade de expressão”. “Tudo começou com um ataque à concorrência desleal”, diz o vídeo, mostrando um trecho da reportagem do SBT. O trecho em questão fala de uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) de 2017, sem relação com o governo atual. Além disso, o vídeo omite que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) não concordou com o MPF.

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O trecho destacado no vídeo informa: “O Ministério Público Federal (MPF) denunciou as empresas que praticam a estratégia (de Zero Rating) ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e, em 2017, foi feita uma investigação por suposta distorção no mercado de plataformas digitais”. O parágrafo seguinte do texto do SBT é omitido: “O Cade entendeu que a prática não feria o mercado, contrariando a denúncia do MPF”.

O argumento para a denúncia do MPF era o de que a prática de zero rating feria a neutralidade da rede, prevista no Marco Civil da Internet, por privilegiar certos aplicativos. O Cade discordou e pontuou que os planos não ferem o direito de escolha do consumidor.

Como lidar com postagens desse tipo: O conteúdo verificado aqui engana ao tirar de contexto o conteúdo de uma reportagem. Em um determinado ponto do vídeo, aparece um parágrafo da notícia em questão. Para encontrar a reportagem original, basta escrever o trecho na barra de pesquisa do Google e clicar no texto correspondente. Vale ainda comparar a cobertura do mesmo assunto em mais veículos de imprensa.

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