É falso que ativista em foto com Alexandre de Moraes seja homem que se sentou em cadeira do STF

Vídeo que circula nas redes sociais mente ao ligar empreendedor Raull Santiago a atos antidemocráticos; invasor do Supremo foi identificado como Fábio Alexandre de Oliveira

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Foto do author Gabriel Belic
Atualização:

Não é verdade que o ativista e empreendedor Raull Santiago seja o homem que foi filmado sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), durante atos golpistas do dia 8 de janeiro. O homem na gravação é, na verdade, o mecânico Fábio Alexandre de Oliveira.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram o registro de um homem sentado “na cadeira de Xandão” e, em sequência, expõem fotos de Raull Santiago ao lado do ministro Alexandre de Moraes e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As postagens mentem ao afirmar que Santiago é o invasor e que o ativista agiu como um “infiltrado da esquerda” nos ataques bolsonaristas ocorridos em janeiro.

É falso que ativista em foto com Moraes seja homem que se sentou em cadeira do STF Foto: Arte/Estadão

Uma reportagem do Fantástico veiculada no dia 15 de janeiro identificou o golpista como Fábio Alexandre de Oliveira, mecânico de 43 anos. De acordo com a matéria, Fábio estava acompanhado do amigo Erlon Ferrite, que gravou o vídeo. Oliveira foi preso no dia 17 de março em Penápolis, interior de São Paulo, no âmbito da oitava fase da Operação Lesa Pátria. Ele é apontado como um dos homens que lideraram caravanas do interior paulista para Brasília.

Quem é o homem da foto com Lula e Alexandre de Moraes?

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Raull Santiago é ativista social, influenciador, fundador de coletivos e morador do Complexo do Alemão. Não é a primeira vez que ele se torna alvo de desinformação. Um dia após os atos golpistas, no dia 9 de janeiro, o empreendedor fez uma declaração nas suas redes sociais para desmentir que esteve em Brasília. “A nova fake é que eu estava no DF, ontem, infiltrado e promovendo o ataque terrorista”, escreveu. Ele afirmou que, na data, estava na favela recebendo uma ONG de São Paulo.

A imagem do ativista também foi utilizada enganosamente para tentar estabelecer uma ligação entre o Judiciário e facções criminosas. No WhatsApp, a foto do ministro Alexandre de Moraes ao lado de Raull e de outros dois líderes comunitários, Preto Zezé e Rene Silva, foi divulgada para afirmar que o magistrado estaria com “chefões do PCC”. Rene usa um boné com as letras CPX.

Como já mostrou o Estadão Verifica, os quatro se encontraram no Itamaraty, em recepção após a cerimônia de posse de Lula em Brasília. As letras estampadas no boné de Rene foram falsamente associadas ao tráfico depois que Lula visitou o Complexo do Alemão durante a campanha eleitoral de 2022 e vestiu o mesmo acessório com a inscrição. Na realidade, “CPX” é uma abreviação para “complexo”, palavra que designa um conjunto de favelas.

Este boato também foi checado pelo UOL Confere, Aos Fatos, Fato ou Fake, Agência Lupa e Reuters Fact Check

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Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.

Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.

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