Selfie compartilhada com denúncia de fraude na Venezuela não foi feita por funcionário eleitoral

Iniciativas de checagem venezuelanas descobriram que a foto foi publicada por um chefe da rede estatal de alimentos; homem não é membro do conselho eleitoral que declarou vitória de Maduro; não há confirmação sobre o que mostram gráficos que aparecem ao fundo da imagem

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Foto do author Giovana Frioli
Atualização:

O que estão compartilhando: que um trabalhador encarregado da contagem dos votos nas eleições da Venezuela publicou uma selfie do centro de informática na qual é possível ver em painéis a derrota de Nicolas Maduro em vários Estados do país.

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O Estadão Verifica checou e concluiu que: é enganoso porque o homem que aparece na foto é Rubén Flores, chefe do Mercado de Alimentos (Mercal) do Estado de Aragua, uma rede estatal de comida, na Venezuela. Segundo o veículo independente venezuelano Efecto Cocuyo, ele não é funcionário do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão responsável pelo sistema eleitoral. A Cazadores de Fake News, outra organização venezuelana que combate desinformação, descobriu que a foto foi publicada na rede social de Flores. No fundo da imagem, é possível ver a bandeira do mercado. Não há informações sobre o que se tratam os gráficos que aparecem na imagem.

Vale ressaltar que a votação foi marcada por relatos de intimidação de eleitores e suspeitas de fraude. O Brasil e observadores internacionais pediram a divulgação dos resultados por local de votação. A oposição contesta os dados divulgados pelo chavismo e afirma que venceu com mais de 70% dos votos.

Foto com denúncia de suposta fraude na Venezuela não foi publicada por funcionário eleitoral Foto: Foto

Saiba mais: O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, controlado pelo chavismo, divulgou neste domingo, 28, que Nicolas Maduro foi reeleito presidente. Depois disso, passou a circular nas redes postagens que afirmam que um membro do CNE publicou uma foto em que é possível ver gráficos que mostram a derrota de Maduro. Porém, a imagem não foi compartilhada por funcionário do órgão eleitoral, e sim por um chefe da rede estatal de comercialização de alimentos, segundo veículos de mídia independente do país.

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Uma verificação da Cazadores de Fake News descobriu que a foto foi publicada pelo usuário Rubén Flores em um story do Instagram na noite do domingo, 28, e que ficou disponível até a segunda-feira de manhã. O homem é identificado como chefe do Mercal do Estado de Aragua, uma rede estatal de comercialização de comida criada por Hugo Chávez.

Segundo o jornal independente Efecto Cocuyo, Flores não é funcionário do CNE. Com ajuda da ferramenta WayBack Machine, que arquiva páginas da internet, a reportagem consultou o nome das autoridades do sistema eleitoral e não encontrou o chefe do mercado na lista de membros. O site oficial do Conselho da Venezuela não está mais disponível.

Em uma nota publicada pelo veículo argentino Clarín, em 21 de abril, Rubén Flores é identificado como gerente do Mercal e aparece com as mesmas roupas de suas fotos no perfil nas redes sociais. No X e Instagram, o homem também se descreve como chefe da rede de alimentos e apoia o governo de Maduro.

No post original, é possível ver a logo do Mercal em uma bandeira ao fundo da imagem. Flores também marcou a governadora de Aragua, Karina Carpio, o presidente Maduro e Cilia Flores, esposa do presidente, na foto. Até o momento, não há informações sobre o significado dos gráficos circulares em azul e vermelho que aparecem na imagem.

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Como publicou o Estadão, observadores internacionais aguardam pela publicação das atas das urnas para atestar o resultado das eleições. A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, disse nesta segunda-feira, 29, ter provas de que que o candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia, é o presidente eleito do país e que a ditadura de Maduro fraudou o resultado da eleição. Segundo ela, os militantes da oposição que trabalhavam como fiscais de urna conseguiram atas de quase 73% das sessões eleitorais.

Como lidar com posts do tipo: As eleições da Venezuela foram marcadas por relatos de intimidação e acusações de fraude pela oposição. Neste contexto, conteúdos passaram a compartilhar informações não confirmadas sobre o pleito nas redes sociais. Tenha cautela antes de confiar em publicações e pesquise por reportagens na imprensa profissional e iniciativas de checagem. O Estadão Verifica já publicou que gráfico em que soma de porcentuais de candidatos na Venezuela dá 132% foi erro de emissora estatal.

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