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É falso que servidor da saúde de SP tenha enfartado após tomar vacina bivalente contra covid

Funcionário da Sucen foi levado a unidade de saúde antes do início da aplicação do reforço bivalente na cidade, já recebeu alta e se recupera em casa; última dose de vacina recebida por ele foi em novembro de 2021

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Foto do author Clarissa Pacheco
Atualização:

É falso que um funcionário da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) no município de Nhandeara (SP) tenha sido internado em estado grave na UTI do Hospital de Base de São José do Rio Preto após tomar o reforço bivalente da vacina contra a covid-19. O servidor, chamado Vitório, sofreu um enfarte no sábado, 4, antes mesmo de o município iniciar a aplicação do reforço, na última segunda-feira, 6. Ele não chegou a tomar vacina recentemente contra a covid. A última dose foi aplicada em novembro de 2021, segundo dados oficiais da plataforma VaciVida, do Governo do Estado de São Paulo.

Vacinação com reforço bivalente começou a ser aplicada no Brasil no dia 27 de fevereiro Foto: Leo Souza/Estadão.

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A informação falsa, que circula em um áudio que viralizou no WhatsApp, chegou a comprometer negativamente a vacinação em Nhandeara, segundo o Departamento Municipal de Saúde, que emitiu uma nota negando qualquer relação entre o quadro de saúde do funcionário e a imunização. “O servidor em questão apresentou um quadro de mal-estar evoluindo para o diagnóstico de infarto, contudo não relacionado a qualquer vacinação, tampouco à vacina de covid-19, uma vez que o mesmo não foi vacinado recentemente contra a doença”, diz a nota.

Leitores do Estadão Verifica pediram a checagem deste conteúdo por meio do WhatsApp, no número (11) 97683-7490. No áudio que circula pela rede, um homem afirma que Vitório passou mal logo depois de tomar a vacina “que o Lula fez a propaganda”, se referindo ao reforço bivalente da Pfizer contra a covid-19. A voz do áudio acrescenta que depois de passar o dia todo com um mal-estar, o servidor foi para o Hospital de Base de São José do Rio Preto, onde ficou na UTI, o que também não é verdade.

Além de negar a relação entre o quadro clínico do paciente e a vacina contra a covid, a Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo (SES) afirmou que o servidor não passou pela unidade de saúde de São José do Rio Preto e foi atendido, na verdade, na Santa Casa de Votuporanga, cidade a 35 quilômetros de Nhandeara. O Departamento Municipal de Saúde de Nhandeara confirmou a internação na unidade.

Nesta segunda-feira, 6, o homem, que não teve o nome completo divulgado, já tinha recebido alta e se recuperava em casa. “O servidor que foi acometido pelo infarto encontra-se em sua residência, recuperando-se do ocorrido. Está bem, lúcido e com os sinais vitais preservados”, diz nota do Departamento Municipal de Saúde de Nhandeara.

O diretor municipal de saúde da cidade, Rafael Benini, disse que Vitório é agente de endemias e que está afastado do trabalho por recomendações médicas. “Está lúcido, conversando normalmente, movimentando-se também, apenas afastado do trabalho por recomendação médica até o período de repouso exigido ser cumprido”, disse. Ele acrescentou que a vacina mais recente recebida por Vitório foi contra a meningite C, mas não se sabe de qualquer relação entre a vacinação e o quadro e saúde dele.

Reforço com a bivalente

O reforço com a dose bivalente da vacina contra a covid-19 começou a ser aplicado no Brasil no dia 27 de fevereiro, inicialmente em um público alvo mais restrito: segundo o Ministério da Saúde, na primeira fase serão vacinados idosos acima de 70 anos, pessoas imunocomprometidas, funcionários e pessoas que vivem em instituições permanentes, indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Nas próximas fases serão vacinadas pessoas entre 60 e 69 anos, as pessoas com deficiência permanente, os trabalhadores da saúde, gestantes e puérperas e a população privada de liberdade.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem 77 anos, foi vacinado no dia 27 de fevereiro em uma unidade de saúde de Brasília (DF), no lançamento do Movimento Nacional pela Vacinação. Quem aplicou a dose foi o vice-presidente, Geraldo Alckmin, que é médico.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula recebeu a vacina bivalente da Pfizer contra o vírus da covid-19, aplicada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, em unidade de saúde no bairro Guará, em Brasília, no dia 27 de fevereiro. FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO Foto: WILTON JUNIOR

A aplicação da vacina foi aprovada em novembro do ano passado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Fabricada pela Pfizer, a vacina bivalente protege contra a cepa original do vírus e contra as cepas BA.1 e BA.4/BA.5 da Ômicron. Segundo a Anvisa, todas as vacinas aprovadas têm dados positivos de eficácia e segurança e as principais reações adversas vistas nos testes clínicos foram leves, como dor no local da aplicação.

A Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo lamentou que a desinformação sobre vacinas tenha mais uma vez ganhado espaço entre a população. “As vacinas, mais do que ter a eficácia comprovada cientificamente, impactaram diretamente na redução dos casos e óbitos em São Paulo e em todo Brasil”, diz nota.

Os dados sobre vacinação em São Paulo mostra o impacto da imunização na pandemia. “Nos picos da pandemia, antes da vacinação abranger toda população, o Estado de São Paulo chegou a registrar, em média móvel dos últimos 7 dias, 17.933 casos e 890,14 óbitos. Atualmente, a média móvel para casos é de 2.495 (redução de 86%) e 14,43 óbitos nos últimos sete dias (redução de 98%), mostrando verdadeiramente a eficácia das vacinas contra a covid-19. Até esta segunda-feira (6), São Paulo já aplicou mais de 129,7 milhões de doses contra covid-19″, conclui a nota.

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