PUBLICIDADE

Furacão Milton não fez rota ‘quase sobrenatural’ mostrada em postagem no Instagram

Animação exibe furacão subindo pela Costa Leste dos Estados Unidos; na verdade, a tempestade atravessou a península da Flórida e se dissipou no Oceano Atlântico

PUBLICIDADE

Por Flavio Lobo

O que estão compartilhando: animação no Instagram mostra a suposta “estranha rota, quase sobrenatural” do Furacão Milton. Na rota exibida na publicação, depois de chegar pelo Golfo do México à região da cidade de Tampa, na costa oeste da Flórida, o furacão ruma para o norte e depois para nordeste, avançando sobre os estados da Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso. Na verdade, como mostram mapas e animações publicados pela imprensa, depois de atingir Tampa, o furacão Milton manteve seu rumo em direção ao leste. Ele atravessou a península da Flórida e se dissipou no Oceano Atlântico.

 Foto: Reprodução/Instagram

Saiba mais: O post investigado foi publicado no Instagram no último dia 8 de outubro e já soma mais de 72 mil curtidas na rede social.

Trajetória e impactos do furacão Milton

PUBLICIDADE

O furacão Milton formou-se nos primeiros dias de outubro, na região da baía de Campeche, no sudoeste do Golfo do México. No dia 5, já rumando na direção do leste, foi identificado como “tempestade tropical Milton”. No dia 7, o Milton se tornou um furacão categoria 5 — classificação dos maiores furacões, com ventos acima de 250 km/h — e sua força e trajetória indicavam risco de impactos catastróficos no estado da Flórida. Diante da possibilidade de ventos devastadores e enchentes acima dos 4 metros de altura, houve evacuação da população de vários municípios do estado.

O olho do furacão atingiu o território dos EUA, entrando pela costa oeste da Flórida, na região da cidade de Tampa, na noite de 9 de outubro, com ventos em torno de 190 km/h (categoria 3). No dia 10, o furacão atravessou a península da Flórida perdendo força e, já como um furacão categoria 1, continuou a sua trajetória na direção leste, sobre o Oceano Atlântico, tornando-se, em seguida, uma tempestade subtropical.

Gráfico mostra trajetória do furacão Milton, que entrou nos Estados Unidos pela Costa Oeste da Flórida. Imagem: Reprodução/National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) Foto: Reprodução/National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA)

Apesar de seus impactos terem causado pelo menos 16 mortes, enchentes, destruição e interrupção do fornecimento de energia elétrica e água para milhões de pessoas, as previsões de cenários mais catastróficos não aconteceram. Mesmo só tendo avançado diretamente sobre a Flórida, a passagem do Milton pelo Golfo do México também provocou impactos moderados no México, nas Bahamas e em Cuba.

Milton surpreendeu pelo rápido crescimento

Diferentemente do que alega a animação publicada no Instagram, o que surpreendeu os especialistas em relação ao furacão Milton não foi a trajetória, mas a inédita rapidez com que ele se intensificou. Sua transformação de uma tempestade tropical em um dos mais poderosos furacões já registrados - ocorrida entre os dias 6 e 7 de outubro - é classificada como “explosiva”. Esse fenômeno, inclusive, reacendeu a discussão sobre a possibilidade de se estabelecer um novo patamar máximo de classificação — categoria 6 — para assinalar os furacões mais potentes e perigosos.

Publicidade

Outro marco histórico foi o fato de que, apenas duas semanas antes do Milton, outro grande furacão havia se intensificado com muita rapidez. Formado no Mar do Caribe, o Helene subiu pelo Golfo do México e atingiu os EUA em 26 de setembro, causando cerca de 200 mortes e vastos danos nos estados da Flórida, Geórgia, Carolina do Sul e Carolina do Norte.

A força e os “saltos” de potência do Helene e do Milton são mais evidências de que as mudanças que estão em curso no planeta aumentam a frequência e o potencial destrutivo de fenômenos climáticos extremos. No caso dos furacões, uma mudança especialmente perigosa é o aumento das temperaturas na superfície do mar.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.