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É falso que Gleisi Hoffmann tenha dito que seca no Nordeste é ‘cultural’ e ‘não deve ser destruída’

Declaração falsamente atribuída à presidente do PT circula na internet desde 2019 e foi criada por conta forjada, que usa indevidamente foto e nome da jornalista Mônica Bergamo

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Foto do author Giovana Frioli

O que estão compartilhando: que a jornalista Mônica Bergamo teria publicado no X (antigo Twitter) que a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a seca do Nordeste “não deve ser destruída” por ser “cultural” e “quase um patrimônio”. Além disso, o Partido dos Trabalhadores teria entrado com uma liminar para anular um projeto do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Israel para acabar com a falta de água na região.

O Estadão Verifica checou e concluiu que: é falso porque a publicação foi feita por um perfil forjado, que usa indevidamente o nome de Bergamo. Não há nenhum registro de declaração como essa da deputada. O conteúdo circula desde 2019 na internet e, na época, foi desmentido por Gleisi e pelo PT. A imagem editada também contém um erro no nome da jornalista, que alertou para golpes usando sua foto. Não foram encontradas liminares do PT contra um projeto de dessalinização anunciado por Bolsonaro em 2018.

É falso que Gleisi Hoffmann disse que a seca no Nordeste é ‘cultural’ e ‘não deve ser destruída’ Foto: Reprodução/Redes Sociais

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Saiba mais: Publicações nas redes sociais usam o tuíte de uma conta forjada, que usa a foto e o nome de Mônica Bergamo, para afirmar que a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a “seca no Nordeste é cultural, quase um patrimônio e não deve ser destruída”. O conteúdo é falso e foi desmentido no X (antigo Twitter) por Mônica e Gleisi em 2019.

Quando o conteúdo circulou pela primeira vez, em janeiro daquele ano, Gleisi negou em sua rede social ter dado qualquer declaração como essa à jornalista da Folha de S. Paulo. O PT publicou uma nota dizendo que era uma “fake news” e que a captura de tela era uma montagem. Bergamo também se pronunciou no X sobre o caso e afirmou que usaram sua foto e nome para “disseminar informações falsas” e “enganar pessoas”.

Ao analisar a captura de tela, é possível conferir que a mensagem foi compartilhada por um perfil que contém um erro no sobrenome da jornalista. Foi escrito “Bengamo”, ao invés de “Bergamo”, a grafia correta. Também não há o selo de verificado, que a colunista tem em sua conta oficial.

Gleisi criticou projeto de dessalinização, mas não há registro de liminar do PT

No dia 25 de dezembro de 2018, poucos dias antes da peça de desinformação circular pela primeira vez, o ex-presidente Bolsonaro havia anunciado que o astronauta Marcos Pontes, futuro ministro da Ciência e Tecnologia na época, iria a Israel para visitar instalações de dessalinização de água, em busca de mitigar a seca no Nordeste. A proposta foi criticada por Gleisi no mesmo dia, que chamou a atenção para a diferença de tamanho entre o país e a região brasileira, e disse que empresas israelenses não teriam “conhecimento da nossa realidade”.

Diferentemente do que alega o post, não há nenhuma menção a qualquer liminar para impedir o uso de tecnologias para o combate da seca nas falas da deputada federal. O Estadão Verifica não encontrou qualquer registro de que o PT tenha tentado barrar a parceria. Em seu site, o partido ainda afirmou, naquele ano, que não houve pedido judicial e disse que o projeto “anunciado como novidade pelo novo governo não é novidade no sertão e existe em centenas de comunidades do semiárido por iniciativa dos governos petistas”.

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O Projeto Comprova noticiou, em 2021, o governo brasileiro recebeu de uma empresa israelense, a Watergen, onze máquinas que produzem água potável a partir da umidade do ar em 2019. O anúncio foi feito logo após Pontes voltar da viagem que havia feito ao país do Oriente Médio, como havia previsto Bolsonaro.

Como explicou o UOL, houve uma repercussão negativa quando o ex-presidente anunciou a ida do ministro à Israel para buscar tecnologias de dessanilização, já que milhares de equipamentos do tipo funcionam há anos no Brasil em locais onde há falta crônica de água. Após as críticas, o ministério manteve a agenda no país israelense, mas abriu um “cadastro de soluções tecnológicas” para conhecer as empresas que tratam sobre a seca no Brasil.

A Agência Lupa, Aos Fatos e AFP Checamos também verificaram conteúdos semelhantes.

Como lidar com posts do tipo: É comum que conteúdos desinformativos antigos voltem a circular na internet. Antes de acreditar, pesquise por palavras-chaves relacionadas ao tema para encontrar a suposta declaração ou notícias da imprensa profissional que repercutam a fala. Em uma busca rápida, conseguimos encontrar que a mensagem já havia sido desmentida há anos.

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