Governo Lula não transferiu R$ 84 mi do Bolsa Família para a Secom; notícia é de 2020

Vídeo publicado no YouTube tira de contexto reportagem antiga veiculada no ‘Jornal Nacional’, da TV Globo; portaria com transferência de recursos foi revogada

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O que estão compartilhando: notícia de que o governo federal transferiu quase R$ 84 milhões do Bolsa Família para a Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto. Vídeo publicado no YouTube atribui informação apresentada no Jornal Nacional à gestão do presidente Lula.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. É de 2020 a notícia de que o governo federal transferiu R$ 83,9 milhões do Bolsa Família para a comunicação institucional do Palácio do Planalto. Naquele ano, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, uma portaria assinada em junho pelo então secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, havia autorizado a transferência da quantia que estava prevista para a região Nordeste do País. Os recursos seriam utilizados em ações de comunicação institucional, como campanhas publicitárias educativas, mas o governo recuou e revogou a portaria no mesmo mês.

Notícia sobre a retirada de recursos do Bolsa Família é de 2020 e não tem relação com o governo Lula Foto: Reprodução/ YouTube

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Saiba mais: publicado no YouTube no último sábado, 4, o vídeo verificado distorce uma notícia antiga para atribuir ao governo Lula a retirada de recursos do programa Bolsa Família para destinar à Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência (Secom). A gravação utiliza uma imagem do Jornal Nacional com os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos, e sobrepõe o áudio da notícia que foi ao ar no dia 4 de junho de 2020 (aqui).

Conforme mostrou o Estadão (aqui), à época, a justificativa para a realocação dos recursos foi de que a maior parte das famílias inscritas no Bolsa Família recebeu o auxílio emergencial de R$ 600 do governo, pago durante a pandemia de covid-19. Como não poderiam acumular benefícios, o repasse do dinheiro para estas pessoas foi suspenso, o que teria gerado a sobra de recursos.

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A reportagem informa que ainda havia uma fila de 430 mil famílias esperando para entrar no programa. A medida foi criticada no Congresso por envolver dinheiro que seria destinado à população de baixa renda, além de ter sido autorizada durante a pandemia, período em que muitas famílias ficaram sem dinheiro.

Dias após a publicação da portaria que autorizou a transferência dos R$ 83,9 milhões, o governo recuou e revogou a medida em portaria assinada no dia 9 de junho.

Postagens que distorceram a notícia de 2020 também foram verificadas por Aos Fatos, Lupa e Reuters Fact Check.

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