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Checamos a sabatina ‘Eldorado’ com Guilherme Boulos; veja o resultado

Candidato do PSOL errou dados sobre subsídio e frota de ônibus

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Foto do author Luciana Marschall
Atualização:

O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos participou nesta terça-feira, 3, da sabatina da rádio Eldorado. O Estadão Verifica, núcleo de checagem de fatos do Estadão, analisou as alegações feitas pelo deputado federal. Foram consideradas apenas afirmações factuais, como números, datas, comparações de grandeza e outras. Após a apuração, atribuímos as etiquetas “falso”, “enganoso”, “exagerado”, “subestimado”, “impreciso”, “falta contexto” e “verdadeiro”.

Esta checagem foi atualizada às 15h11 para incluir as respostas do candidato às checagens. Veja abaixo o resultado.

O candidato à Prefeitura de São Paulo e deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) participou nesta terça-feira, 3, da sabatina realizada pela Rádio Eldorado. Foto: Werther Santana/Estadão

Subsídios a empresas de ônibus

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O que Boulos disse: que os subsídios para empresas de ônibus praticamente dobraram nos últimos três ou quatro anos, e que a frota diminuiu 20%.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é exagerado. Em nota ao Verifica, a SPTrans informou que, para o ano de 2024, a Lei Orçamentária Anual (LOA) aprovou o valor de R$ 5,6 bilhões para subsídios para as empresas de ônibus. De acordo com dados divulgados pelo g1, em 2020 o valor registrado foi de R$ 3,3 bilhões, enquanto em 2021 foi R$ 3,4 bilhões. Ou seja, embora o valor tenha crescido, não chegou ao dobro, como disse Boulos. A SPTrans afirma que o congelamento da tarifa em R$ 4,40 desde janeiro de 2020, a elevação do preço dos custos de operação e as gratuidades oferecidas pela prefeitura justificam a alta dos desembolsos municipais.

Em relação à frota de coletivos, o número diminuiu, comparando julho de 2024 e julho de 2021, de 13.948 para 13.261. A diminuição, portanto, seria de 4,9%. É possível que o candidato se referisse à queda de 20% no número de viagens realizadas por semana pelos ônibus entre julho de 2019 e julho de 2023. Dados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) mostram que a redução faz com que a população tenha de esperar mais tempo e enfrentar maior lotação dentro dos veículos.

Outro lado: a assessoria afirmou que “o candidato não disse ‘dobrou’, mas que ‘praticamente’ ou ‘quase dobrou’”. De acordo com a equipe de campanha, a fonte da informação dita pelo candidato é a notícia veiculada pelo Diário dos Transportes de que a Prefeitura havia executado R$ 3,29 bilhões e empenhado R$ 5,11 bilhões do total previsto para 2024.

Efetivo da GCM

O que Boulos disse: que a Guarda Civil Metropolitana (GCM) de São Paulo tem efetivo menor que a do Rio de Janeiro, cidade que tem metade da população.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. A Guarda Municipal do Rio (GM-Rio) tem 7.202 guardas municipais, mais do que a GCM de São Paulo, que tem 7.039 agentes, segundo dados divulgados pela prefeitura em maio deste ano. O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, aponta que a população da cidade do Rio de Janeiro é de 6.211.223 pessoas, enquanto a capital paulista tem 11.451.999 habitantes.

Gastos em propaganda

O que Boulos disse: que o atual prefeito gastou R$ 600 milhões na “máquina de propaganda”.

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é verdadeiro. De acordo com o Portal Dados Abertos, da Prefeitura de São Paulo, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) gastou um total de R$ 604.588.722,77 em publicidade, do segundo semestre de 2021 ao primeiro semestre de 2024.

Veja dados por período:

1º semestre 2024 - R$ 135.999.090,81

2º semestre 2023 - R$ 122.795.049,78

1º semestre 2023 - R$ 88.865.881,96

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2º semestre 2022 - R$ 95.817.194,73

1º semestre 2022 - R$ 83.477.872,47

2º semestre 2021 - R$ 77.633.633,02

Total: R$ 604.588.722,77

Sabesp

O que Boulos disse: que mais de 80% da população de São Paulo avaliava de forma positiva o serviço da Sabesp e que a empresa dá lucro.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é verdadeiro. Uma pesquisa de satisfação divulgada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) indicou que o índice geral de satisfação da população paulistana com a Sabesp é de 80%. No segundo trimestre deste ano, a Sabesp apurou um lucro líquido de R$ 1,21 bilhão, alta de 63% em relação ao mesmo período do ano passado. O balanço reflete as operações da companhia ainda como estatal, já que a privatização foi concluída em julho.

Crescimento no Datafolha

O que Boulos disse: que, na última pesquisa Datafolha, ele cresceu 4 pontos percentuais entre as pessoas com menos de dois salários mínimos. Na pesquisa espontânea, o crescimento foi de 3 pontos.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto. De fato, na pesquisa mais recente, que ouviu paulistanos entre 20 e 21 de agosto, Boulos registrou 18% das intenções de voto entre a população que ganha até dois salários mínimos. Na pesquisa anterior, do início do mês, ele tinha marcado 14%. No levantamento espontâneo, em que eleitores dizem o nome do candidato sem que o entrevistador sugira um nome, ele saiu de 6% para 9% nesse mesmo segmento.

Porém, é preciso ressaltar que a margem de erro geral da pesquisa é de 3 pontos percentuais e, entre a amostra dos eleitores que ganham até 2 salários mínimos, a margem de erro é de 5 pontos percentuais. Isso ocorre porque o número de entrevistados desse segmento é menor. Portanto, não é possível afirmar com certeza que Boulos cresceu de uma pesquisa para outra no eleitorado mais pobre, pois a diferença nos números está dentro da margem de erro.

Outro lado: conforme a assessoria, as pesquisas Datafolha divulgadas em agosto apontaram alta de 4 pontos percentuais, número exato citado pelo candidato, para a faixa de renda até 2 salários mínimos e que é natural o uso do verbo “crescer” para o senso comum.

Preço de velórios

O que Boulos disse: que os preços dos velórios aumentaram em média quatro vezes após a concessão dos cemitérios municipais.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é impreciso, mas próximo da realidade. O velório mais simples, disponível para quem não tem direito a benefícios sociais, teve salto de cerca de 400%. O valor era de R$ 299,85 antes da concessão e subiu para R$ 1.443,74. Ou seja, o preço atual é 4,8 vezes maior que o anterior.

Outro lado: a assessoria alegou que a declaração aborda a ordem de grandeza de maneira adequada porque o dado varia de acordo com o serviço. A campanha cita a variação de 400% informada pela Folha de S.Paulo, um levantamento do Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias no Município de São Paulo (Sindsep) que fala em 300% e um conteúdo do Uol indicando que há serviços que ficaram acima de 10 vezes mais caros.

Tempo médio na fila de exames

O que Boulos disse: que tem gente há um ano na fila de exame em São Paulo.

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O Estadão Verifica investigou e concluiu que: falta contexto, porque o candidato omite o tempo médio de fila para realização de exames na rede municipal de São Paulo. De acordo com reportagem do g1, publicada em junho de 2023, a Prefeitura informou um tempo médio de espera de 45 dias. Se a fila for muito grande, a espera média pode chegar a 60 dias. Não foi possível confirmar se há alguma pessoa que aguarde na fila há mais de um ano.

Teto do funcionalismo

O que Boulos disse: que São Paulo gasta cerca de 30% da receita líquida com pessoal, muito menos do que o permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (60%)

O Estadão Verifica apurou e concluiu que: é verdadeiro. Segundo o Portal da Transparência da Prefeitura de São Paulo, o gasto com despesas de pessoal e encargos sociais atingiu a cifra de R$ 36,4 bilhões no ano de 2023. Em 2024, foram R$ 26,8 bilhões.

De março de 2023 a abril de 2024, a Receita Corrente Líquida (RCL) do município foi de R$ 87,5 bilhões. Considerando os gastos com pessoal em 2024, o valor corresponde a 30,6% da RCL. Já considerando a despesa com pessoal em 2023, o valor corresponde a 41,5% da RCL. A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2020, estabelece que a despesa total com pessoal nos municípios da federação não pode exceder 60% da receita corrente líquida.

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